Carro atingido por raio: por que ocupante não derreteu junto com o veículo
O vídeo de uma picape com a cabine parcialmente derretida viralizou nas redes sociais. O veículo é uma Ford Ranger, que teria sido atingida por um raio na sexta-feira passada (20) na BR-020, no interior de Goiás.
Segundo o mecânico e autor da gravação, identificado como "Nego Bill", o raio atingiu a antena da Ranger, que estava coberta por seguro e teve perda total.
As imagens do acidente impressionam: parte do painel e do volante, bem como teto, banco do motorista e para-brisa foram danificados por um incêndio - consequência da descarga proveniente do raio, que aparentemente inutilizou o sistema elétrico da picape.
Conforme o mecânico, o motorista estava ao volante da Ranger quando o raio a atingiu, mas incrivelmente saiu ileso de lá. É natural questionar como isso foi possível, considerando a extensão e a gravidade dos danos.
A física ajuda a explicar: o próprio veículo funcionou como um isolante, que protegeu quem estava dentro dele, devido a um fenômeno conhecido como blindagem eletrostática - cuja aplicação é chamada de Gaiola de Faraday.
O que é e como funciona a Gaiola de Faraday?
- É um recipiente feito de material condutor, usado para blindar o seu interior de interferências eletromagnéticas
- Seu nome é uma homenagem ao cientista britânico Michael Faraday, que desenvolveu a gaiola
- A gaiola distribui as cargas elétricas na superfície condutora
- Com a distribuição da carga na parte externa da gaiola, o campo elétrico em seu interior torna-se nulo
- Assim, qualquer ser vivo ou objeto em seu interior fica isolado de campos elétricos externos
- No caso específico, a Ranger funcionou como uma Gaiola de Faraday
Mesmo assim, o raio danificou o veículo
Como a picape não é totalmente feita de material condutor, no caso o aço da respectiva carroceria, o isolamento pode não ser perfeito.
Além disso, segundo relato, o raio caiu na antena do rádio, por sua vez conectada diretamente ao sistema elétrico.
Ação do motorista teria sido rápida
Além de não ter atingido pela descarga elétrica, o motorista teria agido rapidamente. Segundo o mecânico, o ocupante da picape tratou de sair logo e não foi atingido pelas chamas.
As janelas ficaram fechadas para limitar o oxigênio na cabine. Isso teria ajudado a controlar e acabar logo com o fogo.
Ele saiu rapidamente e fechou as portas para o fogo não se alastrar. Felizmente, não teve nenhum ferimento. Como há isolamento do veículo, ele nem sequer levou algum tipo de descarga elétrica".
Para completar, os cabos da bateria foram cortados para não gerar outro incêndio, disse o mecânico.
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