Como estreia de picape brasileira pode fazer Ram virar a 'nova Jeep'
Vitor Matsubara
Colaboração para o UOL, de São Paulo (SP)
22/06/2023 04h00
Resumo da notícia
- Assim como a Jeep, Ram foi de marca pouco conhecida a referência na categoria
- Marca já apresenta desempenho expressivo mesmo sem a Rampage
- Nova picape tem tudo para turbinar vendas da Ram no mercado brasileiro
Não é exagero dizer que a Rampage é o lançamento mais importante da história da Ram no Brasil. A novidade representa a entrada da marca em um segmento até então inexplorado pela própria empresa.
O projeto desenvolvido inteiramente no Brasil também seria um marco nos Estados Unidos, onde a picape já está sendo testada e deve ser lançada para enfrentar a concorrência da Ford Maverick, que vem apresentando ótimos números de venda por lá.
Enquanto isso não acontece, o Brasil (e outros mercados da América Latina, em um segundo momento) terão a primazia de conhecer a primeira picape da Ram fabricada no país.
A Rampage é o quinto produto produzido na moderna fábrica da Stellantis, em Goiana (PE), ao lado dos Jeep Renegade, Compass e Commander e da Fiat Toro. E embora os executivos da empresa prefiram ser cautelosos, a picape tem tudo para elevar a Ram a um novo patamar. Algo muito parecido com o que houve com a Jeep.
Ascensão meteórica
Antes de falar da Ram, é preciso entender a transformação ocorrida com a Jeep. No começo da década, a marca estava mergulhada em um ostracismo que não condizia com sua rica história.
Tudo mudou com a criação da FCA Fiat Chrysler Automobiles, originada após a compra da Chrysler pela Fiat. Então presidente da marca italiana, Sergio Marchionne cravou que a Jeep seria a marca com maior potencial de crescimento dentro do quase falido grupo norte-americano.
Resultado: a Jeep renovou sua gama de produtos e, no caso do Brasil, ergueu a fábrica pernambucana para fazer SUVs. Juntamente com uma profunda campanha de relançamento da marca, a Jeep lançou o Renegade, até hoje o seu maior sucesso no mercado brasileiro. A estratégia ganhou mais força com as chegadas de Compass e Commander, que lideram suas categorias com folga.
A evolução da Ram
Além de jogar suas fichas na Jeep, o italiano tomou outra decisão que se mostraria acertada. Marchionne transformou a Ram, até então uma linha de produtos da Dodge, em uma marca com identidade e operação próprias.
A partir daí, a Ram modernizou a 2500 e trouxe uma série de produtos para o Brasil. Em três anos vieram a esportiva 1500 Rebel, a gigantesca 3500, a Ram Classic e, mais recentemente, a luxuosa 1500 Limited.
Esses lançamentos fizeram a Ram bater recordes de vendas. Em 2022, a marca emplacou quase 4 mil unidades. O volume que já parecia expressivo foi rapidamente superado só no primeiro semestre de 2023 - e tudo isso sem a Rampage.
Mais lojas
Prevendo uma grande procura pela nova picape, a Stellantis decidiu ampliar a rede de concessionárias. A meta é fechar o ano com pelo menos 100 revendas espalhadas em todas as regiões do país.
Algumas dessas lojas, inclusive, são chamadas de Ram House, um conceito que foge do modelo tradicional de concessionária. A decoração é inspirada nos celeiros de cavalos dos Estados Unidos e aposta na sofisticação. A ideia é fazer da revenda um local para eventos. Não há mesas para os vendedores: toda a conversa com o cliente é realizada de forma informal em sofás e poltronas.
Será a nova Jeep?
Dadas as devidas proporções, a Ram pode, sim, seguir os passos da Jeep - ainda que com algumas diferenças.
"O que a Jeep fez a gente pretende de alguma forma reproduzir na Ram, embora eu diria que (a Rampage) seja algo (em termos de produto) mais próximo do Compass do que Renegade", afirmou Breno Kamei, vice-presidente da Ram América do Sul.
A observação do executivo faz sentido. A Rampage enfrentará a concorrência das picapes médias, assim como o Compass encara os SUVs médios. Entretanto, a Rampage se destaca pela política bastante agressiva de preços: o modelo parte de R$ 239.990 e chega a R$ 269.990 na versão R/T.
Além dos valores competitivos, a picape traz um generoso pacote de equipamentos, especialmente no que diz respeito à segurança. A Rampage sai de fábrica com um completo pacote de assistências à condução, incluindo alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência, assistente de permanência em faixa de rolamento com correção de trajetória e sensor de pontos cegos. Muitos destes itens não estão presentes nas concorrentes, sendo que algumas delas não os oferecem sequer como opcionais.
A Ram não divulgou projeções de vendas nem participação de cada versão. Mas não é difícil imaginar que a Rampage será o carro-chefe da marca no Brasil, contribuindo de forma decisiva para turbinar as vendas da empresa por aqui.
E olha que os resultados da Ram já são bons apenas com modelos importados. Somente em maio, a marca registrou 738 emplacamentos. Nos cinco primeiros meses do ano, a fabricante emplacou 4.012 picapes, alta de 466% sobre o volume no mesmo período de 2022. Com o reforço da Rampage, não é difícil imaginar que a Ram fechará o ano com um volume ainda melhor.
Quer ler mais sobre o mundo automotivo e conversar com a gente a respeito? Participe do nosso grupo no Facebook! Um lugar para discussão, informação e troca de experiências entre os amantes de carros. Você também pode acompanhar a nossa cobertura no Instagram de UOL Carros.