Mil km com só um tanque: chegou a hora de comprar um carro chinês?

A eficiência dos carros não para de evoluir. Só que, como nunca antes, os chineses conseguiram aliar o mesmo nível de desenvolvimento de novas tecnologias com preços mais reduzidos. Claro que, ainda, os modelos premium oferecem adicionais característicos de carros de luxo. Mas quem disse que isso é o mais importante para uma parcela mais ampla do mercado?

Dois modelos recém-chegados conseguiram o feito de poderem rodar mais de mil km sem a necessidade de reabastecer no meio do caminho. São eles o Great Wall Haval H6 (que custará cerca de R$ 250 mil) e o BYD Song Plus DM-I (lançado por R$ 269.990). Os preços desses carros custam a metade (ou até menos) dos outros que conseguem o mesmo feito. Para exemplificar alguns, temos os híbridos da Volvo, da Land Rover e da Porsche.

Para discutirmos o tema de forma mais categórica, entrevistamos Ricardo Bacellar, da Bacellar Advisory Boards Automotive & Mobility, que comenta os detalhes de tudo o que está envolvido nesse fenômeno que é a ascensão dos carros chineses como produtos de qualidade e que representam a ponta da tecnologia automotiva.

"Os últimos lançamentos dessas marcas chinesas estão apontadas no sentido de serem concorrentes dentro do segmento premium. Eles vão poder diversificar ainda mais a oferta, ao ponto de poderem, um dia, oferecerem carros mais em conta".

"A autonomia é uma questão de aperfeiçoamento de tecnologia misturado com um conhecimento limitado com o que significa a tecnologia dos eletrificados efetivamente".

"Para contornar isso, tanto a GWM quanto a BYD reforçam que o motor principal do carro é o elétrico, enquanto o motor à combustão serve apenas de auxiliar. A utilização dos motores vai variar a depender de qual será mais eficiente em cada situação. Para complementar isso tudo, a estratégia de regeneração é decisiva para que as autonomias sejam tão elevadas".

"A questão da qualidade dos carros chineses e o preconceito que sofreram por muito tempo, acho que é página virada. Estive na China duas vezes, nos últimos 5 anos, e posso atestar que foi uma grande surpresa ver que a qualidade dos projetos e da produção dos carros não deixam nada a desejar quando comparados com carros de outras nacionalidades".

"Até porque, muitas marcas chinesas contrataram designers italianos e engenheiros alemães para desenvolverem seus carros. Não é à toa que estão colocando à disposição carros bonitos, bem-acabados e bem eficientes no mercado".

"De uma forma geral, os chineses são sim bem estruturados, bem montados, muito sofisticados e com uma briga de preços muito forte. Eles têm uma estratégia comercial muito agressiva".

"Não posso citar nomes, mas tem uma grande quantidade de marcas que estão fortemente cogitando a vinda para o Brasil, especialmente para abastecer segmentos mais "populares", justamente pelo fato de que essas faixas de preço mais em conta têm ficado mais desassistidas".

"As grandes montadoras têm focado mais nos modelos de maior valor agregado. Hoje em dia, tem sido difícil para o consumidor pagar preços relativamente elevados para carro dos segmentos de entrada".

"A depender do cenário fiscal, nada impede de, até mesmo, os chineses chegarem com carros elétricos mais em conta no Brasil, para além de exemplos como o Caoa Chery iCar".

Há, portanto, fortes indícios de que, em breve, em razão de suas vantagens competitivas, o futuro trará reconhecimento devido aos veículos chineses e o Brasil terá uma crescente e relevante frota de suas marcas, aproximando-as das prestigiadas alemãs, francesas, americanas e italianas.

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