Pé de boi? Dirigimos o Polo Track, novo 'basicão' da VW que custa R$ 80 mil

Robustez sempre foi uma das virtudes mais lembradas pelos proprietários e fãs do Volkswagen Gol.

O modelo foi visto como "pau para toda obra" durante os 42 anos em que foi produzido no país.

Agora dá para entender porque a marca alemã reforçou essa característica durante o lançamento do Polo Track, que chega com preço inicial de R$ 79.990.

A nova versão de entrada estreia com a difícil missão de preencher a lacuna deixada pelo Gol no posto de carro mais barato da VW.

Seria ele um "pé de boi", expressão que designa automóveis equipados apenas com itens indispensáveis e "batizou" informalmente uma versão do Fusca?

Na verdade, o Track vai um pouco além do básico.

• Para tentar honrar o legado deixado pelo seu antecessor, a fabricante realizou algumas mudanças no projeto do Polo:
• A VW aumentou ângulo de entrada do carro para raspar menos em valetas e lombadas
• Também aumentou a altura livre em relação ao solo
• Essa altura é de 165 mm, ante os 149 mm do Polo MPI, versão posicionada imediatamente acima da Track
• A engenharia da Volks também adotou uma calibragem exclusiva da suspensão
• O objetivo é de aguentar o tranco nas ruas e nas estradas esburacadas do nosso país

Visual exclusivo

Talvez você torça o nariz ao ver um carro de R$ 80 mil com calotas.

O resultado, porém, não é ruim pessoalmente nas unidades com cores escuras. Isso porque a marca resolveu pintá-las na cor preta para dar um visual mais diferente.

Há outros sinais da origem humilde espalhados pela carroceria. Confira:

• Capas dos espelhos retrovisores e maçanetas não são pintadas.
• O interior abusa do plástico duro por todas as partes, assim como os seus concorrentes
• Algumas partes apresentam texturas diferentes, ainda que o resultado não seja tão bom como em alguns rivais
• O painel de instrumentos possui conta-giros, mas a tela central do computador de bordo é monocromática
• Os bancos têm encostos de cabeça integrados, inclusive na parte de trás

Por outro lado, a dianteira tem um visual descolado das versões mais caras do Polo.

A grade frontal possui desenho exclusivo, enquanto o para-choque também é só do Polo Track.

Atrás, as lanternas possuem acabamento escurecido e a tampa do porta-malas traz o logotipo "Track" logo abaixo do emblema da Volkswagen.

Equipamentos

O Track sai de fábrica com quatro airbags, controles de estabilidade e de tração, bloqueio eletrônico do diferencial, assistente de partida em rampas, ar-condicionado, direção elétrica, dois alto-falantes, desembaçador e limpador traseiro, travamento central das portas e vidros elétricos dianteiros.

Comparando com o Polo MPI (R$ 84.490), o Polo Track é R$ 4.500 mais em conta.

Quem desembolsar um pouco mais leva na configuração MPI a central multimídia Composition Touch - que não é oferecida no Polo Track.

Na versão de entrada, no lugar da multimídia há apenas um rádio, que faz parte do pacote Media Plus II.

Ele acrescenta, ainda, entrada USB do tipo C, computador de bordo, volante multifuncional, quatro alto-falantes e antena de teto. Haverá também uma versão exclusiva para frotistas sem sistema de som. Pelo menos aí o preço fica um pouco menor: R$ 79.090.

Como anda o Polo Track

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UOL Carros participou de um extenso teste realizado entre as cidades de Guarulhos e São Bento do Sapucaí, ambas no estado de São Paulo.

Após mais de três horas ao volante do hatch, foi possível notar que algumas características do Polo foram preservadas. Uma delas é a boa dirigibilidade, com uma direção com respostas diretas e o câmbio manual de cinco marchas com engates suaves e precisos.

A ótima posição de guiar também favorece quem gosta de dirigir.

Assim como no restante da linha Polo, o motorista viaja em uma posição mais baixa do que a maioria dos concorrentes.

O volante de três raios (que é o mesmo do Gol, mas com o novo logotipo da VW ao centro) tem ótima empunhadura e contribui para a sensação agradável no comando do carro. Já os bancos dianteiros também acomodam bem os ocupantes, graças às abas pronunciadas nas laterais.

O motor 1.0 de três cilindros é exatamente o mesmo do Polo MPI. Entrega até 84 cv e 10,3 kgfm quando abastecido com etanol e, apesar de ser bastante elástico, não impressiona pelo desempenho esperto como outros propulsores da concorrência. A unidade avaliada, inclusive, apresentava um nível de vibração bastante alto mesmo em ponto morto. Foi o que percebi quando a câmera que fixei no para-brisa não parava de tremer antes de seguirmos viagem.

Durante a viagem de pouco mais de 300 km, o Polo Track apresentou ótimas médias de consumo.

Cheguei a fazer quase 16 km/l na estrada com gasolina no tanque e mantendo uma média de velocidade de 120 km/h e com ar-condicionado ligado o tempo inteiro. Essa marca é mais do que os 15 km/l na estrada divulgados pelas medições do Inmetro.

Vale a compra?

Quem gosta de Volkswagen e precisa de um carro de entrada confortável e econômico pode gostar do Polo Track. Embora não tenha a (ótima) reputação do Gol, o modelo mostrou que pode seguir os passos de seu antecessor, ainda que repetir seu sucesso é praticamente impossível.

Porém, se você não faz questão de um veículo da marca, recomendo analisar cuidadosamente os concorrentes.

Se você pensou em nomes como Hyundai HB20 Sense, Citroën C3 Feel 1.0 e Peugeot 208 Like, você acertou. São modelos que estão na mesma faixa de preço (ou pouco acima), mais equipados e bonitos, embora gosto não se discuta.

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