Só ia para igreja: VW Brasília fica 41 anos em garagem e ainda está zerada
Alessandro Reis
Do UOL, em São Paulo (SP)
11/03/2024 04h00Atualizada em 12/03/2024 18h21
Uma Volkswagen Brasília LS 1979 Bege Ipanema em estado de zero-quilômetro, com apenas 749 km no hodômetro, permaneceu intocada durante 41 anos em um celeiro de Colombo, município da Região Metropolitana de Curitiba (PR), até ser resgatada recentemente.
Ainda com plástico nos bancos traseiros, todos os adesivos originais de fábrica, manual e nota fiscal no valor de 98.120,54 cruzeiros, o carro pertencia a uma senhora falecida há cerca de três anos e dirigia o veículo apenas aos domingos, para ir à igreja e ao mercado.
Ela ganhou do marido a Brasília, adquirida nova em abril de 1979 da concessionária Pavema Veículos, mas deixou de usá-la após o companheiro falecer em um acidente de carro, cerca de três anos após a aquisição.
"Depois de perder o marido, ela deixou o carro como estava nesse celeiro e nunca mais deixou ninguém dirigir nem entrar nele. Nos primeiros anos, só ligava o motor de tempos em tempos, para manter a carga na bateria, mas, depois, a Brasília ficou intocada até a dona morrer", conta Alexandre Vicentini, sócio da Flat Collection, loja especializada em veículos Volkswagen e Porsche com motor refrigerado a ar, localizada em São Paulo (SP).
Vicentini e o sócio André Takeda adquiriram a Brasília dos herdeiros da antiga proprietária, em parceria com o colaborador Eduardo Ferrarini.
Os três retiraram o automóvel do celeiro onde ele ficou nas últimas quatro décadas e os planos com a intenção inicial de mantê-lo na coleção particular da respectiva empresa.
"Iniciamos as conversas com a família da antiga dona pouco depois de ela falecer, mas só fechamos negócio quando o inventário foi concluído. Atualmente, o carro ainda está no Paraná, para concluirmos a regularização dos documentos e fazermos a transferência de propriedade", explica Alexandre.
A Brasília LS ainda ostenta as placas amarelas e vai receber as chapas no padrão atual, do tipo Mercosul, e a intenção é mantê-la exatamente do jeito como foi encontrada no celeiro - que, segundo Vicentini, seria demolido assim que o carro saísse de lá, a fim de liberar espaço para a construção de uma casa.
"Nem vamos limpar o carro. A ideia é deixá-la como está, ainda com medalha e uma estatueta da Virgem Maria no painel. A proprietária era muito religiosa e devota da Santa", relata o novo dono.
Alexandre Vicentini diz que a VW Brasília é um modelo que "está em alta" no mercado de automóveis clássicos e não foi barata: segundo o empresário, ele e o sócio não pagaram "muito menos" do que a pedida inicial dos herdeiros pelo veículo, que rondou os R$ 80 mil.
Além da nota fiscal e do manual com as revisões iniciais feitas em concessionária, o veículo mantém o estepe intocado, os tapetes e a bateria originais, extintor de incêndio e acessórios como antena, ainda na embalagem, macaco e chave de roda.
É uma verdadeira máquina do tempo.
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