Por que pneus duram menos e freios duram mais nos carros elétricos

Mais baratos e com vendas em alta no Brasil, alavancadas sobretudo por modelos de marcas chinesas, os carros elétricos trazem vantagens evidentes, como emissão zero de poluentes e muito menos componentes mecânicos - o que reduz os custos com manutenção.

Por falar em manutenção, esse tipo de veículo tem duas características que, salvo exceções, os diferenciam dos carros convencionais, equipados com motor a combustão interna: maior desgaste dos pneus e consideravelmente maior durabilidade dos componentes dos freios, como discos e pastilhas.

São dois aspectos que, à primeira vista, parecem ser incompatíveis. Como pode o pneu durar menos e o freio durar mais? Confira a explicação a seguir.

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Por que pneu de carro elétrico tende a durar menos

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Imagem: Marcelo Justo/Folhapress

Pneus convencionais, os mesmos usados em carros a combustão, podem apresentar durabilidade menor nos carros elétricos.

Segundo a Michelin, um desafio relacionado à vida útil do pneu em modelos elétricos e também em muitos híbridos, especialmente aqueles do tipo plug-in, recarregáveis na rede elétrica, é o peso das respectivas baterias.

Conforme a empresa, modelos esportivos, com motor elétrico potente, requerem baterias potentes e isso se traduz em mais peso. Automóveis com essa característica têm baterias com massa de 400 kg, em média.

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Consideravelmente mais pesados, os carros elétricos têm maior transferência dinâmica de carga durante condução e frenagem, o que pode acelerar o desgaste dos pneus.

Outra característica dos elétricos que contribui para reduzir a vida útil dos pneus é o torque instantâneo do seu motor, que, dependendo do estilo de condução, vai exigir mais e acelerar o desgaste da borracha e de outros componentes.

É importante salientar que empresas como a própria Michelin têm linhas de pneus específicas para veículos elétricos, justamente para resolver ou atenuar esse problema.

"Hoje, os fabricantes de automóveis propõem dois tipos de veículos elétricos: veículos regulares adaptados para se tornarem elétricos ou com nova plataforma. No caso de veículos regulares adaptados, geralmente o tamanho dos pneus não muda muito em comparação com os de combustão interna. Assim, o desgaste [nos elétricos] pode acontecer mais rapidamente do que nos [exemplares] a combustão", diz a Michelin.

Quando a plataforma do veículo é projetada para propulsão elétrica, explica a companhia, massa e torque são considerados desde o início. Assim, o tamanho dos pneus é geralmente bem maior que seus equivalentes em carros a combustão interna, proporcionando desgaste semelhante nos dois tipos de automóveis.

Além de dimensões maiores, pneus específicos para carros elétricos também trazem, via de regra, maior rigidez lateral e compostos para uma rodagem mais silenciosa, para compensar a falta de ruído de motores movidos a baterias - que torna mais evidente o barulho causado pela própria rodagem.

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Por que o freio de carros elétricos dura mais

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Imagem: Thais Roland/UOL

Parece uma contradição, mas o plano oficial de manutenções periódicas de carros elétricos costuma trazer intervalos consideravelmente maiores para substituição de componentes do sistema de frenagem, como pastilhas e discos.

Se os carros elétricos são mais pesados e seus motores exigem mais dos pneus, como é possível que seus freios durem mais?

A explicação está em uma característica comum à maioria dos carros elétricos modernos: o sistema de aproveitamento da energia gasta nas desacelerações e nas frenagens para a recarga das baterias.

Com essa tecnologia, o propulsor elétrico funciona como um gerador de energia nas frenagens e nas desacelerações, provocando um efeito de "freio motor" que, em alguns carros, é tão eficiente que substitui os freios convencionais em boa parte da condução.

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Dessa forma, os componentes dos freios são poupados e acabam durando muito mais tempo.

Por outro lado, nunca é demais destacar que o desgaste de itens de qualquer veículo, seja a combustão interna, híbrido ou elétrica, será mais ou menos acentuado dependendo do estilo de condução do motorista - acelerar e frear bruscamente, por exemplo, são grandes vilões quando se trata de consumo energético e durabilidade de peças.

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