Carro mais vendido: por que liderança da Volkswagen dificilmente vai durar

O mês de junho fechou um novo líder nas vendas, o Volkswagen Polo. O modelo mais barato da montadora alemã não é nenhum novato no mercado brasileiro, mas precisou assumir o papel de carro de entrada da marca desde o fim do Gol após 42 anos, 27 deles terminando como o carro mais vendido do Brasil.

Para enfrentar esse desafio de substituir seu best-seller, a Volkswagen despiu o Polo e criou uma nova versão de entrada, a Track. Perdeu itens como rádio, portas USB e volante multifuncional e é até fabricado em local separado das outras versões. O Track sai de Taubaté, enquanto as outras de São Bernardo do Campo.

A liderança no mês, no entanto, não deixa o Polo em posição de fechar o ano à frente. No acumulado do ano o hatch tem 37.722 unidades vendidas, muito atrás da Fiat Strada, que emplacou 50.546 carros, e do Chevrolet Onix, com 44.113.

"Não vejo o Polo como carro capaz de liderar por quase 30 anos como o Gol. Ainda que seja o carro de entrada da marca, está em um patamar de preço superior. O mercado é outro", opina Milad Kalume Neto, consultor da Jato, especializado no setor automotivo.

Em seu auge, o Gol era vendido em versões básicas e em um mercado com menos marcas disputando essa fatia. Segundo o consultor, o consumidor ficou mais exigente.

O Polo é vendido com quatro airbags, freios ABS, controles de tração e estabilidade, auxiliar de partida em rampa, além dos onipresentes hoje em dia: ar-condicionado, direção elétrica e vidros e travas elétricos.

E isso tem um preço. O Polo Track parte de R$ 81.370, sem os descontos do governo, e vai para R$ 82.290 se equipado com rádio com comandos no volante, antena e alto-falantes.

O preço é bem acima da entrada do mercado de R$ 68.990, valor pedido por Fiat Mobi e Renault Kwid, que ocuparam os respectivos quinto e nono lugar no ranking de junho. Era neste mercado que o Gol brigava junto a Fiat Palio e Uno quando liderava as vendas.

"Polo e Gol só coincidem em ser carros de entrada, mas são completamente diferentes", conclui Milad.

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E até o posto de Volkswagen mais barato corre risco. A montadora anunciou um investimento de R$ 5,2 bilhões no Brasil até 2026 e foco nos segmentos que chama de A0 e A, ou seja, carros de entrada. Com o sucesso dos SUVs, um carro nesse estilo pode ser uma aposta para assumir esse lugar de, enfim, substituir o Gol.

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