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'Rita Jeep': relação com carro teve herança de família e até cobra roubada

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Imagem: Reprodução

Fernando Pedroso

Colaboração para o UOL

09/05/2023 12h15

"Rita Jeep/ Sujeita, você é um barato/ Terrivelmente feminina/ Com você eu faço um trato". Os versos de "Rita Jeep", música de Jorge Ben Jor, foram feitos em homenagem a Charles, o Jeep Willys que era de Rita Lee. O cantor morava em São Paulo e ficou amigo da cantora, que morreu nesta terça-feira (9) em decorrência de um câncer de pulmão.

A relação da cantora com o Jeep vem de sua infância. Charles era o pai dela, dono original do carro e que ela acabou comprando e personalizando.

Falar de Jeep é comigo mesma porque desde criança eu tenho a presença dele. Era uma pessoa da família" Rita Lee, ao podcast Papo de Jeepeiro, em 2021

"Jeep foi meu primeiro carro e não tem igual. Não dá para explicar o que é ser jeepeira. É uma liberdade. É um ar que entra. É uma estética. Passei momentos maravilhosos com o meu", afirmou.

Rita contou que o pai dela era dentista e tinha um consultório no centro de São Paulo. Ia trabalhar de bonde, até o dia que anunciou a compra de um carro, o Jeep. A cantora contou que foi passear pela "floresta do Ibirapuera", como era conhecida a região do parque na época, e acabou se apaixonando pelo carro.

"Ele chegava em casa e punha um cobertor em cima do motor. Todo mundo limpava o carro, dava um trato na roda, aquela coisa toda. Era um membro da família", contou.

Rita Lee também contou sobre as aventuras na região do Morumbi, bairro de São Paulo que na época era formado por fazendas que exigiam a tração 4x4. Até que um dia Charles se aposentou e deixou o carro parado na garagem.

"Um belo dia falei 'pai, você me vende o carro'?", conta ela, que comprou o Jeep por dois mil cruzeiros. "Era barato, coisa de pai."

Jeep é o carro. Eu tinha uma afinidade tão grande com o Jeep, que eu via os outros carros eu achava os outros carros horríveis, sem estilo. Até o nome: Jeep. É uma coisa de você engatar a primeira e sair com aquela máquina forte, que te defende"

Charles, o Jeep, virou o carro de uso diário de Rita Lee, usado para ensaios e passeios. Foi pintado de salmão, ganhou pneus largos e janelas redondas na traseira. O carro foi protagonista até de uma história envolvendo cobras e o cantor americano Alice Cooper.

"Um dia fui ver o Alice Cooper e peguei um dos lugares na primeira fila. Até que ele pega uma cobra viva e começa a chacoalhar. Ele pisava na cobra e eu comecei a ficar com ódio. Quando acabou o número, o roadie levou o animal para a coxia", conta.

Ela subiu nos bastidores do show, questionou o tratamento do cantor com a cobra e descobriu uma segunda serpente que estava sendo treinada. "Passei a conversa, sequestrei o roadie e as levei para casa. Comprei um aquário com comida e luz e as criei, me achando a Cleópatra."

Um dia Rita resolveu soltar os animais em um sítio em Ibiúna (SP), onde passaria alguns dias ensaiando. Libertou os animais até que, no dia de ir embora, encontrou as duas cobras sobre o capô do Jeep - e as levou de volta para casa.

O Jeep foi seu carro de uso por quase toda a sua vida, até ter um "fim trágico" em empréstimo a quem chamou de "falso amigo".

"Um dia ele me ligou bem maldito e disse 'joguei seu Jeep de cima do Minhocão, não restou nada. O ferro velho já levou e amassou' e pá! Desligou na minha cara. Foi como perder um parente", contou, entristecida.

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