O sigilo é uma importante ferramenta de segurança, além de uma questão política. Nós o vemos presente tanto na esfera pública, quanto na privada. Dentro do assunto dos carros, as informações de extrema relevância para as fabricantes asseguram a execução dos seus planos internos e externos. Ainda que existam ocasiões em que é extremamente importante ser transparente, alguns dados não podem vazar de jeito nenhum.
Reflexos muito comuns do sigilo são observados enquanto um carro está em desenvolvimento, antes e durante os lançamentos, bem como em relação a problemas de projeto, processos de fusão com outras empresas, demissões e fechamento de fábricas, até mesmo casos que contrariam as leis. Tudo o que pode, precocemente, cair nas mãos da concorrência e dos próprios clientes, pode gerar grandes prejuízos para as marcas.
O problema é que, em praticamente todos os exemplos que separamos, o consumidor é afetado de alguma forma. Informação é extremamente valiosa para quem quer trocar de carro, bem como para garantir tranquilidade quanto ao pós-venda, aos planos de revisões e à preservação do valor do carro, que é sempre um patrimônio valioso.
O UOL Carros reuniu casos comuns e/ou mais gritantes para ilustrar essas questões tão delicadas dentro do setor automotivo.
Há bons exemplos práticos dentro do assunto. Um deles é a frustração de quando compramos um carro zero quilômetro e, pouco tempo depois, a marca anuncia que o modelo novo está para chegar. Na grande maioria dos casos, a fabricante já sabia disso há um bom tempo. A sensação de enganação é ruim para o relacionamento da marca com os clientes, mas, para ela, pior ainda é não vender o que restou do estoque antigo.
Outro exemplo é quando detalhes dos projetos e/ou de mercado caem nas mãos das concorrentes. Informações tanto podem ser utilizadas para impulsionar as vendas e o relacionamento com o mercado consumidor, quanto serem valiosas para rivais com potencial de atravessarem os planos.
E quando a montadora deixa de operar e/ou fabricar em um país? Este está entre os casos mais extremos. Uma notícia como essa desencoraja fortemente o cliente que pretende comprar um carro dela, além de causar temor entre funcionários e investidores. A fim de amenizar ao máximo os danos à imagem da empresa, tudo tem que estar muito bem definido internamente, antes de anunciar oficialmente.
Talvez o pior dos casos é a tentativa de acobertar decisões que extrapolam as regras. Exemplos clássicos disso são o "Dieselgate" e as empresas envolvidas na Operação Zelotes, deflagrada pela Polícia Federal em 2015, que investigou várias empresas (incluindo montadoras) pelo pagamento de propinas a membros do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).
Se fechar fábricas e demitir funcionários já afetam a imagem da empresa (que é um dos principais patrimônios, se não o maior), escândalos ainda maiores, como esses de corrupção, podem chegar a destruí-la por completo.
Quando bem-vista, a marca vende bem, fideliza bastante, recebe investimentos e, por fim, cresce. Quando se queima, acontece tudo no sentido contrário, e em uma velocidade muito maior. É como diz Warren Buffett, empresário que está entre as pessoas mais ricas do mundo: "São necessários 20 anos para construir uma reputação e apenas cinco minutos para destruí-la".
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