Por que pneus duram menos e freios duram mais nos carros elétricos
Mais baratos e com vendas em alta no Brasil, alavancadas sobretudo por modelos de marcas chinesas, os carros elétricos trazem vantagens evidentes, como emissão zero de poluentes e muito menos componentes mecânicos - o que reduz os custos com manutenção.
Por falar em manutenção, esse tipo de veículo tem duas características que, salvo exceções, os diferenciam dos carros convencionais, equipados com motor a combustão interna: maior desgaste dos pneus e consideravelmente maior durabilidade dos componentes dos freios, como discos e pastilhas.
São dois aspectos que, à primeira vista, parecem ser incompatíveis. Como pode o pneu durar menos e o freio durar mais? Confira a explicação a seguir.
Por que pneu de carro elétrico tende a durar menos
Pneus convencionais, os mesmos usados em carros a combustão, podem apresentar durabilidade menor nos carros elétricos.
Segundo a Michelin, um desafio relacionado à vida útil do pneu em modelos elétricos e também em muitos híbridos, especialmente aqueles do tipo plug-in, recarregáveis na rede elétrica, é o peso das respectivas baterias.
Conforme a empresa, modelos esportivos, com motor elétrico potente, requerem baterias potentes e isso se traduz em mais peso. Automóveis com essa característica têm baterias com massa de 400 kg, em média.
Consideravelmente mais pesados, os carros elétricos têm maior transferência dinâmica de carga durante condução e frenagem, o que pode acelerar o desgaste dos pneus.
Outra característica dos elétricos que contribui para reduzir a vida útil dos pneus é o torque instantâneo do seu motor, que, dependendo do estilo de condução, vai exigir mais e acelerar o desgaste da borracha e de outros componentes.
É importante salientar que empresas como a própria Michelin têm linhas de pneus específicas para veículos elétricos, justamente para resolver ou atenuar esse problema.
"Hoje, os fabricantes de automóveis propõem dois tipos de veículos elétricos: veículos regulares adaptados para se tornarem elétricos ou com nova plataforma. No caso de veículos regulares adaptados, geralmente o tamanho dos pneus não muda muito em comparação com os de combustão interna. Assim, o desgaste [nos elétricos] pode acontecer mais rapidamente do que nos [exemplares] a combustão", diz a Michelin.
Quando a plataforma do veículo é projetada para propulsão elétrica, explica a companhia, massa e torque são considerados desde o início. Assim, o tamanho dos pneus é geralmente bem maior que seus equivalentes em carros a combustão interna, proporcionando desgaste semelhante nos dois tipos de automóveis.
Além de dimensões maiores, pneus específicos para carros elétricos também trazem, via de regra, maior rigidez lateral e compostos para uma rodagem mais silenciosa, para compensar a falta de ruído de motores movidos a baterias - que torna mais evidente o barulho causado pela própria rodagem.
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Parece uma contradição, mas o plano oficial de manutenções periódicas de carros elétricos costuma trazer intervalos consideravelmente maiores para substituição de componentes do sistema de frenagem, como pastilhas e discos.
Se os carros elétricos são mais pesados e seus motores exigem mais dos pneus, como é possível que seus freios durem mais?
A explicação está em uma característica comum à maioria dos carros elétricos modernos: o sistema de aproveitamento da energia gasta nas desacelerações e nas frenagens para a recarga das baterias.
Com essa tecnologia, o propulsor elétrico funciona como um gerador de energia nas frenagens e nas desacelerações, provocando um efeito de "freio motor" que, em alguns carros, é tão eficiente que substitui os freios convencionais em boa parte da condução.
Dessa forma, os componentes dos freios são poupados e acabam durando muito mais tempo.
Por outro lado, nunca é demais destacar que o desgaste de itens de qualquer veículo, seja a combustão interna, híbrido ou elétrica, será mais ou menos acentuado dependendo do estilo de condução do motorista - acelerar e frear bruscamente, por exemplo, são grandes vilões quando se trata de consumo energético e durabilidade de peças.
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