Ferrari abandonada? Gambiarra detona carro raro que valeria uma fortuna
O carro é vermelho, tem design típico dos esportivos da década de 1970 e exibe na dianteira e na traseira o famoso logotipo do cavalo empinado com fundo amarelo. Largado e empoeirado em uma rua da cidade de São Paulo, o veículo seria uma Ferrari abandonada?
O misterioso veículo surgiu em vídeo publicado recentemente pelo canal do YouTube Percepcar, especializado em detalhamento automotivo, e intrigou internautas.
Os mais atentos logo percebem: os faróis não são de uma Ferrari, mas vêm de um Ford Fiesta de segunda geração. Além disso, as lanternas traseiras parecem ter sido tiradas de um Galaxie, também da Ford.
Parece ser mais uma réplica "genérica" da icônica marca italiana, mas não é. Na verdade, trata-se de um carro fora de série brasileiro bastante raro e cobiçado por colecionadores europeus e dos Estados Unidos.
Segundo especialistas consultados por UOL Carros, a suposta "Ferrari abandonada" é um exemplar de 1979 do Tarpan, também conhecido como Bianco Tarpan - que hoje poderia ser vendido por mais de R$ 150 mil, se estivesse original.
"É muito cobiçado fora do Brasil. Meu sócio vendeu um restaurado para um cliente da Bélgica por R$ 160 mil. Europeus estão comprando muito", diz um colecionador de carros nacionais com carroceria de fibra de vidro, como o Tarpan, que prefere não ser identificado nesta reportagem.
Menos de cem exemplares
De acordo com o empresário Jade Rubi Berardi, pesquisador e entusiasta do Tarpan e da marca Bianco, o carro que apareceu no YouTube teve os faróis, as lanternas e a tampa traseira modificados - o motor, aparentemente, também não é original.
"O Tarpan teve vida curta e menos de cem unidades fabricadas. Foi lançado em 1978 com foco no mercado dos Estados Unidos, mas as vendas na época foram insuficientes para manter a produção. Deixou de ser fabricado em 1982 ou 1983", conta Berardi.
O especialista explica que o Tarpan é uma versão maior, concebida para exportação, do Bianco S - que, por sua vez é uma versão para as ruas do Fúria - um carro de corrida criado no começo dos anos 1970 pelo projetista italiano Ottorino Bianco - radicado no Brasil desde a década de 1950 e que hoje está com 91 anos.
Assim como outros carros brasileiros fora de série (com produção limitada e artesanal) daquele tempo, Fúria, Bianco S e Tarpan têm carroceria de fibra e chassi da Volkswagen - além de motor refrigerado a ar e câmbio manual também fornecidos pela montadora alemã.
"O Bianco S, que hoje é ainda mais valorizado do que o Tarpan, foi apresentado no Salão do Automóvel de 1976, em São Paulo, já como modelo 1977", contextualiza Jade Berardi.
Ele relata que Toni Bianco participou diretamente da fabricação das 50 primeiras unidades e vendeu a marca e o logotipo Bianco em 1978 - quando o Tarpan ganhou as ruas.
Heresia?
Não sabemos a história do exemplar caracterizado como Ferrari, nem o motivo das "gambiarras" nele aplicadas. Entramos em contato com o pessoal da Percepcar em busca dessas informações, mas ainda não obtivemos retorno.
O que sabemos é que o esportivo passou por um minucioso processo de limpeza e sua aparência mudou bastante - e para melhor.
Dono de um Bianco S que ele mesmo restaurou, Berardi diz "perdoar" as mudanças feitas no Tarpan vermelho.
"Fazer isso atualmente seria uma heresia, considerando a raridade e o valor de um carro desses. Mas é preciso considerar que Bianco, Tarpan e outros modelos fora de série brasileiros há alguns anos estavam relegados ao esquecimento e valiam pouco".
Ele acrescenta que, devido à facilidade e do baixo custo, era bastante comum proprietários modificaram seus carros de fibra de vidro para dar a eles uma "personalidade" diferente.
"Hoje esses carros estão em ascensão, seus preços subiram muito nos últimos três anos. Por outro lado, é muito tranquilo reverter o que foi feito e trazer de volta a originalidade", conclui.
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