Calotes milionários: por que donos de carrões optam por não pagar IPVA
Entre os 10 maiores devedores de IPVA no estado de São Paulo, quatro são donos de Ferrari e cinco de Lamborghini. Dinheiro parece não ser o problema para quem é dono destes supercarros de luxo, então por que tais proprietários acumulam dívidas devido ao não pagamento do IPVA?
O alto custo do imposto, 4% do valor da Tabela Fipe, faz com que muitos proprietários de supercarros deixem os débitos em aberto. Preferem investir o valor que seria gasto com impostos e abater a dívida no momento em que o veículo for vendido. Também vale salientar que, segundo a lei, dívidas de IPVA prescrevem após cinco anos.
Com as atuais taxas de juros, há quem olhe para o que tem investido e calcule que, somando o não pago ao Estado, só com o rendimento de uma aplicação pagaria esse valor num ato de venda.
Em compensação, valores em aberto impedem o veículo de ser licenciado e o mesmo pode ser retido caso seja parado em uma blitz, além de multa de R$ 293,47 e sete pontos na carteira de habilitação. Devido à inadimplência, devedores também são incluídos no Cadin Estadual (Cadastro Informativo dos Créditos não Quitados de Órgãos e Entidades Estaduais). A maioria dos carros, porém, está em nome de pessoas jurídicas e não físicas.
Mas o calote não é regra no segmento. É praxe, na hora da venda, consultar os débitos e descontar o valor devido como impostos e multas.
O argumento das multas existe, mas há uma falsa crença de que os carros esportivos estão no nome de PJs apenas por isso. Outros motivos são segurança e privacidade. Colocar o carro em nome de uma empresa pode proteger o proprietário.
Perrengues chiques
Proprietários de superesportivos reclamam do estado das vias, que têm piorado nos últimos anos.
Eles também relatam falta de peças, estrutura para importação e escassez de mão de obra especializada na manutenção.
Falta de peças é outro incômodo relatado. Pastilhas de freio, jogos de velas, correias de acessórios ou filtros costumam ser encontrados com certa facilidade. Qualquer coisa fora do ordinário tende a requerer importação.
Fazer seguro é uma questão pessoal, mas algumas seguradoras ou não aceitam o modelo ou cobram prêmios proibitivos.
A base das seguradoras para calcular o risco indenizável toma por base o valor da Tabela Fipe. O problema é que em carros mais antigos esportivos, a tabela não serve como referência, pois há uma distorção relativamente ao valor de mercado efetivo do carro.
Fontes: Bruno Rodrigues, especialista em finanças pessoais; Paulo Korn, da Car Chase Consultoria Automotiva
*Com matéria de janeiro de 2024
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