Rua de terra com radares de mão dupla prova que na roça também tem 'pardal'

Que há muitos radares espalhados pelas ruas, estradas e avenidas, isso não é novidade para ninguém. Mas quem é que já sabia que eles também estão presentes nas estradas de terra, no meio da roça?

Um vídeo que viralizou nas redes mostra exatamente isso. Foi gravado por um ciclista que estava passando por uma via rural de mão dupla (ainda que bem estreita) e avistou dois radares do tipo "pardal", um para cada sentido de quem transita por aquele trecho.

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"Só no Brasil mesmo. Estrada de terra e com radar. É sério isso? Pior que não é sacanagem não, estou no meio da roça. Alguém colocou de sacanagem", é o que diz a pessoa que gravou o vídeo.

Naturalmente, uma via não pavimentada e estreita obriga que o motorista trafegue com velocidade reduzida. Quem desafia não costuma ser muito inteligente, pois a margem de erro é bem menor e as chances de estragar o carro são maiores. Mas será mesmo que justifica ter um radar nessas ocasiões?

As leis de trânsito entendem que sim

Consultamos Marco Fabrício Vieira, advogado, escritor e membro da Câmara Temática de Esforço Legal do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), que explica detalhes sobre a fiscalização em vias rurais e não pavimentadas.

Os equipamentos devem ser implantados quando a autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via entender ser necessário à fiscalização da velocidade máxima regulamentada para uma via terrestre aberta à circulação, seja urbana ou rural, independentemente de existir pavimentação, desde que se observem os requisitos técnicos previstos na Resolução nº 798/2021, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran)" Marco Fabrício Vieira

Ainda conforme o especialista, a Portaria nº 158/2022, do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), os medidores de velocidade utilizados na fiscalização de trânsito podem utilizar as seguintes tecnologias:

• Medidor de velocidade de sensores de superfície: instrumento cujo elemento sensor encontra-se instalado sob ou sobre a superfície da via, propiciando a medição da velocidade através da mudança das propriedades físicas deste sensor quando da passagem de um veículo.
• Medidor de velocidade óptico: instrumento que utiliza feixe de luz na região visível ou infravermelho do espectro eletromagnético, propiciando a medição de velocidade através do processamento da energia refletida no veículo alvo ou pela interrupção dos feixes provocados pela passagem de um veículo.
• Radar: instrumento que transmite e recebe ondas contínuas na faixa de micro-ondas, propiciando a medição da velocidade do veículo alvo através do efeito Doppler.

"Cabe ao órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário com circunscrição sobre a via determinar a localização, a sinalização, a instalação e a operação dos medidores de velocidade, realizando levantamentos e estudos técnicos prévios", diz Vieira.

"Os locais em que houver fiscalização de excesso de velocidade por meio de medidores do tipo fixo devem ser precedidos de sinalização com placa R-19 (velocidade máxima permitida), na forma estabelecida nesta Resolução e no Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito - Volume I (MBST-I), de forma a garantir a segurança viária e informar aos condutores dos veículos a velocidade máxima permitida para o local", complementa.

"Onde houver redução de velocidade, deve ser observada a existência de placas R-19, informando a redução gradual do limite de velocidade conforme MBST-I", finaliza.

E tal como muitos dos radares mais modernos, não deixam de servir como meios de identificação de carros roubados e furtados. Assim que os radares captam as imagens, elas são analisadas e enviadas para um servidor que, de forma automática, as correlaciona com o banco de dados da polícia.

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