Com o aumento do número de motos nas ruas, crescem também os casos de roubos e furtos desse tipo de veículo. Tanto os modelos de baixa cilindrada, como as motos maiores, acima de 600 cc, estão na mira dos bandidos. Contudo, no caso dos modelos maiores, a principal motivação é ostentar as motos nas redes sociais e também em bailes funk e festas nas comunidades.
Embora as motos menores ainda sejam as preferidas dos bandidos, até em função de seu volume maior, os modelos de maior cilindrada também tiveram aumento expressivo nos casos de roubos e furtos no Estado de São Paulo.
Os dados do primeiro semestre deste ano do Boletim Tracker-Fecap, divulgado pela empresa em parceria com a Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), mostram que os casos de roubos e furtos de motos acima de 600 cc praticamente dobraram. Entre janeiro e junho de 2023, houve 794 ocorrências desse tipo de crime - no mesmo período do ano passado, o volume foi de 400 casos.
Porém, diferentemente das motos de baixa cilindrada, cujo principal destino é o mercado ilegal de peças usadas, os modelos maiores são furtados ou roubados para ostentação. "A principal motivação é justamente essa: empinar, fazer manobras e ostentar nas redes sociais", afirma Vitor Corrêa, coordenador do Comando de Operações do Grupo Tracker.
Basta navegar pelas principais redes sociais para encontrar perfis, com milhões de seguidores, nos quais jovens aceleram e fazem manobras com motos de alta cilindrada. Muitas delas, porém, são frutos de roubo ou furto e têm as placas retiradas ou escondidas, para dificultar a identificação.
Além de ostentar, outra motivação para os crimes seria a prática de outros delitos. "Algumas motos maiores e mais potentes também são utilizadas para cometer outros crimes. Justamente por isso existe uma preferência pelos modelos bigtrail que, por serem mais robustos e terem suspensões reforçadas, facilitam a fuga", afirma Corrêa.
Ainda de acordo com o especialista, começa também a surgir um mercado ilegal de peças de motos de alta cilindrada. Embora os rastreadores ajudem a empresa a localizar as motos, a recuperação só é feita quando o veículo está parado e sempre com a ajuda das autoridades.
"Com isso, já localizamos algumas motos que estavam completamente desmontadas, ou seja, prontas para serem vendidas no mercado ilegal", afirma.
Para não contribuir com esse mercado, Corrêa aconselha aos consumidores exigirem nota fiscal ao comprar peças usadas. Dessa forma, o motociclista garante que a procedência do item não é ilícita e não fomenta esse tipo de crime. "O comércio de peças ilegais, como todo negócio, funciona sob demanda. Se aumenta a procura por peças de determinados modelos, estes vão ficar na mira dos bandidos também", alerta Corrêa.
Furtos também aumentam
Embora os roubos sejam maioria, o crescimento das ocorrências de furto de motos de alta cilindrada também registrou crescimento neste ano. O total registrado nos seis primeiros meses de 2023 já superou todo o ano de 2022, com 181 casos.
"Entre 2021 e 2022, houve um salto de 50% nesse tipo de ocorrência. No primeiro semestre de 2023, a situação tornou-se ainda mais alarmante, registrando um crescimento substancial de 174,24% em comparação com o primeiro semestre de 2022", alerta o coordenador do Departamento de Pesquisas em Economia do Crime da Fecap, Erivaldo Costa Vieira.
Polícia combate o "roubo ostentação"
O aumento nos casos do roubo de motos para ostentar motivou até mesmo uma operação da Polícia Civil de São Paulo contra esse tipo de crime. Após investigação, que durou sete meses, a polícia identificou e prendeu integrantes de duas quadrilhas especializadas em roubos de motos de luxo que atuam na capital paulista e na região metropolitana.
Em 25 de outubro, na terceira fase da operação "Drake", as forças de segurança do Estado cumpriram sete mandados de prisão e também fez busca e apreensão em 11 endereços ligados à quadrilha nas regiões sul, norte e leste de São Paulo.
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Quero receber"Os criminosos atuam sempre com violência para roubar as motos, com uso de arma de fogo e ameaçando as vítimas. No desdobramento das investigações, pudemos identificar que o bando age sempre da mesma maneira", explicou o delegado da Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) Oeste, Felipe Nakamura.
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