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Carro 'Caça-Fantasmas' faz sucesso em ruas de Curitiba

O Ford Fairlane Wagon 1959 que foi transformado em um Ecto-1 - Arquivo pessoal
O Ford Fairlane Wagon 1959 que foi transformado em um Ecto-1 Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

21/10/2022 04h00Atualizada em 21/10/2022 13h49

Eternizado pelo cinema, o carro do "Os Caça-Fantasmas' tem feito sucesso desde 1984. No Brasil, uma versão do Ecto-1 tem chamado a atenção no Sul do país.

O proprietário do veículo diferentão é o Rassan Issa Andrade, 50. Ele estava trabalhando em uma casa de show em Curitiba, quando viu um Ford Fairlane Wagon 1959 branco inspirado no filme passando na rua. O veículo chamou atenção do comerciante, que dias depois encontrou novamente o automóvel nas ruas da capital paranaense, desta vez, estacionado. Rassan, que na época também trabalhava com venda de veículos, decidiu conversar com o dono e fazer uma proposta. O negócio deu certo e, 21 anos depois, agora é ele quem dirige o Ecto-1 pela cidade.

Ao UOL, Rassan contou que na época, em 2001, ficou impressionado com a estrutura do veículo "Era um carro muito raro. É diferente de tudo o que se pode imaginar. Às vezes, o pessoal passa com Porsche, BMW, mas esse é diferenciado", disse ele.

O veículo remonta o Ectomóvel — ou Ecto-1 — uma viatura de emergência que os integrantes do "Caça-Fantasmas" utilizam na franquia dos filmes. O modelo original, no entanto, era da Cadillac. Ainda assim, o Ford tem muitas semelhanças, não apenas no formato, mas também na caracterização: além dos adesivos, o carro conta com um giroflex amarelo na parte frontal.

"Na época, eu parei o dono e perguntei se ele tinha interesse em fazer negócio. Ele disse que também tinha um Mustang e que tinha que escolher um dos dois, porque não cabia na garagem. Eu sempre fui doido por carro antigo, então não tive dúvidas e fechamos negócio". Rassan conta que pagou pelo Ford com um Escort XR3 conversível e uma quantia em dinheiro, que ele não se recorda o valor.

"Eu andava com ele para lá e para cá. Era um negócio que livrava qualquer um do estresse porque todo mundo passava brincando, acenando."

Apesar de ter se apaixonado pelo carro, o comerciante diz que não é um fanático pela franquia, lançada pela primeira vez em 1984. "Eu assistia na época em que eu era mais criança, adolescente. Mas o que chamou atenção mesmo era porque era um negócio diferente. Eu via ele à noite com o giroflex acesso e me encantava", confessa.

Ainda que as marcas do tempo tenham deteriorado um pouco a lataria, o proprietário diz que pretende deixar o veículo do jeito que é, sem grandes restaurações. "Recentemente, um senhor parou e começou a reclamar da lataria, dizendo que estava muito danificada. Eu até pensei sobre uma reforma, mas acabei desistindo quando saiu o último filme dos 'caça-fantasmas' e o veículo também era de época, desgastado. Eu pensei: 'se original está desse jeito, eu não vou mexer no meu'", diz ele.

carro - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
O veículo tem um giroflex amarelo, em referência ao carro original
Imagem: Arquivo pessoal

Por questões pessoais e financeiras, há alguns anos Rassan teve que diminuir as aparições nas ruas com o automóvel porque, segundo ele, o custo para mantê-lo na ativa era alto. "Eu acabei encostando o carro porque ele gasta muito, é pesado. Ou eu resolvia as minhas coisas, ou andava com o carro. Então eu deixei ele na garagem, mas sempre fazendo a manutenção", conta. Apesar disso, o Ford não se aposentou por completo e ainda é possível vê-lo rodando pelas ruas curitibanas.

"Uma vez, logo quando eu comprei, eu passei em frente a um hotel de classe alta e tinha uma noiva fazendo fotos. Ela pegou e fez com a mão para eu parar o carro. Eu parei, ela encostou e falou: 'Pelo amor de Deus, como é que eu nunca te vi?'. Ela disse que se soubesse, teria me contratado para as fotos, e isso me deu ideia de utilizá-lo para outras coisas."

Rassan diz que foi com o carro para animar aniversários, já fez aparições com ele em confraternizações e até mesmo já usou o veículo para chamar atenção para vender artigos na rua. "Eu não divulgo, mas se me pedem, eu faço".

Xodó

Demonstrando apego ao veículo, Rassan já recebeu ofertas para a venda do carro algumas vezes. No entanto, nenhuma foi exitosa. Uma delas foi uma oferta de um amigo, que queria trocar um imóvel em Jaraguá do Sul (SC), avaliado em R$ 80 mil, pelo carro. "Naquela época, eu não tinha muitos compromissos, não tinha filho, não me pareceu uma oferta atrativa", conta Rassan.

carro - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Rassan já recebeu propostas sobre o veículo, mas negou ambas
Imagem: Arquivo pessoal

A outra, por sua vez, foi para um colecionador de carros. A oferta do comprador chamou atenção de Rassan, mas ele desistiu de vender o veículo ao dirigir pelo centro da cidade quando algo inesperado aconteceu. "O homem era de Joinville (SC). Eu ainda trabalhava com venda de veículos e ele entrou na loja perguntando: 'De quem é aquela coisa esquisita ali?'. Eu fiquei muito bravo, mas fiquei quieto. Ele pediu para dar uma olhada e disse que queria fazer negócio."

Os dois começaram as tratativas para a venda, mas um dia, enquanto fazia a última volta com o carro no centro da cidade, algo fez ele mudar de ideia. "Quando eu entrei em uma rua próximo ao Palácio da Avenida, eu liguei o giroflex, porque já estava anoitecendo, e eu lembro que todo mundo virou, ficou de costas para o Palácio e aplaudiu o carro, filmaram ele. Daí eu desisti de vender. Cheguei em casa e comecei a pensar como que eu ia encerrar o negócio com o homem", conta Rassan, que conseguiu posteriormente cancelar a venda.

Hoje, o comerciante, que tem um Opala herdado do pai e uma caminhonete, principal veículo de trabalho, diz que não descarta a possibilidade de vender a réplica do Ecto-1, mas que para se desfazer do xodó, a oferta tem que ser generosa. "Não vendo por menos de R$ 500 mil", afirma ele.