Febre da caçamba: por que picape virou galinha dos ovos de ouro no Brasil
Pelo segundo ano consecutivo, a Fiat Strada é o veículo mais vendido do Brasil: com 112.456 emplacamentos em 2022, ela ficou à frente de automóveis de sucesso como Hyundai HB20 (96.255) e Chevrolet Onix (85.252) - respectivamente, segundo e terceiro colocados no ranking geral.
O bom desempenho da Strada não é um exemplo solitário. Definitivamente, as picapes caíram no gosto do consumidor brasileiro e outras duas representantes da categoria fecharam o ano passado entre os 20 modelos mais emplacados: Fiat Toro, em 16º lugar, com 49.567 vendas; e Toyota Hilux, em 17º, com 48.606.
Prova de que as picapes viraram a "galinha dos ovos de ouro" das montadoras em nosso País é a enxurrada de lançamentos de diferentes marcas prevista para 2023: a nova Chevrolet Montana, que já está em pré-venda, e a futura e inédita picape média da Fiat são alguns exemplos.
UOL Carros conversou com Cassio Pagliarini, sócio da consultora Bright Consulting e ex-executivo de marcas como Ford, Renault e Hyundai, para esclarecer por que as picapes estão em alta no mercado brasileiro e viraram queridinhas dos consumidores.
As picapes de cabine dupla e quatro portas hoje são os novos SUVs no Brasil, atraindo clientes de utilitários esportivos em busca de algo diferente, unindo o conforto e os equipamentos de carros de passeio com a versatilidade de veículos com caçamba" Cassio Pagliarini, sócio da consultoria Bright Consulting
Em seguida, o especialista aponta outros fatores que justificam essa verdadeira "febre da caçamba".
Picapes são mais versáteis
- Os SUVs são a categoria de veículo que mais cresce, mas a maioria das opções tem um ponto fraco
- O maior "pênalti" dos SUVs é a capacidade do porta-malas, em média menor do que a de sedãs
- As picapes, com sua caçamba, solucionam esse problema, pois podem levar objetos bem mais volumosos e pesados
- Além disso, podem trazer quatro portas e ajuste de suspensões mais próximo daquele de carros de passeio
A nova Fiat Strada e a Toro, antes dela, foram a forma de a Fiat buscar compradores de SUVs sem ter ainda um produto nessa categoria, pois Pulse e Fastback ainda não haviam sido lançados. O sucesso das picapes da Fiat tem sido enorme" Cassio Pagliarini
Picapes são mais baratas
- Além da versatilidade mencionada acima, as picapes com chassi monobloco, derivadas de carros de passeio, têm preço médio mais baixo
- A Fiat Toro, por exemplo, custa menos do que versões equivalentes em conteúdo do Jeep Renegade, com o qual divide plataforma
- Segundo Cassio Pagliarini, uma das razões para tal é tributária
- O consultor explica que hoje as picapes têm IPI menor do que o cobrado em carros de passeio com motor 1.0
- Independente da motorização, o IPI de picapes está fixado em 5,2%
- O IPI de carros 1.0, por sua vez, é de 5,27%
Picapes têm motor mais potente
- Como também são veículos de carga, as picapes trazem motorização forte até nas versões de entrada
- Mesmo potentes, não custam tanto quanto carros de passeio da mesma marca e com o mesmo propulsor
- Isso é possível justamente por causa da alíquota de IPI independente da cilindrada
O Chevrolet Tracker 1.2 turbo recolhe 9,78% de IPI, contra 5,27% nas versões 1.0, também turbinadas. No caso da Montana, que estreia apenas com motorização 1.2, o IPI é de 5,2%" Cassio Pagliarini
Picapes dão mais lucro às montadoras
- Segundo Pagliarini, as picapes têm menos descontos das respectivas montadoras, graças à demanda aquecida
- Por essa razão, proporcionam margem maior, em média
- Também são mais lucrativas devido ao preço inicial mais alto na comparação com hatches compactos, com maior volume de vendas
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