GM demite funcionários na fábrica de São José dos Campos após acordo e PDV
Alessandro Reis e Gabriel Lima
Do UOL, em Sâo Paulo (SP), e colaboração para o UOL
03/05/2024 16h30Atualizada em 03/05/2024 16h43
Depois de anunciar investimento de R$ 7 bilhões em janeiro para o desenvolvimento de novos produtos no Brasil, a General Motors retomou parte das cerca de 1,2 mil demissões que a empresa chegou a anunciar no segundo semestre do ano passado nas suas três fábricas em São Paulo - os desligamentos foram suspensos no final de outubro de 2023 pela Justiça do Trabalho.
Segundo o Sindicado dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, a GM iniciou nesta quinta-feira (2) o envio de telegramas para demissão de trabalhadores que estão em licença remunerada desde novembro de 2023, quando a empresa firmou acordo com os funcionários das fábricas de São José dos Campos, São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes, após greve que durou 17 dias.
Conforme o sindicato, as demissões começaram um dia antes do fim do período de estabilidade previsto no acordo e que terminou nesta sexta-feira (3). A estimativa da entidade sindical é de que 50 trabalhadores serão desligados neste momento em São José. Ainda não há informações sobre desligamentos nas outras duas unidades paulistas.
Procurada pela reportagem de UOL Carros, a General Motors confirma os desligamentos e sustenta que "fazem parte do processo de adequação do quadro de empregados anunciado em outubro de 2023, e firmado em acordo coletivo. O tema foi amplamente discutido, inclusive com a oferta de um PDV [plano de demissão voluntária]".
A companhia acrescenta que "a medida foi necessária e permitirá que a companhia mantenha a agilidade de suas operações, garantindo a sustentabilidade para o futuro".
Iniciado em dezembro, o PDV teve 696 adesões somente em São José dos Campos, de acordo com o sindicato da região, além de 140 funcionários colocados em licença remunerada.
"O sindicato é contra qualquer demissão. Como a maioria aderiu ao PDV aberto em dezembro, a GM já aplicou a reestruturação pretendida. Esses postos de trabalho que ela está fechando agora poderiam, sim, ser mantidos. As demissões vão na contramão do anúncio de novos investimentos feito recentemente pela montadora", afirma o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves..
O que aconteceu
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos, a GM iniciou na última quinta-feira (2) o envio de telegramas para demissão de trabalhadores que estão em licença remunerada.
A montadora não confirmou o número de cortes, no entanto o sindicato estima que sejam cerca de 50 funcionários.
O envio dos telegramas ocorre um dia antes do fim de um "período de estabilidade no emprego", previsto em um acordo assinado pela GM e aprovado em assembleia dos metalúrgicos, em novembro de 2023.
Este acordo ocorreu depois de 17 dias de greve devido a 1.244 demissões realizadas pela GM nas fábricas de São José dos Campos, São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes no último ano.
Atualmente a fábrica da GM em São José dos Campos é responsável pela produção de Chevrolet S10 e Chevrolet Trailblazer, empregando cerca de 3.200 trabalhadores.
Condições do PDV nas fábricas da GM em SP
Os benefícios previstos além das verbas rescisórias incluíram um carro zero-quilômetro. Confira:
Seis meses de salário, adicional de R$ 15 mil e plano médico por três meses ou R$ 6.000 para trabalhadores que tenham de um a seis anos de empresa.
Cinco meses de salário, um Chevrolet Onix Hatch LS ou R$ 85 mil e plano médico por seis meses ou R$ 12 mil para trabalhadores que tenham sete anos ou mais de empresa.
Estabilidade no emprego até 3 de maio de 2024 para quem não aderir ao PDV.
Para cada adesão de trabalhador ativo na fábrica, haverá retorno de outro trabalhador em licença remunerada.
Compensação de 50% até 30 de junho de 2024, de acordo com a necessidade de produção, em relação aos dias parados durante a greve.
Conforme Renato Almeida, secretário-geral do Sindicato de São José dos Campos, "o PDV já era uma pauta como alternativa às demissões arbitrárias que chegaram a ser feitas pela GM, mas não coloca um ponto final na luta em defesa dos empregos".
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