Fiat 147 mais especial da história foi feito para argentinos e vale fortuna

O legado da Fiat no Brasil se iniciou em 1976 com o 147, ano em que saíram as primeiras unidades da então nova planta de Betim (MG). Como tinha uma dirigibilidade ágil por natureza, surgiram versões mais esportivas, como a Rallye. Mas tem uma extremamente exclusiva e veloz (até para os padrões atuais), pouco conhecida dos brasileiros, e que só os argentinos puderam usufruir: a Sorpasso.

Com fabricação entre os anos de 1982 e 1984 (portanto, já após a reestilização), foram fabricados apenas 403 exemplares. Entre os seus principais diferenciais, tinha o motor 1.3 herdado do 128 italiano, carburador Solex de corpo duplo, cabeçote com fluxo retrabalhado, coletores de admissão e escape exclusivos e comando de válvulas com graduação mais agressiva. Seu abafador também era menos restritivo para o ronco ficar mais grave.

Isso além dos aprimoramentos estéticos, como rodas de 14 polegadas, aerofólio estilo duck tail (ou "rabo de pato"), filetes vermelhos ou pretos nas linhas de cintura alta nas laterais (a depender da cor da carroceria, que era sempre bicolor com a metade inferior cinza escura), entrada de ar no capô, faróis auxiliares Cibié, spoiler dianteiro proeminente, dentre outros detalhes.

Como resultado, por ter pouco peso (820 kg), seus 90 cv e 10,8 kgfm rendiam bem. Segundo dados da fabricante, acelerava até 100 km/h em 8,5 segundos e chegava aos 163 km/h. Isso fez a versão se tornar a mais veloz já feita.

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Imagem: Divulgação

E o interior era condizente com toda essa atmosfera esportiva. O painel de instrumentos era integrado com velocímetro, com hodômetro parcial e total, conta-giros, relé de temperatura da água, indicador de pressão de óleo e nível de combustível. Um charme à parte é o seu volante esportivo e o rádio AM/FM com entrada para fita cassete.

Tudo isso graças à IAVA (Industria Argentina de Vehículos de Avanzada), que foi uma divisão de carros esportivos criada pela Fiat dos "hermanos" para modificar os modelos de produção. Isso e a produção limitada explicam o motivo para nunca ter sido comercializado no Brasil.

E um desses no Brasil?

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É difícil não imaginar um desses no Brasil. Os colecionadores iriam à loucura. Será que veio pelo menos um? Quanto vale (ou valeria) um desses? Para responder essas e outras perguntas, contamos com a ajuda de Manoel Rezende, especialista e comerciante autônomo de clássicos.

Mané (como é mais conhecido) tem história com o 147. É dono de um exemplar 1979 com apenas 8 mil km originais (já exposto no Salão do Automóvel), além de já ter competido ao volante de um deles na copa monomarca da Fiat, no traçado velho de Interlagos, em 1980. Segundo ele, infelizmente, nenhum Sorpasso já pôs os pneus no Brasil.

"Trata-se de um carro conhecido por poucos brasileiros. Por esse motivo e pelo fato de não ser algo completamente diferente dos modelos nacionais, não teria toda a expressividade que mereceria - caso alguém trouxesse um. Por exemplo, vendi recentemente um em excelente estado por R$ 40 mil, sem restauração, completamente original e com 100 mil km originais. Um Sorpasso em um bom estado geral poderia valer algo em torno dos R$ 100 mil, de todo modo o preço pedido no anúncio poderia passar disso", explica Rezende.

Logo, caso fosse um exemplar com a conservação impecável, poderia até valer mais. O problema é achar um desses. Trata-se de um carro de mais de 40 anos de idade e com produção extremamente limitada. Imagina só se alguém, um dia, conseguir garimpar um Sorpasso e trazê-lo para o Brasil.

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