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Cabe mais um? Por que carro carregado pode colocar tudo a perder na estrada

Pixabay
Imagem: Pixabay

Do UOL, em São Paulo

06/01/2023 04h00

Se pensa em levar amigos, filhos, sogros, cão, gato e papagaio para fazer uma viagem, saiba que o carro não é igual a "coração de mãe, que sempre cabe mais um". Peso a bordo é coisa séria, tanto para a integridade do carro quanto para a segurança dos ocupantes.

Para aprofundar melhor nos aspectos técnicos e no embasamento da engenharia, o UOL Carros consultou um especialista em testes e desenvolvimento, que aborda o que pode ser sentido ao conduzir um carro com sua capacidade de carga excedida.

  • Desgaste prematuro do motor, câmbio, embreagem, suspensão, freios, pontos estruturais, buchas, pneus, rodas e outros.
  • Piora significativa da dirigibilidade do carro
  • Risco de trincas em pontos estruturais importantes
  • Redução do desempenho
  • Aumento do consumo

O peso aumenta a exigência sobre tudo do carro. Motor, câmbio, embreagem, suspensão, freios, pontos estruturais, buchas, rodas e outros. Os que mais estão relacionados com a segurança são os freios e a suspensão, que não foram projetados levando em conta uma carga que supere aquela descrita no manual do veículo" Gerson Borini, consultor de engenharia automotiva.

O motorista vai sentir o carro mais mole, impreciso e com reações lentas, além de se precisar exigir mais da embreagem, do pedal de acelerador e dos freios. Não é só o peso total que importa, mas deve-se pensar na distribuição de todo o peso é importante, pois assim se evita o desequilíbrio do carro, fator determinante para que ele se mantenha seguro em todas as situações"

Possibilidade de quebras e falhas

RAM 3500 partida na metade - Reprodução / Internet - Reprodução / Internet
RAM 3500 partida na metade
Imagem: Reprodução / Internet

O engenheiro também conta que a determinação de peso máximo do carro não é feita "do nada". Quanto aos freios, o peso extra obriga o condutor a utilizá-los mais do que o habitual. Em descidas de serra, por exemplo, poderá haver o superaquecimento dos fluídos que promovem o funcionamento do componente e, assim, perde-se rapidamente a capacidade de frenagem.

A equipe de desenvolvimento também leva em conta o ponto em que poderá se iniciar a formação de trincas, que levam ao rompimento de partes importantes para a segurança. A própria roda é uma delas. Uma vez que se parte, o acidente é quase garantido.

Recentemente, nos EUA, até uma RAM 3500 (que, no Brasil, é a picape mais robusta para capacidade de carga e de reboque) rompeu a ligação entre a caçamba com a cabine (imagem acima). O caso serve como exemplo ao que Borini ensina. Ele ressalta que uma das principais hipóteses para o ocorrido é a utilização recorrente do carro para transportar cargas superiores às quais foi projetado para suportar.

A que se atentar

  • Ler o manual do carro para descobrir quanto peso extra o carro admite, e onde.
  • Ter em mente que um automóvel dificilmente permite que se leve mais do que 5 passageiros de até 70 kg + 60 kg no porta-malas.
  • Sempre que possível, distribua a carga (quando for muita) da forma mais homogênea em diferentes partes do carro (desde que possam estar bem fixadas).
  • Evite sobrecarregar o teto, pois não aguenta muito peso (entre 20 kg e 50 kg) e porque piora muito o equilíbrio (centro de gravidade).
  • Checar a integridade do carro e de seus componentes toda a vez que se fizer uso mais severo, como levar muito peso.

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