Como economias porcas com carros levam motoristas a grandes prejuízos
Poupar dinheiro é sempre muito importante, mas tem economias que não valem a pena. Na hora de reparar o carro, o medo dos gastos leva muitos à crença de que basta fazer o mínimo para que o orçamento saia pelo menor preço possível. Como manutenção de veículo é algo que não costuma aceitar desaforo, é importante que clientes e oficinas tomem muito cuidado com os atalhos.
A busca pelos caminhos mais fáceis se relaciona muito com três aspectos quando falamos de reparação. O primeiro é não entender que a manutenção preventiva é sempre mais simples e menos custosa do que a corretiva. Quando se faz "vista grossa" na hora de identificar ou encarar um problema, um grande passo é dado na direção errada.
O segundo é quando se opta por resolver apenas parte do problema. De repente, o carro apresenta um defeito que, ao trocar uma peça mais central, os sintomas amenizam ou desaparecem. Isso gera uma falsa sensação de solução, pois componentes correlacionados, que também deveriam ter sido trocados (mas não foram) vão "dar uma rasteira" mais cedo ou mais tarde.
Outro exemplo comum, e que chega a ser até mais perverso, é a escolha pelas peças mais baratas. Algumas podem até entregar o nível mínimo de qualidade para que o carro funcione e dure razoavelmente. Só que é melhor não contar com a sorte.
Apesar de algumas diferenças, o que todos esses casos têm em comum? Ao mesmo tempo em que todos eles são frutos de decisões que, em um primeiro momento, servem para poupar dinheiro, podem facilmente levar à recorrência e/ou ao agravamento dos sintomas iniciais. Ou seja, é sempre o implacável "barato que sai caro" que nos ensina duras lições.
Alexandre Barros Pinho, proprietário da oficina mecânica e funilaria WTC Express, confirma que é comum se deparar com casos em que o cliente só se preocupa com o caminho mais barato. E cita alguns exemplos.
"Além da troca da peça desgastada, faz parte da manutenção o cuidado com tudo aquilo que está relacionado a ela. Podemos citar os clientes que aceitam trocar a correia dentada, mas não o seu tensor. Isso pode levar ao rompimento da correia e ao colapso do motor, após perder o seu sincronismo", afirma Alexandre.
"Ou quando é preciso reparar o amortecedor, mas o dono nega a troca do batente superior, algo que prejudica a durabilidade da peça nova, gera barulho e deixa o próprio cliente insatisfeito. Bem comum também é recebermos autorização apenas para substituir as pastilhas de freios, quando os discos também já estão deteriorados. Sem o reparo correto, o carro irá continuar com a frenagem deficiente", complementa.
Isso quando não tratamos de exemplos ainda mais banais quando o assunto é economia 'porca'. "Ruim também é quando só podemos trocar o óleo, mas somos obrigados a manter o filtro antigo no lugar", lembra o especialista. Esse caso pode ser facilmente comparado com alguém que toma banho, mas prefere vestir a mesma roupa que já estava usando anteriormente.
Casos mais delicados também podem ocorrer, como lembra Barros: "já tive clientes que trouxeram peças que apresentaram defeitos. Vira uma daquelas ocasiões em que não podemos oferecer garantia sobre o que não selecionamos para o reparo. Pelos riscos que situações como essas podem trazer, para ambas as partes, podemos chegar até a negar algum tipo de serviço".
Talvez o ápice da economia esteja no seguinte relato do especialista: "outro exemplo é quando desmontamos o câmbio para trocar a embreagem, mas também encontramos problemas como vazamento no retentor ou coxim avariado (ou vice-versa). Acontece de o cliente não autorizar a troca dos componentes adicionais, mesmo com a mão de obra já inclusa. Por outro lado, quando decidir por finalmente trocá-los, será cobrado de novo pelo tempo de serviço".
Carros são máquinas que exigem cuidados muito maiores do que somente trocar o óleo, abastecer o tanque e calibrar os pneus. O bom dono sempre tem que ter registro do que (e quando) foi feito na oficina. Com isso em ordem, a vida será mais fácil na hora que o primeiro problema aparecer. E sem as economias porcas, o dono do carro não irá "morrer na praia".
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