Fake news dos carros: conheça 5 mentiras que contam sobre o seu veículo
Nestes tempos de fake news, nunca foi tão importante buscar informação a partir de fontes confiáveis.
Se for possível, o ideal é confirmar a veracidade de determinada "notícia".
Guardadas as proporções, no mundo dos carros tem muita afirmação falsa ou incorreta que, de tanto ser repetida, muitos pensam ser verdade.
Mostramos a seguir cinco exemplos de falsas premissas sobre cuidados e uso de veículos, que costumam ser difundidas nem sempre devido a má intenção,mas sim por desconhecimento.
Confra.
"Não precisa amaciar o motor"
- O "amaciamento" sempre foi e ainda é essencial para prolongar a vida útil do motor -
- Também serve para que o propulsor atinja o desempenho e o consumo de óleo lubrificante e combustível para o qual foi projetado
- A justificativa das fabricantes é a de sempre: quando novo, o motor ainda não está completamente "assentado"
O manual do Renault Sandero 2020, por exemplo, diz:
"Até atingir os primeiros 1.000 km, não ultrapasse 130 km/h na troca de marcha mais elevada ou entre 3.000 rpm e 3.500 rpm".
O mesmo manual informa que somente após cerca de 3.000 km rodados o veículo vai "proporcionar todo seu desempenho".
A Volkswagen, por sua vez, informa em seus manuais, que "um motor novo deve ser 'amaciado' durante os primeiros 1.500 quilômetros. O atrito interno das primeiras horas de uso é maior do que o atrito posterior, quando todas as peças móveis já estiverem ajustadas umas às outras".
Além disso, a montadora alemã recomenda, até os primeiros 1.000 km, "não acelerar ao máximo" e "não submeter o motor a uma rotação maior do que 2/3 da rotação máxima".
Entre 1.000 km e 1.500 km, a montadora diz que "pode-se elevar gradualmente a velocidade e a rotação do motor".
"Esquentar motor traz benefícios"
Essa é mais uma das inverdades contadas por aí, herança da época dos carros mais antigos.
Um dia essa afirmação até fazia sentido, mas, dentro do contexto atual, é outra fake news e só eleva o consumo de combusível.
Há uma exceção: nunca se deve pisar fundo no acelerador com o motor frio.
"Se for um veículo fabricado 20, 30 anos atrás, a prática de esquentar o motor é muito mais necessária e aplicável do que em modelos atuais. Hoje, componentes como lubrificantes mais eficientes na fase fria, bem como cilindros, bielas e pistões trazem folgas muito mais justas e são muito mais duráveis do que há três décadas", destaca o engenheiro Clayton Zabeu.
"Carro pouco rodado é garantia de bom negócio"
Essa talvez seja uma das falsas crenças mais difundidas.
O problema não é o carro ter baixa quilometragem em si, mas ter rodado pouco desde a sua fabricação - principalmente se for um veículo antigo, pois automóveis são feitos para rodar.
Não é por acaso que pouca e nenhuma utilização são consideradas equivalentes ao "uso severo" nos manuais do proprietário.
Quando o carro simplesmente não é utilizado, borrachas ressecam, fluídos perdem suas propriedades, a parte elétrica se deteriora, a bateria perde autonomia, os pneus deformam e as membranas engripam. Para consertar tudo isso, é preciso desembolsar uma boa quantia de dinheiro.
Outro problema é usar o carro repetidamente em trajetos muito curtos: a temperatura dos componentes muitas vezes nem chega ao ponto ideal para o funcionamento.
Com isso, a durabilidade das peças fica comprometida.
"Câmbio automático não requer manutenção periódica"
Ao contrário do que muitos acreditam, deve-se, sim, fazer a revisão do câmbio automático, a começar pelas trocas de óleo.
Os prazos são indicados no manual do veículo devem ser respeitados ou até antecipados, dependendo do uso do veículo.
Vale destacar que, de fato, alguns modelos não trazem a recomendação de troca de óleo, que supostamente dura por toda a vida útil do veículo.
No entanto, isso não significa que a transmissão automática esteja livre de problemas de lubrificação.
Lubrificantes podem ter suas propriedades afetadas.
Um vazamento ou a exposição do fluído ao ar externo e às impurezas, podem ser o bastante para que a visita ao mecânico se torne obrigatória.
"Rodar na banguela economiza combustível"
Em carros atuais, equipados com injeção eletrônica, "descer na banguela", ou seja, com o câmbio em neutro, gasta combustível.
Cuirosamente, percorrer um declive com a transmissão engrenada ajuda a economizar.
Isso acontece porque, quando o veículo está em ponto morto, a central eletrônica enxerga a necessidade dos bicos continuarem injetando combustível - caso contrário, o carro "morre".
Por outro lado, quando há uma marcha engatada e o pedal do acelerador não estiver pressionado, o sistema de injeção sabe que não é preciso injetar uma gota sequer, pois a própria inércia do carro manterá o motor em funcionamento.
Desse modo, o consumo de combustível vai a zero nessas ocasiões.
Vale lembrar também que, por uma questão de segurança no trânsito, andar em ponto morto rende multa e traz risco de acidentes.
O artigo 231, inciso IX, do CTB (Código de Trânsito Brasileiro), classifica o ato de "rodar desligado ou desengrenado em declive" como infração média, com acréscimo de quatro pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e multa de R$ 130,16.
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