Haval H6 x Corolla Cross: qual SUV híbrido compensa mais pelo mesmo preço?
A eficiência dos carros não para de evoluir. Só que, como nunca antes, os chineses conseguiram aliar o mesmo nível de desenvolvimento de novas tecnologias com preços mais reduzidos. Isso os coloca cada vez mais no radar do mercado - para a alegria dos consumidores e para o medo das marcas veteranas no Brasil. E o híbrido dos nossos testes é um dos maiores representantes dessa nova realidade.
O GWM Haval H6 HEV tem tamanho de SUV grande, mas preço de médio, uma vez que custa R$ 214 mil. Isso é apenas R$ 3 mil a mais do que a versão de topo do japonês Toyota Corolla Cross híbrido, utilitário esportivo que aparece com bom volume de vendas.
O UOL Carros teve a chance de andar recentemente com os dois modelos e tira a dúvida: será que o SUV chinês chega para complicar a vida do rival japonês no segmento que não para de crescer?
Design
Haval H6 explora diversos elementos tridimensionais e linhas mais abauladas para conferir tanto a sensação de movimento para a carroceria, quanto passar a impressão de requinte e robustez. Em alguns pontos, parece até ter se inspirado na linguagem visual adotada pelos alemães, que apostam em uma estética mais sóbria
Destacam-se os elementos 3D presentes na enorme grade dianteira, faróis de LED com projetores robustos e linhas externas mais afiladas, demarcação de superfície que promovem efeito de profundidade, bem como lanternas de LED unidas por uma barra luminosa que atravessa a tampa do porta-malas
O Corolla Cross, por sua vez, destaca-se pelos faróis espichados na dianteira e também para o "ombro" dos para-lamas traseiros que avançam sobre as portas. Também conta com lanternas finas na horizontal e aplique na parte interior do para-choque na mesma cor da carroceria
Na comparação, o japonês é o que ousa menos, ainda assim, com exceção à "marmita" do escapamento que aparece sob o pára-choque traseiro, é bem bonito e, por isso, vem agradando o mercado
Vida a bordo
Quanto ao espaço interno, o modelo da Toyota traz conforto dentro da média para a sua categoria, mesmo sem se destacar em nenhuma medida. Dois passageiros de média para alta estatura conseguem se acomodar bem no banco de trás, mas um terceiro ocupante vai se apertar com o túnel central elevado
Por outro lado, tanto na frente quanto atrás os bancos são bastante confortável, enquanto o ar-condicionado de duas zonas de temperatura tem saídas exclusivas para quem vai no banco traseiro
Quanto ao GWM, a sua carroceria de SUV grande garante que, naturalmente, todos os quesitos relacionados à segurança serão superiores em relação ao japonês. Atrás cabem três adultos com conforto e o seu porta-malas é maior (560 litros ante 440 litros do Corolla Cross)
Aos que curtem interagir com as telas e com a parte de conectividade, o H6 se sobressai, justamente por conta da maior oferta de recursos, formas de utilização e até modernidade da interface. No cluster digital do Haval, é possível saber, inclusive, a posição de carros, motos e veículos grandes, com desenho que diferencia cada um deles.
O H6 leva mais uma vez no quesito de acabamento, uma vez que tem materiais sensíveis ao toque em toda a parte (menos na superfície superior da segunda fileira). Já o Corolla Cross se deixa levar mais pela utilização dos plásticos rígidos
Dirigibilidade
A maciez é o maior destaque de ambos, mas o Corolla Cross tem ligeira vantagem com relação à firmeza para curvas mais "afiadas". Entretanto, não notamos diferença na estabilidade e na previsibilidade ao volante (para nenhum dos dois). Além do mais, enquanto o japonês tem mais agilidade no comportamento dinâmico, o chinês tem respostas um pouco mais lentas, seja ao curvar, ou na hora de frear
A situação se inverte na hora de pisar fundo no acelerador. Do lado do chinês, o Corolla Cross se "arrasta". Nos testes de retomada que realizamos, mesmo sem a realização de medições, vemos como esse comportamento - até esportivo - acaba se repetindo
Mas o fato de a suspensão do GWM não ser tão firme (algo que, por sua vez, ocorre com ele na versão PHEV) penaliza a aderência do chinês nas arrancadas. Notamos que, em algumas situações, os pneus destracionam e chegam até a quicar. Ainda que não tenha demonstrado mudanças de direção nessas horas, é melhor andar sempre com os controles de segurança ativos
Consumo e desempenho
Segundo o Inmetro, o Toyota ainda é o vencedor de consumo. Enquanto o Haval faz 13,8 km/l na cidade e 12 km/l na estrada, o Corolla Cross cravou incríveis 17,8 km/l na cidade e 14,7 km/l na estrada, no programa de etiquetagem. Vale destacar que todos os números apresentados foram obtidos com gasolina nos tanques
Por outro lado, de tão "leve" que foi o nosso pé direito no acelerador do GWM, o computador de bordo chegou a indicar 16 km/l na cidade. Ainda assim, é melhor, de todo modo, ficarmos com a homologação, que tende a ser mais confiável
Em uma ultrapassagem na estrada, o chinês fala mais alto. É capaz de ir até 100 km/h em 7,9 segundos e chegar aos 175 km/h. O Toyota, por sua vez, fica bem para trás com os seus 13 segundos até 100 km/h e máxima de 170 km/h
O que explica isso podemos encontrar sob os capôs. O GWM tem motor 1.5 turbo que, com a unidade elétrica, gera 243 cv e 54 kgfm de forma combinada. No japonês, seu motor 1.8 16V com ciclo Atkinson, junto do elétrico, sustentam 120 cv e 16,6 kgfm combinados. O Corolla Cross, porém, é o único flex entre os dois modelos comparados
Equipamentos e segurança
No GWM, há itens como sete airbags, atualização de software via nuvem, central multimídia com tela tátil de 12,3 polegadas, painel digital de 10,2 polegadas, controles de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampas, controle de velocidade em descidas, bancos revestidos em couro, ar-condicionado digital com duas zonas de temperatura, seletor de modos de condução (Normal, Eco, Sport e Neve), freio de estacionamento elétrico, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, câmera com visão em 360 graus e porta-malas com acionamento elétrico
Na segurança, o SUV chinês oferece um pacote completo com alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência, assistente de permanência em faixa de rolamento, leitura de placas de trânsito e alerta de tráfego cruzado traseiro
O H6 ainda é capaz de alertar sobre a aproximação de veículos antes de os passageiros deixarem o veículo e pode realizar manobras de marcha a ré de forma autônoma por uma distância de até 50 metros, reproduzindo o trajeto realizado anteriormente caso o motorista precise voltar em uma rua apertada
O Toyota Corolla Cross, por sua vez, tem teto solar elétrico, que não é panorâmico, ar-condicionado digital de duas zonas com saídas para o banco traseiro, ajustes elétricos do banco do motorista, acabamento interno em couro sintético, seletor de modos de condução, central multimídia com tela de 10 polegadas e painel de instrumentos parcialmente digital, com tela de sete polegadas
Partindo para a segurança, o japonês vem com sete airbags e monitoramento da pressão dos pneus, bem como os obrigatórios freios ABS - sem contar os controles de tração e estabilidade com assistente de partida em rampa
Além disso, as cinco configurações vêm de fábrica com sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, bem como o pacote Toyota Safety Sense. O pacote reúne vários recursos de assistência à condução: alerta de colisão com frenagem automática de emergência, controle de velocidade adaptativo (que mantém distância do veículo à frente), alerta de ponto cego, farol alto automático, alerta de tráfego traseiro e assistente de manutenção de faixa que corrige o volante
Veredito
Para quem prioriza atributos como condução equilibrada e economia de combustível, o Corolla Cross pode ser a melhor pedida.
Em compensação, por quase o mesmo preço, o GWM entrega mais tamanho, mais tecnologia, auxílios à condução, acabamento, conectividade, acelerações e espaço interno.
De forma alguma isso faz do Corolla Cross um carro inferior, justamente porque continua sendo um excelente produto. Acontece que, pelo fato de ser o mesmo preço do Haval, torna-se uma compra mais discutível, dadas todas as argumentações que pesam a favor do novato. Por isso, o SUV chinês tem o que precisa para conquistar cada vez mais participação de mercado no Brasil.
Por fim, vale destacar que, com porte similar, também aparece o Caoa Chery Tiggo 8 Pro - que, ao contrário do GWM, pode ser plugado na tomada, mas custa R$ 239.990. Outro chinês é o BYD Song Plus (com tecnologia similar ao Tiggo 8 Pro), por R$ 269.990.
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