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Uber clandestino: como motoristas do app fecham corrida ilegal mais barata

Robson Ventura/Folhapress
Imagem: Robson Ventura/Folhapress

Guilherme Menezes

Do UOL, em São Paulo

31/03/2023 04h00

Viagens clandestinas não são assunto recente. Com o aumento da quantidade de corridas realizadas no Brasil, após a chegada das plataformas de mobilidade, o problema se agravou ainda mais, apesar de todas as regulamentações que existem.

Hoje em dia, a modalidade mais comum desse tipo de transporte irregular são os próprios motoristas de aplicativo, pois alguns usam os programas da Uber, 99 e outros para se encontrar com o passageiro e atuar clandestinamente.

Chegando ao local do embarque, eles oferecem preços mais acessíveis do que o valor que o cliente pagaria, em troca da viagem ser realizada por fora, com o celular desligado.

Uma vez que ambas as partes estejam de acordo, a corrida pelo app é cancelada e se inicia a clandestina.

Assim, mesmo com o desconto dado ao passageiro, sobra mais para o condutor, pois as margens das empresas de mobilidade são completamente anuladas.

A reportagem acompanhou um grupo no Telegram voltado a motoristas de aplicativos. Por lá, ensinam os meios mais eficientes aos que querem realizar as corridas por fora.

Além disso, são frequentes os relatos de corridas que os motoristas comparam o preço oficial com o que ganham ao realizarem com o aplicativo desligado.

Quando a corrida for fechada por fora, não volte a ficar online até que você já tenha saído das proximidades do destino do passageiro. Jamais faça as negociações pelo chat também. Com esses cuidados, não será pego pela plataforma", ensina um integrante.

Por que a ideia jamais será boa de verdade

Por mais interessante que isso possa soar para quem vai aceitar esse tipo de transporte, os riscos são sempre altos, ainda que não sejam tão evidentes para muitos.

Nessa situação, o passageiro está desprotegido, caso aconteça algum acidente durante a viagem, ficando ele dependente do motorista para arcar com as despesas médicas. Fora o risco de segurança contra eventuais crimes cometidos contra o passageiro, pois ele deixa de estar amparado pelo monitoramento da plataforma" Eduardo Lima, presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo de São Paulo (Amasp).

"Acreditamos que, mesmo se os repasses da plataforma para os motoristas fossem ainda mais altos do que já são, mesmo assim, alguns deles não iriam deixar de encontrar algum jeito de ganhar sempre mais. Isso vai da índole da pessoa. Tem aqueles que trabalham baseados no que se ganha e de forma honesta, sem infringir nenhuma regra ou lei, mas existem aqueles que não estão nem aí para isso", completa.

Segundo a ANTT, "para fugir da fiscalização, os transportadores clandestinos optam, com frequência, por transitar em vias alternativas, por onde realizam percursos maiores, em estradas com más condições de manutenção. Conforme a Resolução nº 4.287/14, viagem clandestina estará sujeita a apreensão do veículo por 72h e multa no valor de R$ 7.428,32".

No site da entidade, está descrito que as fiscalizações do transporte clandestino são feitas, normalmente, por meio de operações ocorridas em rodovias. "São fiscalizados as condições gerais de segurança do veículo, cintos de segurança, saídas de emergência, tacógrafo (registrador instantâneo e inalterável de velocidade e tempo), iluminação, para-brisa, extintor de incêndio, pneus, habilitação dos motoristas, se possui autorização para realização do serviço prestado, entre outros itens", descreve.

Como se as consequências não bastassem, no grupo do Telegram diversos motoristas relatam que sofreram penalizações e até banimentos ao optarem pelo "caminho mais fácil". Isso mostra que as plataformas já estão em cima de quem comete esse tipo de ação.

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