Golpe do manobrista: como criminosos vasculham carros para invadir sua casa
Relatos de uma nova modalidade de golpe têm assustado motoristas que deixam seus veículos em valets. Mensagens que circulam em redes sociais alertam sobre bandidos clonando controles de garagem e utilizando documentos deixados no porta-luvas para identificar residências e posteriormente assaltá-las.
Em relatos recebidos pela reportagem, é dito que os manobristas encontram o controle remoto de portão no carro, substituem por um "clone", além de vasculharem documentos que possam indicar o endereço do dono do veículo. Assim, invasores podem saquear residências com facilidade.
Parei meu carro em um valet, num bar no Itaim (SP) e eu tenho o hábito de deixar o controle da minha garagem dentro dele. O pessoal do valet trocou o controle por um igualzinho, só que não era do meu prédio".
"E eu também tinha o péssimo hábito de deixar, dentro do manual do proprietário, que ficava no porta-luvas, a nota fiscal de todas as revisões que eu fazia. E essas notas têm o meu endereço. Com o controle e o meu endereço, entraram no meu prédio. Por sorte não levaram nada", disse uma motorista.
O caso chama atenção pelo fato de que, quando se deixa qualquer bem aos cuidados de outra pessoa, inevitavelmente o dono se coloca em uma posição de vulnerabilidade (especialmente quando falamos de carros, que, para muitos, são a extensão da própria casa). Por outro lado, especialistas em segurança pública defendem que não se deve entrar em pânico toda vez que se utiliza o serviço de valet, pois são casos excepcionais.
Relatos assim são sempre importantes como alerta. Entretanto, destaco que a forma como casos costumam ser propagados, a exemplo deste, e especialmente em grupos, merecem análise cautelosa, na tentativa de identificar e entender a realidade. Não podemos generalizar e, tampouco, afirmar que, hoje em dia, seja comum a formação de quadrilha entre manobristas" Fábio Henriques, agente e instrutor da Polícia Federal.
"A meu ver, acho muito difícil de acontecer em um serviço sério de valet. Hipóteses para o caso incluiriam, por exemplo, a cooptação de funcionários pela criminalidade, ou que o próprio bandido consiga atuar por conta. O que existe são serviços falsos. Aí sim, estes devem ser identificados pelos condutores para não serem utilizados", complementa.
Veja dicas para se precaver
- Bens e informações pessoais não devem ser deixadas à disposição de qualquer um que possa entrar no carro (que, além de manobristas, podem ser outros prestadores).
- Condutores sempre devem atentar-se quanto à procedência, seriedade e autenticidade dos serviços de valet, pois existem serviços falsos.
- Ainda que a lei diga que "a empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento" (conforme a súmula 130 do Superior Tribunal de Justiça), é sempre muito complicado reunir provas.
- Logo, até mesmo antes de tomar algum tipo de serviço, o condutor deve analisar riscos (tal como tudo o que envolve ter e dirigir um automóvel).
- Os bens que não podem ser retirados do carro devem ser registrados, de preferência com foto, antes de ele ser entregue aos prestadores.
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