Caros no Brasil, Mustang e Camaro têm preços de 'carros comuns' nos EUA
Não é raro ver comentário sobre os preços dos carros que cite os valores do Ford Mustang e o Chevrolet Camaro nos EUA como um contraste. Os esportivos são dois bons exemplos de modelos que são vendidos no Brasil por etiquetas dignas de esportivos alemães, mas que se encontram em uma fatia de mercado mais acessível no país de origem. Daí a dúvida: eles são realmente baratos por lá?
Carro de entrada? Os preços do Mustang por lá partem de US$ 30.920 (cerca de R$ 154.500), enquanto os do Camaro começam em US$ 30.900 (aproximadamente R$ 154.600). Ambos estão entre alguns dos carros mais baratos vendidos pelas marcas nos EUA. Para se ter uma ideia, a Ford comercializa o SUV Bronco Sport a partir de US$ 31.230 (R$ 156 mil) e Chevrolet vende a Blazer por US$ 35.400 (R$ 176 mil).
Não estamos falando dos mesmos carros vendidos no Brasil. O Mustang 'barato' em questão nos EUA vem equipado com o motor 2.3 turbo. Já o Camaro aposta no V6 3.6 aspirado. Ou seja, nenhum dos dois têm os motores V8 oferecidos no nosso mercado.
Por lá, o Mustang GT Premium 5.0 sai por US$ 46.480 (o equivalente a R$ 232.400) e o Camaro SS 6.2 custa 47.300 dólares (cerca de R$ 236.500). A título de comparação, a Ford vende no Brasil o Mustang de nova geração por R$ 529 mil, contra R$ 555 mil do Camaro cupê Collection, a versão de despedida do modelo atual - o preço, porém, não consta no configurador nacional da Chevrolet.
A Ford traz ao Brasil uma versão topo de linha do Mustang. Por esse motivo é tão cara. Poderia trazer uma versão de entrada a 60% desse preço, porém, o cliente estaria comprando um veículo sem nenhum apelo de desempenho - só o nome e a aparência. Como a demanda para esse produto é reduzida, a Ford preferiu trazer um veículo para ser visto e bem comentado Cassio Pagliarini, sócio da consultoria Bright Consulting
Impostos deixam preços mais salgados: ainda há uma bela diferença em relação aos valores cobrados no mercado nacional, no entanto, isso pode ser explicado pela carga tributária elevada. Além da incidência de vários tributos e custos extras, há também os 35% de imposto de importação. Somado a tudo, também tem a questão estratégica.
A oferta e a demanda também fazem parte desta equação. Não existem tantos veículos à disposição e os poucos que existem chamam a atenção e provocam o interesse dos clientes. Estes veículos são símbolos reais de status, o que denota uma correspondência cultural do brasileiro aficionado por automóveis Milad Kalume Neto, gerente de Desenvolvimento de Negócios da consultoria Jato
Realidade do mercado norte-americano
Embora sejam bem mais baratas do que no Brasil, as configurações mais caras - excluindo aquelas preparadas - do Mustang e Camaro se aproximam muito do valor de modelos premium. Para citar um exemplo, vamos pegar o BMW Série 4, cupê alemão cujo preço começa em US$ 50.700. É uma velha briga entre o desempenho dos americanos V8 contra o refinamento e peso de status dos esportivos alemães.
A despeito disso, é inegável o custo-benefício, afinal, os muscle cars americanos são muito mais rápidos e, no caso do Mustang, trata-se de um produto de ponta, com melhorias no acabamento e tecnologia avançada, um pacote bem mais completo do que os dos seus pares alemães. Não será diferente nos casos do novo Charger - por enquanto, apenas o elétrico foi exibido - e do futuro Camaro de sétima geração.
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