'Anjo da guarda' é aposta para combater atropelamentos por ônibus em SP
Item de segurança obrigatório nos ônibus em circulação no Brasil, o equipamento conhecido como "Anjo da Guarda" impede a movimentação do veículo até que as respectivas portas sejam completamente fechadas.
Contudo, esse mecanismo nem sempre está presente nos coletivos, apresenta defeito ou é deliberadamente desligado.
A ausência, o mau funcionamento e, sobretudo, a adulteração do item estão entre as causas do preocupante número de atropelamentos de pedestres por ônibus na cidade de São Paulo no primeiro semestre.
Segundo o Infosiga, banco de dados de acidentes de trânsito gerenciado pelo governo paulista, nos quatro primeiros meses de 2023 houve pelo menos 29 acidentes fatais envolvendo ônibus na capital.
Muitos desses óbitos aconteceram devido ao atropelamento de passageiros, justamente durante o embarque e o desembarque - situação que deixa vulneráveis idosos e outras pessoas com mobilidade reduzida.
Devido ao problema, a Prefeitura de São Paulo informa que, desde março, intensificou a fiscalização dos itens de segurança dos ônibus da cidade - incluindo o "Anjo da Guarda".
Empresa municipal responsável pela gestão do sistema de transporte público de passageiros da cidade, a SPtrans informa que, "em março, enviou carta a todas as concessionárias determinando a instalação de lacres ou etiquetas a fim de evitar a violação do bloqueador de portas, para que ele não seja avariado ou alterado".
A companhia acrescenta que fiscaliza o equipamento "de forma permanente" e, quando constata irregularidades, o veículo é lacrado e impedido de operar até que tenha sido providenciado o respectivo conserto.
Além disso, a concessionária é autuada em R$ 792, valor que dobra em caso de reincidência, diz a SPTrans.
Reciclagem de motoristas
Outra medida anunciada pela Prefeitura é a criação de um curso obrigatório voltado à segurança no trânsito para os motoristas de ônibus.
A SPTrans diz que fiscaliza os treinamentos, realizados pelas concessionárias e que têm carga horária de 24 horas e divisão em três módulos.
A empresa afirma, ainda, que, desde abril, mais de três mil condutores de ônibus já se submeteram a duas horas de treinamento teórico e seis horas de treinamento prático de prevenção contra sinistros, direção segura e respeito às leis de trânsito.
O primeiro módulo do curso deverá se estender até 30 de junho.
Ponto cego
Devido ao grande tamanho, os ônibus sofrem mais do que veículos menores com o chamado ponto cego - que designa áreas que não são visíveis pelo condutor, mesmo com o uso do espelho retrovisor.
Esse problema explica muitos acidentes e os mais vulneráveis são os pedestres, os motociclistas e os ciclistas.
Em outros países, os coletivos contam com sistemas eletrônicos que utilizam câmeras e sensores de presença para minimizar o problema.
São tecnologias que já podem ser encontradas em carros de passeio comercializados no Brasil, inclusive modelos fabricados aqui.
Só que a maioria dos ônibus que circulam em nossos países não traz essas tecnologias mais avançadas.
Na cidade de São Paulo, desde 2019 os coletivos trazem adesivos amarelos e redondos nas respectivas laterais para alertar sobre a localização dos pontos cegos desses veículos.
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