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Como tecnologia das pistas ajuda a desenvolver novos carros elétricos

Reprodução

Gabriel Lima

Colaboração para o UOL

03/04/2024 08h00

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A segunda visita da Fórmula E ao Brasil considerada um marco para seu cofundador, Alberto Longo, e seu CEO, Jeff Dodds. Presentes no evento em São Paulo, eles creem que a categoria pode ajudar a abrir mais os horizontes do mercado brasileiro para veículos elétricos.

Além disso, também acreditam que o campeonato é uma boa plataforma de desenvolvimento de tecnologia aliada a competição e marketing para montadoras interessadas em deixar seus produtos mais competitivos.

Outro grande ganho na Fórmula E - que tem contrato de exclusividade para ser o único campeonato elétrico do automobilismo por 25 temporadas - é o fato de os carros e baterias serem iguais, com o custo de pesquisa sendo apenas para o desenvolvimento de unidades motrizes.

Quando fundamos a Fórmula E, queríamos muito fornecer uma boa plataforma para o mundo Alberto Longo, cofundador da Fórmula E

"Somos uma plataforma muito importante para as fabricantes. Temos seis montadoras, mas outras marcas também ligadas ao campeonato - como Cupra, Maserati e a McLaren. O principal aspecto que nos leva a ser atrativos é o fato de a tecnologia poder ser compartilhada da pista para as ruas."

Benefícios técnicos a montadoras

Atualmente, o campeonato conta com Porsche, DS, Jaguar, Nissan, Mahindra e a chinesa ERT desenvolvendo motores próprios. Devido ao trabalho dos últimos dez anos, Longo e Dodds dizem que diversas fabricantes que estão e já estiveram no campeonato transferiram seus conhecimentos obtidos na Fórmula E para seus modelos na rua, se traduzindo em sucesso de mercado.

"Para te dar um exemplo, o Nissan Leaf desde 2015 é 180% mais eficiente graças a uma tecnologia desenvolvida e usada na Fórmula E", disse Longo.

Dodds completou: "a curva de aprendizado é acentuada. Marcas como Jaguar, Porsche e Nissan vêm para cá e conseguem aprender muita coisa. Isso vai para os carros de rua".

"Não é uma tecnologia de 100 anos, como o motor à combustão, que só é incrementada. Aqui temos crescimentos exponenciais. Não são só motores e transmissões. A Jaguar já disse que aprendeu muito com software aqui. E isso deu origem a uma conservação de 10% a mais de bateria ao I-Pace vendido atualmente. Isso é incrível."

"A Mercedes (que não está mais no campeonato, mas que foi campeã), em seu EQXX, conseguiu alcançar uma autonomia de 1.050 km em uma carga com um conceito que foi desenvolvido aqui."

Até mesmo no off-road, materiais desenvolvidos na Fórmula E também encontraram sucesso recentemente.

Longo relembrou: "a Audi, que esteve muitos anos no campeonato, venceu neste ano o Rali Dakar com um carro elétrico. O engenheiro-chefe já disse que a unidade motriz foi desenvolvida na Fórmula E - uma tecnologia de três anos atrás. Mesmo essa tecnologia produziu um campeão, o que mostra que estamos muito à frente nesta corrida dos modelos elétricos."

"Nós também corremos com pneus de rua praticamente nas provas (com um jogo de pneus apenas por fim de semana de corrida). E, recentemente, a Stellantis anunciou o novo Abarth 500e: ele foi lançado para o público com uma versão modificada do pneu que nós usamos na Fórmula E com a Hankook."

Elétricos são 'emocionantes'

Segundo Dodds, outra missão da Fórmula E nos últimos dez anos foi tentar acabar com a estigmatização dos carros elétricos. Para muitos, os modelos 100% a bateria ainda são fontes de dúvidas quanto a diversos aspectos. Porém, ele acredita que o sucesso do campeonato mostre que tudo não passa de preconceito.

"Existem três coisas que as pessoas se preocupam com carros elétricos. Como eles vão performar, como podem ser emocionantes como um carro de motor a combustão e o alcance de sua bateria - além do fato se é ou não complicado de carregar", falou Dodds.

"Um carro de Fórmula E tem um visual atraente e acelera de 0 a 100 km/h em 2,5 segundos - ninguém precisa se preocupar com performance. Nós corremos também 45 minutos dando o máximo dos carros - ninguém precisa se preocupar com a bateria. O carregamento rápido (que o campeonato planeja implementar em breve para fazer corridas com pit stops) também deve remover a ansiedade que há quanto isso na indústria".

Meta é a Fórmula 1

Para Dodds, os números do crescimento da Fórmula E em menos de uma década desde a primeira corrida, em setembro de 2014, mostram um grande potencial da categoria. De acordo com ele, apenas Fórmula 1 e MotoGP - principais campeonatos mundiais de quatro e duas rodas - estão à frente do mundial elétrico em termos de popularidade.

Desta forma, ele acredita que o objetivo da Fórmula E deva ser estar no longo prazo à frente da Fórmula 1.

"Em comparação com outras categorias, temos menos de 10 anos - somos um bebê", disse.

"Mas um bebê que já tem milhões de fãs ao redor do mundo. Mesmo com esse pouco tempo, temos uma base de fãs que é 40% da Fórmula 1. Isso nos dá grande confiança. Veículos elétricos crescem 25% mais todos os anos no mundo - na China é 85%. Nossa performance na pista só cresce também."

"Quando vemos tudo isso, nossa ambição é ser maior que a Fórmula 1. Talvez não cheguemos lá, mas nossa ambição tem que ser a maior."

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