Motorista de app faz loja ambulante no carro; por que prática é perigosa
Um motorista de aplicativo viralizou nas redes sociais ao montar uma loja de cosméticos dentro do seu próprio carro, um Nissan Versa. Em Goiânia, Mattheus Fonseca, como se identifica no TikTok, publicou os vídeos em que exibe a customização que realizou no veículo para complementar seus rendimentos.
No Instagram, onde Mattheus usa o sobrenome Alencar, gravou um vídeo dizendo que desenvolveu a ideia a qual chama de "Loja em Movimento". Ele também diz que fabrica o suporte onde os produtos são expostos e os vende para outros motoristas. Segundo ele, já são quatro "lojas" em funcionamento.
O motorista conta em suas redes sociais que começou expondo produtos na parte de trás do banco do passageiro. Depois, tirou o assento todo e fez uma prateleira em "L" em toda a parte da frente.
A iniciativa de Mattheus, porém, vai contra as leis de trânsito e, segundo especialistas ouvidos pela reportagem, pode colocar em risco passageiros e o próprio motorista.
"O maior problema aí é que, em uma colisão, esses objetos vão se espalhar para dentro do carro", disse Geraldo Tite Simões, especialista em segurança viária.
"Sem o banco da frente, quem senta atrás fica mais exposto ainda", diz Simões.
A situação pode se agravar caso o airbag do passageiro acione. Neste caso, com a explosão da bolsa, os produtos serão arremessados contra os ocupantes com mais força ainda.
Lucio Machado, também especialista em segurança no trânsito, aponta para outro fator. Além das consequências em uma batida, a loja também pode ser um fator causador de acidentes.
"Uma loja ambulante tira a atenção do condutor. Ninguém compra um produto sem questionar preço, validade. Todo o processo de venda tira a atenção da condução do veículo e geraria uma nova infração. E sem dizer que se um objeto desse cai, o motorista instintivamente pode tentar segurar, se colocando em risco", diz.
O especialista, que também é perito em acidentes de trânsito, também levanta o risco de um objeto solto rolar para debaixo de um pedal, prejudicando mais uma vez a condução do veículo.
A lei de trânsito brasileira proíbe o transporte de objetos soltos dentro do veículo na Resolução 349 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito). A infração gera multa de R$ 195,23 e 5 pontos na CNH (Carteira de Habilitação). A pena está no artigo 248 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Além disso, é feita a retenção do veículo até que o proprietário encontre um meio de transportar a bagagem excedente.
"A lei é falha e quem está modificando as leis, não estão preocupadas com segurança. Deveriam questionar os especialistas ao invés de flexibilizar", afirma Machado.
A reportagem procurou falar com Mattheus, mas ele não respondeu às tentativas de contato.
A Uber diz que não tem dados suficientes para saber se o motorista atua em sua plataforma, mas afirma que "os motoristas parceiros são responsáveis pelas condições do veículo que utilizam para realizar viagens intermediadas pela Uber".
"A segurança é uma prioridade para a empresa e a Uber recomenda que todos os parceiros observem as orientações das autoridades e cumpram a legislação de trânsito. O desrespeito às regras de trânsito configura violação ao Código da Comunidade e aos Termos e Condições exigidos tanto de parceiros quanto de usuários", diz a empresa em nota.
Na mesma linha, a 99 emitiu nota dizendo que "motoristas parceiros são profissionais autônomos e têm liberdade para comercializar produtos ou serviços em seus veículos, desde que legalizados, cumprindo a legislação local e sem que infrinjam os Termos de uso da plataforma".
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