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Fiat Uno guardado por quase 30 anos em galpão continua 0 km e é cobiçado

Alessandro Reis

30/05/2023 04h00Atualizada em 05/06/2023 09h49

O termo "carro popular", que voltou à discussão no Brasil, nasceu na década de 1990 e se referia originalmente a modelos "pelados" com motor 1.0 e benefícios fiscais. O Uno Mille original foi um dos modelos que marcaram essa época, mas o hatch da Fiat também tinha opções um pouco mais caras, potentes e equipadas.

Foi o caso da versão S do Uno com motor 1.5 e injeção eletrônica de combustível, que ia um pouco além do básico. Existe um exemplar 1994 dessa configuração que permanece do mesmo jeito como saiu da linha de montagem e ficou guardado em um galpão durante quase três décadas.

Cobiçado por colecionadores, o Uno S 1.5 i.e. a gasolina com pintura prata e carroceria de duas portas impressiona pelo estado de conservação e também pela originalidade.

O plástico de proteção do assoalho até hoje permanece no veículo, sem falar nos pneus e nos adesivos de fábrica no para-brisa.

Máquina do tempo: painel do Fiat Uno 1994 marca atualmente pouco mais de 640 km rodados - Reginaldo de Campinas - Reginaldo de Campinas
Máquina do tempo: painel do Fiat Uno 1994 marca atualmente pouco mais de 640 km rodados
Imagem: Reginaldo de Campinas

Contudo, o que mais chama a atenção é o hodômetro do painel, que marca pouco mais do que 640 km rodados. No mercado de veículos de coleção, uma quilometragem tão baixa faz com que esse Uno seja equiparado a um veículo zero-quilômetro.

Essa verdadeira máquina do tempo foi descoberta no galpão de uma propriedade rural em Itápolis, no interior de São Paulo, no ano de 2021 - portanto, durante a pandemia do coronavírus.

Fiat Uno 1994 durante resgate durante galpão de propriedade rural onde foi cuidadosamente guardado - Repdodução - Repdodução
Fiat Uno 1994 durante resgate durante galpão de propriedade rural onde foi cuidadosamente guardado
Imagem: Repdodução

Quem conta a história é o negociante de carros Reginaldo Ricardo, o Reginaldo de Campinas, especializado em garimpar veículos nacionais pouco rodados pelo País.

Segundo Reginaldo, o Uno S 1.5 foi adquirido do seu primeiro dono há cerca de dois anos por outro comércio de carros clássicos: a Brunelli Veículos antigos, também localizada em Itápolis.

"Esse Fiat Uno foi revendido para um colecionador de automóveis que morava na Bahia e morreu recentemente. Foi então que a viúva mandou o carro para eu revender aqui em São Paulo, juntamente com outros quatro automóveis da mesma coleção. Acabei de encontrar um novo dono para o Fiat", diz Ricardo, sem dar detalhes sobre o negócio.

Quanto vale o Uno 1994 zerado

Fiat Uno 1.5 S 1994 mantém pintura original sem retoques inclusive na parte externa do assoalho - Reginaldo de Campinas - Reginaldo de Campinas
Fiat Uno 1.5 S 1994 mantém pintura original sem retoques inclusive na parte externa do assoalho
Imagem: Reginaldo de Campinas

Reginaldo de Campinas prefere não falar em preços, mas outro comerciante de carros clássicos diz ser factível que o Uno 1994 tenha sido comercializado por cerca de R$ 90 mil - preço impensável antes da pandemia, marcada por uma disparada nos preços de veículos antigos colecionáveis.

Unidades como essa, com baixíssima quilometragem, costumam ser bastante valorizadas e disputadas. Conheço colecionadores de Fiat que já têm determinado modelo na garagem, mas querem um exemplar ainda menos rodado. Quando encontram o que buscam, tratam logo de comprar e põem para venda o exemplar que já possuíam" Silvio Luiz, sócio da loja Old is Cool Motors

Silvio acrescenta que achados como o Uno de Itápolis costumam ter grande valorização, principalmente se o vendedor não tiver tanta pressa para fechar negócio.

Por que o Uno rodou tão pouco

Detalhe da lanterna traseira, original e em ótimo estado; Uno parece ter acabado de sair da concessionária - Reginaldo de Campinas - Reginaldo de Campinas
Detalhe da lanterna traseira, original e em ótimo estado; Uno parece ter acabado de sair da concessionária
Imagem: Reginaldo de Campinas

Conforme Reginaldo Ricardo, o Fiat Uno S 1994 foi adquirido zero-quilômetro por um agricultor de Itápolis. O negociante não sabe dizer se a compra do hatch foi realizada como uma espécie de poupança contra a hiperinflação - estratégia comum no Brasil durante a década de 1980 e o início dos anos 1990.

Foi assim com um caminhão Mercedes-Benz 1618 1990 que Ricardo encontrou há alguns anos com apenas 40 km marcados no painel.

Especificamente sobre o Uno 1994, Reginaldo de Campinas diz que o veículo praticamente não foi utilizado e só rodou o suficiente para viabilizar as manutenções periódicas e permanecer em boas condições de uso.

"O dono desse Uno, da mesma forma que outros produtores rurais, utilizava um pequeno caminhão para vender suas mercadorias a mercados e outros varejistas na cidade. Assim, o Uno acabou ficando tanto tempo na garagem, sem rodar praticamente".

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