Kombi da Elis Regina é cobiçada pelos gringos e vale uma fortuna
Fora de linha desde o fim de 2013, a Volkswagen Kombi tem sido falada como nunca devido ao comercial que "reviveu" Elis Regina, que morreu em 1982, aos 36 anos.
Utilizando inteligência artificial, o vídeo mostra a cantora ao volante de uma Kombi Corujinha ao lado da novíssima ID.Buzz - releitura 100% elétrica da famosa perua, guiada por Maria Rita, filha de Elis.
A peça publicitária, assunto mais comentado nas redes sociais nos últimos dias, tem dividido opiniões pelo uso da imagem da cantora. Controvérsias à parte, a propaganda colocou em evidência a Corujinha.
O apelido fofo que remete ao pássaro de olhos grandes designa a primeira geração da Kombi, fabricada no Brasil entre 1957 e 1975 e que tem atingido preços altíssimos no mercado de carros clássicos - principalmente fora do Brasil.
Corujinha cobiçada
A Kombi é um dos primeiros veículos automotores produzidos em nosso País e tem ficado cada vez mais valorizada - principalmente se for da primeira geração, chamada de Corujinha devido ao friso na dianteira que lembra o bico do pássaro.
Especializado em veículos antigos originais e pouco rodados, o negociante Reginaldo Ricardo Ricardo - o Reginaldo de Campinas - explica a elevada valorização da Kombi no exterior, com preços que chegam a dezenas de milhares de dólares.
Segundo ele, como a oferta do modelo fora do Brasil é escassa, os estrangeiros recorrem ao mercado brasileiro para garimpar exemplares em boas condições, pagando em dólar ou euro.
"A maior procura é mesmo pela Corujinha. Na Europa, restam poucas unidades em bom estado. Lá neva, e eles usam sal para derreter o gelo na estrada. Daí, apodrece tudo. Além disso, importar do Brasil é barato para quem tem moeda forte, mesmo com todas as taxas e impostos", esclarece Reginaldo.
Ainda que o projeto não tenha se modificado tanto ao longo de todos os 56 anos em que foi produzida e vendida no Brasil (entre 1957 e 2013), a van viveu várias eras. Até 1975, era a famosa 'corujinha' que desfilava pelas vias.
Na sequência, recebeu as alterações visuais que, junto de componentes do Gol no interior, a acompanharam até o fim de sua trajetória. A despedida da Kombi foi a Last Edition, equipada com o motor 1.4 flex que era oferecido desde 2006, e com produção de 1.200 unidades.
Conversamos com Joel Picelli, oficial da Picelli Leilões, que conta ao UOL Carros mais detalhes sobre o mercado das Kombis brasileiras que vão para o exterior. Joel ressalta que é imprescindível que a Kombi esteja em ótimo estado de conservação. Além disso, diferencia o mercado europeu do americano.
"O que é observado é o perfil de mercado na Europa e nos EUA. Enquanto as Kombis que vão para os norte-americanos costumam ser anunciadas, os europeus que as importam já são os clientes finais", afirma o especialista.
"Ultimamente tem ido muitas Last Edition sem uso para Europa, por serem as últimas unidades fabricadas no mundo. Outras muito procuradas são as "clipper", que são os modelos a ar e com teto baixo. O Brasil se destaca pela maior oferta de Kombis e de seus componentes", afirma o especialista.
Além disso, tal como Reginaldo de Campinas, Joel destaca que o dólar é um grande estímulo para os exportadores. De todo o modo, lembra que esse trabalho não é tão simples e costuma ser vantajoso para quem tem um modelo de negócio voltado a esse tipo de comércio.
Uma Kombi Corujinha pode valer até US$ 60 mil (cerca de R$ 290 mil na conversão direta) para envio aos Estados Unidos, no caso das versões de seis portas e Luxo" Reginaldo de Campinas
Ele destaca o reconhecimento que os estrangeiros dão para quem está levando os carros para os outros países".
"Se algum brasileiro desconhecido chega nos EUA ou na Europa com sua Kombi, terá muito mais trabalho para encontrar e convencer o mercado de que seu veículo é bom. Além disso, essas pessoas têm mais dificuldade de conseguir um valor mais elevado também", conclui.
Com o aumento da exigência do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) desde 1º de janeiro de 2014, não teve como a produção da Kombi continuar. Com a obrigatoriedade dos freios ABS e airbags de série, o tão longevo projeto da van não admitiu os itens de segurança. De todo o modo, é um carro eternizado pelos brasileiros e por vários no mundo.
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