Topo

Escola do grau ensina manobra polêmica e dá aula até para policiais em SP

Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Carolina Barros Lopes

Do UOL em São Paulo (SP)

04/11/2022 04h00

A polêmica manobra de empinar a moto com as rodas traseiras, conhecida como "grau", tem se popularizado em ruas brasileiras e em vídeos nas redes sociais. Proibida segundo as leis de trânsito, já chamou atenção de autoridades e até de facções criminosas, com faixas prometendo punir adeptos. E agora chegou a outro nível: ganhou uma espécie de "autoescola" que ensina interessados a realizar as acrobacias.

Ex-instrutor de trânsito, Rodrigo Buzulini foi o responsável por criar a "Escola do Grau". A empresa não é cadastrada como Centro de Formação de Condutores (CFC) ou cadastrada no Detran. Ela se denomina como um serviço privado que não se responsabiliza pela prática de seus alunos em vias públicas.

Para Buzulini, o "wheeling", nome que denomina a manobra como esporte, tornou-se muito comum e atingiu diversos públicos, inclusive quem costuma combater esse tipo de prática no trabalho.

"Já tive alunos policiais, é comum virem aqui para aprender a dar grau. Eles sabem que tem que empinar em um lugar seguro, por isso vêm para descontrair", afirma o instrutor. "O Brasil não é o país do futebol, é o país do grau".

Para passar seus conhecimentos, Rodrigo desenvolveu um método de ensino com uma máquina criada por ele mesmo. "O equipamento de grau é muito caro, por isso fiz um projeto com adaptações. Criei um modelo mais pesado para não ter o risco do aluno cair enquanto empina e modifiquei a estrutura para o motoqueiro não prender o pé".

No Brasil, empinar a moto em via pública é considerado infração de trânsito, de acordo com o Art. 244 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro). Recentemente, as cidades de Belo Horizonte (MG) e Araucária (PR) aprovaram a lei que permite o grau apenas em locais fechados.

No dia a dia, porém, é comum encontrar motociclistas realizando as manobras nas ruas. O próprio dono da escola admite que, quando tinha 19 anos, praticava o grau de forma irresponsável. "Fazia a manobra de uma forma maluca, descontrolada. Aprendi na raça e por isso que criei a escola, para que as pessoas não aprendam na rua 'o grau doido'".

A Escola do Grau já tem dois anos de funcionamento. Buzulini conta que a má fama da prática já causou dificuldades, entre elas problemas com a fiscalização da prefeitura.

"Várias vezes já bateram na porta da escola cobrando documentação, mas sempre tivemos tudo regularizado. Temos reclamações de vizinhos, de seguidores. Vivem comentando no nosso perfil do Instagram coisas negativas. Inclusive disseram que estamos criando fugitivos da polícia", lamenta.

Apesar das críticas à prática do grau, o negócio de Buzulini está em processo de expansão. A Escola do Grau tem atualmente quatro unidades no estado de São Paulo, localizadas em Osasco, Mogi das Cruzes, Sorocaba e Guarulhos. A intenção agora é abrir escolas em outros estados.

"Semana passada eu estava no Rio para escolher um espaço para a nova unidade. Fui visitar a chamada 'Rua do Grau'. Lá a PM [Polícia Militar] passa por lá e não fala nada, é liberado", diz Rodrigo.

Quer ler mais sobre o mundo automotivo e conversar com a gente a respeito? Participe do nosso grupo no Facebook! Um lugar para discussão, informação e troca de experiências entre os amantes de carros. Você também pode acompanhar a nossa cobertura no Instagram de UOL Carros.