Como óleos mais baratos podem ser produtos antigos que afetam o seu motor
Para muitos, óleo de motor é tudo igual. Já os menos leigos até podem saber (com razão) que cada carro requer um tipo específico de óleo, mas acabam "morrendo na praia" por acharem que a melhor compra é a união do que o manual do veículo diz, com os lubrificantes mais baratos que se pode encontrar. Aos que prezam pela proteção do motor, isso se torna um tiro no pé, pois uma série de informações importantes acabam ignoradas.
Sabia que, entre elas, estão alguns indicativos de que o produto pode ser antiquado? Pois acontece que uma grande parte daqueles que escolhem apenas entre os óleos mais baratos levam para casa um modelo cuja base de sua formulação foi desenvolvida até mesmo no início dos anos 2000.
E não estamos falando do óleo mineral, que é o tipo mais simples - e naturalmente antiquado - de todos e cujas especificações, há um bom tempo, já não coincidem mais com os manuais de modelos novos e seminovos. Aos que querem preservar a vida útil do motor ao máximo, o verdadeiro ponto de atenção mora na categoria dos semissintéticos, que é o "degrau de cima" de qualidade.
Como assim?
Óleos minerais ainda são vendidos e, hoje em dia, ainda têm sido utilizados pelos donos de carros mais antigos (cujos motores demandam as especificações de viscosidade que podem ser encontradas nessa categoria de produtos). Os veículos clássicos até poderiam (e deveriam) usar um óleo mais tecnológico, mas dependendo da especificação requerida, pode acabar sendo difícil de encontrar
Mesmo para os carros mais antigos, os principais pilares da lubrificação ainda valem. Entre eles, estão a tolerância à temperatura, ao atrito, à contaminação, a presença do poder limpante e antiespumante, da troca de calor, a própria vida útil em si, entre outros
Já os óleos semissintéticos são uma mistura entre o tipo mineral e o sintético (este que é o lubrificante mais moderno). Com isso, ao mesmo tempo que conseguem ser bem mais baratos do que os do tipo sintético (que ocupam o "topo da prateleira"), têm uma quantidade de opções de produtos muito maior e com diversas possibilidades de viscosidades diferentes. Por isso, acabam atendendo a uma maior variedade de carros
O ponto de atenção que levantamos acerca dos óleos semissintéticos não vale a todos os modelos dessa categoria, mas sim a alguns, que geralmente estão entre os mais baratos. Há produtos cujas formulações não figuram nos intervalos mais atuais dos sistemas internacionais de classificação de desempenho de lubrificantes automotivos
É justamente esse último item que os compradores de óleo barato costumam ignorar e, por isso, acabam muitas vezes deixando de considerar um outro modelo. Ainda que uma outra opção seja um pouco mais cara, entregaria uma ótima relação custo-benefício e, principalmente, faria bem ao motor do carro
Quais são essas informações?
Talvez você já tenha notado que, em todos os rótulos dos óleos, há uma verdadeira "sopa de letrinhas" para demonstrar ao comprador que lubrificante é aquele e a quais normas ele atende. Muitas delas indicam as classificações normativas às quais o produto atende. Entre elas, estão a API (American Petroleum Institute), ACEA (European Automobile Manufacturers Association) e ILSAC (International Lubricant Standardization and Approval Committee).
Podemos tratar, primeiro, da API. Lembra que, anteriormente, exemplificamos que o óleo que você está levando para casa pode ter desenvolvimento datado lá do início dos anos 2000? Pois nos óleos semissintéticos mais simples você pode notar que, no rótulo, há presença das letras "SL". Isso quer dizer que a norma mais recente do Instituto de Petróleo Americano à qual ele atende é a que vigorava entre 2001 e 2004 (veja imagem abaixo).
Por mais que a viscosidade de um óleo com classificação "SL" possa ser a mesma que indica o manual do proprietário do veículo, ele já é defasado em alguns quesitos importantes, como por exemplo a qualidade da cesta de aditivos que o lubrificante traz consigo. Logo, trata-se de uma opção menos adequada do que outros modelos de viscosidade similar, só que com siglas "SM" ou mais recentes.
Isso também vale para os motores a diesel, que usam outras siglas - sendo elas a CK-4 e a FA-4 as mais modernas (veja imagem abaixo).
Já a norma ILSAC também tem os seus pilares para a classificação. Entre eles, requisitos de desempenho em áreas como proteção contra desgaste, estabilidade térmica, resistência à oxidação, economia de combustível, capacidade de limpeza do motor e outras. A sigla GF-6 é a que vem nos lubrificantes mais modernos (veja imagem abaixo).
Por fim, tem também a ACEA, que se baseia em diferentes blocos de especificação com o padrão de sigla "Ax/Bx" (por exemplo A3/B4 e A5/B5, que são as duas gerações mais modernas da atualidade). Tal como as outras regulamentações, leva em conta fatores como resistência à oxidação, proteção contra desgaste, economia de combustível e capacidade de limpeza do motor, entre outros (veja imagem abaixo).
Então o que é o melhor a se fazer e onde está o verdadeiro custo-benefício?
Em primeiro lugar, o melhor a se fazer é, de fato, sempre seguir à risca o que diz o manual do proprietário. Em segundo lugar, deixar o preço em segundo plano, de modo a priorizar as informações contidas no rótulo.
Quanto melhor o lubrificante, mais o motor vai durar. Quanto mais o motor durar, menos dinheiro em manutenção e em combustível o dono vai gastar (sim, o óleo também tem papel fundamental para manter os níveis de consumo o mais baixo possível).
A chave para responder essa questão é, portanto, encontrar o melhor equilíbrio entre tecnologia do lubrificante e preço (agora sim o preço pode entrar na jogada). Se você tiver dinheiro para um óleo sintético (que possui altíssimo grau de pureza e melhor desempenho ante as demais categorias), excelente. Se a verba está mais curta e, assim, for necessário ficar no semissintético, fique de olho no rótulo para fazer a melhor compra que você puder.
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