Fim do carro popular? Por que marcas apostam em modelos cada vez mais caros
A verdade é que o "carro popular" não existe mais, visto que atualmente o Renault Kwid (o modelo mais em conta do Brasil) sai por R$ 66.590. Não só o aumento dos preços dos veículos de entrada é determinante para essa realidade, como também o poder de compra da população foi bastante prejudicado com o passar dos anos - a perda seria de 21% em três anos.
Isso explica o motivo pelo qual os compactos são destaque absoluto apenas na modalidade das vendas diretas. Além do enfraquecimento do real ante as outras moedas do mundo (que tem importante relação com os custos dos insumos utilizados para a produção dos carros), o acúmulo anual da inflação não perdoou o consumidor popular (que compõe a maior parcela do mercado).
Apesar dessa realidade, o carro mais vendido de 2022, com 94.053 unidades emplacadas até o fechamento de outubro, é o Fiat Strada, segundo o levantamento da Fenabrave. Se a maior parte da população é aquela que pode comprar um carro popular, e não um mais sofisticado (como a picape que parte de R$ 96.290), o que justifica a sua liderança absoluta? Entrevistamos Cassio Pagliarini, sócio da Bright Consulting, para entender o que mais ajuda a explicar os fenômenos recentes do mercado.
"Os carros mais baratos subiram muito de preço para que pudessem incorporar todas as necessidades de segurança, de eficiência energética e emissões. Com as melhorias, adicionam-se custos. A obrigatoriedade do ABS e do airbag, às normas do Proconve L7 e o Rota 2030 estão entre as principais", explicou.
"Todas as proteções no veículo são proporcionalmente mais caras para o carro de menor valor do que para os mais caros. É óbvio que se a montadora absorvesse mais os custos que vão adicionando pelas obrigatoriedades, talvez poderia manter os preços mais baixos. Mas se é para ela deixar de ganhar dinheiro, ela vai sempre preferir deixar de vender", disse Pagliarini.
"A fabricante sempre vai querer vender um carro mais caro, pelo fato de que podem proporcionar margens de lucro maiores. Além disso, eles têm maior capacidade de repassarem os encarecimentos dos projetos do que os produtos de categorias mais simples", completou.
Do jeito que a economia está, ter um carro zero km é viável somente para uma pequena parcela da população. Como bem reforça Pagliarini em nossa entrevista, só os seminovos e usados podem ser mais acessíveis, ainda que, até eles, tenham subido de preço também.
O que acontece hoje é que muitos dos que têm quase R$ 70 mil para comprar um carro de entrada também podem esperar um pouco mais para juntar R$ 25 mil adicionais para um veículo de categoria superior. À medida que a concentração de mercado se desloque para "cima", as fabricantes (que sempre preferem atender as maiores parcelas do mercado ativo) migrarão seus esforços para a mesma direção.
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