Fusca parado há 30 anos vira atração e dona não vende carro de jeito nenhum
Um Fusca verde se transformou em ponto turístico da Vila Guilhermina, bairro da Zona Leste da capital paulista.
Estacionado há mais de 30 anos no mesmo lugar, exposto ao sol e à chuva em frente a uma casa da mesma cor, o exemplar de 1968 está tomado pela ferrugem, mas já viveu dias melhores.
Segundo relatos obtidos pela reportagem de UOL Carros, o clássico da Volkswagen já teve muitas ofertas de compra durante as últimas três décadas.
Contudo, sua proprietária recusou todas elas, enquanto o carro apodrece a céu aberto, sob os olhares curiosos de moradores e visitantes da região.
Recentemente, fotos do veículo começaram a circular nas redes sociais, intrigando internautas sobre o motivo de o veículo estar alí há tanto tempo.
"Sempre que passo por ali, vejo o carro do mesmo jeito, largado há mais de três décadas. Uma vez, encontrei uma senhora na frente da casa e fiz uma proposta pelo carro. Ela recusou na mesma hora", afirma Victor Hernando, mecânico de uma oficina próxima ao local de repouso do famoso Fusca.
Primeiro e único carro
A senhora à qual ele se refere é Nívea Fernandes, que prefere não revelar a própria idade. Dona do Fusca verde, ela diz que vive na mesma residência desde 1948.
Conhecida por vizinhos como dona Xuxu, ela diz ter comprado o veículo do primeiro dono em 1981, logo após tirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação), quando tinha mais de 30 anos de idade.
Orgulhosa, Fernandes diz ter sido "a melhor da turma", sendo aprovada na prova prática logo na primeira tentativa. Desde então, ela se mantém apegada ao xodó, que considera como um filho, e não pensa em vender o carro de jeito nenhum.
"Sabe um filho? Então, como você se desfaz? Não tem como, tem muita lembrança, muitas vivências. Foi meu primeiro e único carro", afirma a mulher.
Segundo Nivea, desde quando comprou o Fusca de um amigo, o carro ficou a maior parte do tempo estacionado na garagem de casa. Mesmo assim, ela recorda os bons momentos de convivência com o Volkswagen.
"Com ele, eu costumava ir para bailes, viajava para a praia, rodava por São Paulo. Depois que me aposentei, passei por dificuldades financeiras e deixei ele parado. Eu não tive condição de arrumar e colocar para rodar novamente".
Sem saber da real história por trás do veículo, internautas especulam sobre o Fusca nas redes sociais. Muitos dizem que o automóvel teria pertencido a um falecido marido da atual proprietária. Ele enfatiza que os comentários não passam de fofocas.
"Eu nunca fui casada, só tive um caso há anos, mas não foi nada sério. O carro é meu, eu que comprei e faço o que quiser com ele", afirma a senhora.
Carro virou personagem do bairro
A rua onde dona Nívea mora tem vários comércios, e boa parte dos funcionários conhece o Fusca verde e também sua dona. As farmacêuticas Maricélia Lopes e Ingrid Pereira, por exemplo, relatam que ela é alegre e simpática.
Contudo, a dona do Volkswagen admite que não gosta da movimentação de curiosos, que frequentemente param na frente da casa dela para tirar fotos do veículo.
Fernandes destaca que, mesmo bastante enferrujado, o Fusca ainda atrai interessados em adquiri-lo.
"Outro dia, uma mulher veio tirar foto do meu carro. Mandei ela correr, pois não gosto de ninguém se intrometendo na minha vida. Sou independente e decidida, não quero ninguém atrás de mim."
Ela diz que tem saudades de dirigir, mas não quer mais pegar no volante.
"O que passou não tem como voltar. As lembranças ficam e é apenas isso. Sou feliz apenas com o que posso ser. Não preciso de muito, apenas do necessário: minha casa, meu Fusca, meu gato, meu passarinho, meus amigos e minha caipirinha"
Quanto vale o Fusca?
Para Joel Picelli, leiloeiro da Picelli Leilões, um Fusca 1968 em excelente estado hoje pode ser vendido por preços entre R$ 50 mil e R$ 60 mil.
"Se tiver pertencido a alguma pessoa famosa, o preço pode subir consideravelmente. No caso do exemplar da Vila Guilhermina, o valor comercial é baixíssimo, pois não é um carro de ano ou série rara, sem contar o mau estado de conservação", analisa o especialista.
Quer ler mais sobre o mundo automotivo e conversar com a gente a respeito? Participe do nosso grupo no Facebook! Um lugar para discussão, informação e troca de experiências entre os amantes de carros. Você também pode acompanhar a nossa cobertura no Instagram de UOL Carros.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.