Alvo da Justiça, carro de Eduardo Cunha tem placa polêmica e teria dado PT

Novo juiz designado para os casos da Lava-Jato na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, Eduardo Appio determinou que o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha entregue seis carros de luxo confiscados na operação. Dentre os veículos envolvidos, chama a atenção a placa de três automóveis, sendo uma delas uma suposta provocação ao Partido dos Trabalhadores (PT) - negada pelo político à reportagem.

O carro em questão é um Passat Variant Turbo TSI 2004, emplacado com letras que formam uma ofensa em inglês e o número 1313. Vale lembrar que o ex-deputado foi um dos pivôs do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que é do PT - partido que usa o número 13 nas urnas.

É também o veículo mais barato da coleção. A perua azul de Cunha é avaliada na Tabela Fipe por R$ 29.279 e vem equipada com motor 1.8 turbo de 150 cv de potência. O câmbio podia ser manual de cinco marchas ou automático de seis.

O UOL Carros entrou em contato com Eduardo Cunha, que negou qualquer customização na placa ou relação com algum partido. "Esse carro foi comprado usado, logo ninguém escolhe placa", afirmou. Além disso, segundo o político, o carro sofreu perda total (também conhecida como PT) em 2016, antes do bloqueio dos bens. O motivo não foi revelado.

Outros dois veículos têm referências diretas aos tempos de Cunha como deputado federal. São dois carros da Ford, um Fusion e um Edge, ambos do ano 2013. A numeração das placas de ambos é a mesma, 1530, utilizada por Cunha na urna no período em que estava no MDB - atualmente o político pertence ao quadro do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

O Edge prata custaria hoje R$ 72.589. No ano de sua fabricação, o SUV era vendido em três versões, todas com motor V6 3.5 de 284 cv. A mais simples era a SEL e a mais completa era a Limited, que podia ter somente tração dianteira ou nas quatro rodas, a escolhida pelo ex-deputado.

Já o Fusion preto é avaliado em R$ 72.875 na Tabela Fipe e também tem tração nas quatro rodas. O sedã tem motor 2.0 turbo de 240 cv na versão Titanium. Era a mais completa da linha, que também tinha a opção do Fusion Hybrid, com motorização híbrida.

Completam a frota, com veículos registrados em nome da empresa 'Jesus.com', dois Porsche Cayenne e um Hyundai Tucson. Um dos modelos de luxo é prata e do ano 2006, da versão S, e custa hoje R$ 83.242. O motor V8 4.5 rende 340 cv. Um câmbio automático de seis marchas transmite força para as quatro rodas em um sistema sob demanda.

O mais novo é 2013. Também da versão S, o SUV azul da Porsche é avaliado em R$ 198.927, o mais caro da garagem de Cunha. Neste ano, já na segunda geração do modelo, o motor V8 4.8 tem 400 cv de potência. A tração também é nas quatro rodas e a transmissão é automática de oito marchas.

Os carros citados no processo estavam bloqueados desde outubro de 2016 por ordem do então juiz Sérgio Moro. Eles não podiam ser vendidos ou transferidos, mas permaneceram com membros da família de Eduardo Cunha, que ficaram como depositários dos veículos.

O bloqueio foi determinado na mesma decisão que mandou prender preventivamente o então deputado. A força-tarefa da Lava Jato afirma que os carros foram comprados com dinheiro de propina.

No contato com a reportagem, Cunha afirmou que apenas dois carros ainda existem. "A decisão abarca carros que nem existem mais, desde a época do bloqueio", afirmou. O político, no entanto, não quis revelar quais seriam esses veículos remanescentes.

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