Golpes no trânsito: truques de assaltantes para motorista virar alvo fácil
Criminosos têm as suas táticas para assaltar motoristas em pleno trânsito, com o objetivo de levar o carro e outros pertences das vítimas. Via de regra, bandidos buscam o fator surpresa para facilitar a abordagem e correr o menor risco possível durante assaltos.
Vamos mostrar a seguir os golpes mais comuns que os assaltantes têm adotado contra condutores de veículos. Além disso, confira dicas para reduzir o risco de assaltos e sequestros enquanto você está ao volante.
"Não existe fórmula mágica, mas técnicas preventivas e planejamento mínimo ajudam você a ficar menos vulnerável a roubos e assaltos", destaca o policial federal e instrutor de defesa pessoal Fábio Henriques.
De acordo com o especialista, é possível antever a possibilidade de ataques para não ser pego de surpresa. Se mesmo assim acontecer a abordagem criminosa, a regra de ouro é nunca reagir.
"Quanto mais cedo você identificar a iminência de uma crise, mais opções terá para evitá-la. Contudo, em caso de assalto, a orientação é entregar os bens materiais sem discutir. A prioridade é sair ileso da situação".
Golpe da falsa batida
Essa estratégia frequentemente aparece no noticiário: criminosos batem de propósito contra um veículo, geralmente em local deserto, para fazer o motorista abrir a porta e deixar o carro, a fim de verificar os danos.
Na verdade, o falso acidente serve para deixar a vítima vulnerável ao ataque, que pode ser assalto ou até sequestro-relâmpago, durante o qual o cidadão é mantido refém, enquanto os criminosos fazem saques de contas bancárias ou transferências de dinheiro para as respectivas contas.
Foi o que fizeram bandidos em julho passado, quando bateram na traseira do carro conduzido por uma mulher na Zona Sul da capital paulista.
Ela desceu e logo foi rendida, quando teve início um sequestro. Testemunhas acionaram a polícia, que iniciou perseguição ao veículo e resgatou a vítima.
Caso semelhante aconteceu em Várzea Grande (MT) no mês seguinte, quando outra motorista teve a traseira do seu veículo abalroada. Assim que ela abriu a porta, foi agarrada por um assaltante, que, diante da resistência, acabou levando apenas o automóvel.
De acordo com Raphael Pereira, professor de direito penal e processos e especialista em segurança pública, esse golpe vem sendo aplicado com mais frequência. Ele explica que o ataque não é limitado a uma colisão provocada.
"Pode ser um casal apoiado no seu carro quando você estaciona, alguém disfarçado de trabalhador. Não existe mais o estereótipo do bandido, hoje qualquer pessoa pode ser um assaltante".
Golpe do retrovisor
Esse é outro exemplo das estratégias adotadas por assaltantes para distrair suas vítimas e roubá-las. O golpe do retrovisor, que tem casos flagrados em vídeos que circulam nas redes sociais, é uma atualização ou variação da falsa batida.
Funciona assim: um bandido, geralmente conduzindo motocicleta, esbarra propositalmente no espelho para forçar um ocupante do carro a abrir o vidro, a fim de verificar se houve algum dano ou para ajustar o retrovisor.
É nesta hora que seu comparsa anuncia o assalto, que muitas vezes acontece em local ermo e pouco iluminado, novamente para facilitar a ação criminosa.
"O golpe do retrovisor costuma ser aplicado em áreas urbanas, em momentos de menos movimento. Alguns pedem informação e outros batem no retrovisor. É uma tática para reduzir a vigilância da vítima, já que, nesses crimes contra o patrimônio, o criminoso busca facilidade", alerta Raphael Pereira.
Golpe do carro sabotado
Bandidos também apelam para a sabotagem de carros estacionados para forçar sua parada pouco depois da partida e dar início ao assalto ou sequestro.
A intervenção para que o veículo apresente algum defeito depende do acesso que os bandidos têm a ele. Se forem capazes de abrir o cofre do motor, o alvo pode ser o sistema de arrefecimento: uma mangueira furada ou cortada do radiador fará o automóvel "ferver" mais adiante.
A sabotagem mais comum, entretanto, acontece nas rodas ou nos pneus. Na capital paulista, por exemplo, a Polícia Civil já identificou a atuação de uma quadrilha, que utilizava manobristas de estacionamentos para afrouxar os parafusos de uma das rodas doa veículos de clientes.
Após o carro deixar o local, a roda se desprendia ou apresentava barulhos, fazendo o condutor estacionar na via. Era a deixa para que assaltantes, que já seguiam a vítima em outro automóvel, iniciassem o ataque.
Há casos nos quais um ou mais pneus é furado ou esvaziado. A estratégia é mais comum em vias públicas e serve para forçar a troca dos itens avariados - o que expõe a vítima a ataques enquanto o veículo está imobilizado.
O Manual de Auto Proteção da Polícia Militar de São Paulo menciona a sabotagem como uma das ameaças criminosas e orienta a como agir nessa situação.
"Se o seu carro, depois de haver ficado estacionado na via pública, apresentar um inexplicável defeito que impeça o motor de funcionar, desconfie de estranhos que se ofereçam para ajudá-lo. Pode se tratar de uma armadilha. Chame o socorro de urgência de sua confiança", é uma das dicas do documento.
Parece óbvio, mas uma dica importante é evitar o estacionamento em ruas e avenidas: prefira deixar o carro em estacionamento, de preferência conhecido e da sua confiança.
A PM paulista também dá recomendações sobre como se portar em caso de emergências mecânicas, causadas ou não por bandidos.
Uma delas é manter a manutenção em dia e o tanque com combustível suficiente, de forma a evitar a pane seca. Afinal, uma parada inesperada pode tornar você um alvo, especialmente se acontecer à noite, em local ermo e mal iluminado.
Se mesmo assim o problema acontecer, evite, se for possível, a parada na rua. Caso o pneu esteja furado, prossiga até um posto de gasolina, comércio, oficina, delegacia ou posto da Polícia Militar. Apesar do risco de danificar o pneu de forma permanente, o procedimento pode salvar você de um assalto.
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