Câmbio automático com bateria arriada: dá para pegar no tranco?

O câmbio automático já equipa cerca de 50% dos carros novos vendidos no Brasil.

Muitos nunca dirigiram antes um automóvel do tipo e é natural ter dúvidas sobre sua operação e manutenção. Uma das mais comuns é relativa a veículos automáticos com bateria arriada: na emergência, dá para fazer o motor "pegar no tranco", como em carros manuais, sem detonar a transmissão?

De acordo com o engenheiro Erwin Franieck, conselheiro da SAE Brasil, é possível usar o método em carros com transmissão automática para fazer o motor ligar. No entanto, a prática não é aconselhável por causa dos riscos envolvidos.

"O mais importante é nunca colocar o câmbio na posição "P" (park) com o veículo em movimento, o que travaria imediatamente as rodas, com alto potencial de causar danos", alerta o especialista.

Franieck explica que, ao selecionar "P", é acionado um pino que trava o eixo que conecta o câmbio ao motor, que pode quebrar, além de outros componentes como o sincronizador.

Para "pegar no tranco", se não houver melhor alternativa, ele orienta a posicionar o seletor em "N" e colocar em "D" ou "2" quando o veículo atingir uma velocidade de aproximadamente 20 km/h. Com isso, o motor deve ligar.

'Tranco' em câmbio automático pode estragar válvulas

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Imagem: Getty Images

Embora seja possível fazer o motor de carros automáticos ligar no "tranco", Franieck recomenda evitar a prática. Além das ressalvas já mencionadas o engenheiro alerta que as coisas podem ficar complicadas se a correia dentada arrebentar.

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Responsável por sincronizar a abertura e o fechamento das válvulas, essa correia pode se romper na hipótese de já estar desgastada - o risco aumenta se o "tranco" for muito forte.

"Quando a correia arrebenta, as válvulas ficam paradas enquanto os pistões ainda estão em movimento. Por isso, o risco de uma ou mais delas ser atingida pelo pistão e entortar é alto, ainda mais considerando a elevada taxa de compressão dos motores atuais", pontua o especialista.

Segundo ele, a possibilidade de estragos cresce se o motor for a diesel, que tem taxa de compressão ainda maior.

Há o risco, ainda, de danificar outras peças, como pistões e bielas, o que obrigaria a fazer uma retífica do motor.

Esses alertas valem tanto para carros manuais quanto para automáticos.

Portanto, em caso de bateria descarregada, a recomendação é recorrer à "chupeta", que é conectá-la a outra, já carrregada, ou recorrer a um recarregador específico.

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Caso a bateria esteja no fim da vida útil e não retenha mais carga, chegou a hora de substituir o componente.

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