Por que sedãs costumam gastar menos combustível do que os hatches
Há uns anos, as peruas e os hatches médios sucumbiram à força de mercado dos SUVs. Os sedãs até que vinham conseguindo se segurar, mas até eles estão demonstrando cada vez mais sinais de "fadiga". SUVs são vistos como descolados, ao passo que muitos enxergam os sedãs como mais "caretas".
Claro que isso é uma injustiça, pois a categoria tem mais a oferecer, em alguns aspectos. Às vezes, têm mais espaço, mas, quase sempre, são vencedores na economia de combustível (inclusive quando comparados com os hatches). Quem explica isso é a física, com algo chamado "arrasto aerodinâmico".
A traseira reta dos SUVs e hatchbacks tende a criar turbulência, o que afeta o deslize do carro pelo ar. Os sedãs já não têm esse problema, uma vez que a queda da coluna C ajuda a capturar o fluxo de ar, sem alterar a sua trajetória. Os reflexos disso são observados na medição do coeficiente aerodinâmico (Cx) das suas carrocerias.
- Além da preocupação da engenharia sobre a quantidade e o peso dos componentes, o desenho é outro aspecto bastante importante, por conta da aerodinâmica.
- Quanto mais aerodinâmico o carro, mais econômico será, à medida que aumenta a velocidade.
- Outra vantagem é o menor esforço do motor para atingir a velocidade final do veículo.
- O objeto ou corpo conhecido que possui o coeficiente aerodinâmico (Cx) mais próximo do ideal é a gota d'água.
- Seu formato é resultado de uma moldagem pelo próprio ar, o que significa que a resistência aerodinâmica será a menor possível.
- Em números absolutos, a gota d'água tem um cx de 0,05 (quanto menor, melhor flui pelo ar).
- Os carros, por sua vez, têm coeficientes que ficam em torno dos 0,3 (Cx).
Exemplo prático
Comparamos as variantes hatch e sedã do Audi A3 2.0 TFSI 2023. Enquanto o modelo Hatchback tem 0,29 (Cx), o Sedan tem 0,27 (Cx). Tirando a carroceria, ambos são carros idênticos, inclusive pelo peso (1485 kg). Enquanto que, na cidade, o hatch faz 10 km/l, o sedan faz 10,2 km/l. Enquanto isso, na estrada, o primeiro faz 11,9 km/l e, o segundo, 12,6 km/l. Todos os números são do Inmetro.
Vale uma ressalva para alguns casos (que não se aplicam a este dos Audi A3). Itens como saias laterais, aerofólio, difusores e entradas de ar, além de contribuírem para a beleza, também têm a função de aprimorar a estabilidade e a capacidade de refrigeração, ainda que comprometam a aerodinâmica.
Quer um exemplo? Selecionamos dois Mini Cooper, do mesmo ano (no caso, 2020). Um deles é a versão esportiva John Cooper Works, enquanto a outra é a versão S (uma abaixo).
Ambos são carros muito parecidos (com exceção a alguns adereços externos e internos), utilizam a mesma plataforma e o mesmo conjunto mecânico. O John Cooper tem 0,34 (Cx) e o Cooper S tem 0,33 (CX). O que explica isso? Esses adereços que fazem o Mini topo de linha serem mais bonitos também comprometem o arrasto com o ar.
Será que se, por exemplo, o mercado soubesse desses atributos, não poderiam se motivar a repensar alguns conceitos? Para a engenharia, tudo tem um propósito para se obter ganhos de eficiência, ainda que, algumas vezes, os atributos estéticos caminhem na direção oposta.
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