Câmbio automático: como usar do jeito certo ao estacionar e no semáforo
Cada vez mais acessível e presente em cerca de 50% dos carros novos emplacados no Brasil, o câmbio automático ainda gera muitas dúvidas - especialmente, entre motoristas que ainda não estão acostumados com a transmissão sem pedal de embreagem.
Muitas das dúvidas estão relacionadas ao uso correto das funções "P" e "N" - letras que designam em ingês, respectivamente, as posições de estacionamento e neutra.
É natual ter dúvidas sobre como acioná-las, seja ao deixar o veículo na vaga do condomínio ou ao parar em um semáforo, por exemplo.
Sabendo disso, o UOL Carros consultou especialistas e aponta a seguir erros comuns ao utilizar o câmbio automático. Confira e não erre.
1 - Selecionar 'P' ou 'R' com carro em movimento
Ao manobrar, na pressa, é comum o condutor selecionar a opção "R" (ré) com o veículo ainda se movimentando para a frente. Ou acionar "P" (estacionamento), que trava as rodas motrizes, antes de o carro parar completamente.
Mesmo que a "barbeiragem" aconteça a baixa velocidade, com o tempo vai danificando componentes da transmissão automática, como engrenagens - destaca o engenheiro Cláudio Castro, conselheiro da SAE Brasil,
"O risco é maior em câmbios mais antigos, cujas posições são acionadas mecanicamente. Modelos mais recentes são equipados com um controle eletrônico que impede acionar a ré ou a posição de estacionamento com o veículo ainda se movimentando", pontua.
2 - Colocar câmbio em neutro ao parar no semáforo
Motoristas acostumados com veículos manuais têm o hábito de colocar o câmbio em ponto morto ao parar no semáforo ou em congestionamentos.
A prática está correta, pois assim o condutor deixa de manter o pedal da embreagem pressionado durante a parada, preservando o componente.
Contudo, em carros automáticos, a recomendação é outra: o correto é manter o câmbio na posição "D" e o pé no pedal do freio.
"Mantenha na posição "D" com o pé no freio, pois isso mantém o sistema hidráulico pressurizado e os componentes lubrificados. A lubrificação de muitas transmissões automáticas depende da respectiva conexão com as rodas", ensina Claudio Castro.
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Quero receberCamilo Adas, também conselheiro da SAE Brasil, acrescenta que função "N" (neutro) foi criada para situações de manutenção, quando é preciso rebocar o veículo ou movimentá-lo com o motor desligado, liberando as rodas de tração.
Vale destacar que alguns carros trazem tecnologia que desacopla automaticamente o câmbio, inclusive com o veículo em movimento, para poupar combustível.
3 - 'Segurar' veículo na lomba com acelerador
Um erro comum em carros manuais é manter o veículo parado no aclive dosando os pedais da embreagem e do acelerador. A prática detona a embreagem e, se for recorrente, fará com que o item tenha de ser trocado prematuramente.
Automóveis automáticos também são capazes de permanecer parados na lomba sem a necessidade de o condutor acionar os freios: dependendo da inclinação da via, a marcha lenta já é suficiente para "segurar" o carro. Em outros casos, basta colocar uma leve pressão no pedal do acelerador para isso acontecer.
Ainda que veículos automáticos convencionais utilizem conversor de torque, que não sofre desgaste mecânico como a embreagem, mantê-los parados da forma descrita acima é uma "barbeiragem".
"Usar a marcha lenta ou a aceleração para 'segurar' o carro esquenta o óleo da transmissão e aumenta o consumo de combustível sem necessidade", alerta Castro.
O especialista recomenda manter o pé no freio sempre que o carro estiver parado, como em semáforos, independentemente da inclinação da via.
"Dessa forma, o conversor de torque é desacoplado e o motor fica livre, sem gastar combustível".
4 - Fazer motor pegar 'no tranco'
A bateria arriou? Em veículos equipados com câmbio manual, a saída é fazer o motor pegar "no tranco", ou seja: virar a chave de ignição, engatar a segunda marcha, "embalar" o carro e soltar suavemente o pedal de embreagem.
A tática não está livre de riscos, especialmente se a correia dentada se romper: nesse caso, a possibilidade de danificar uma ou mais válvulas é grande.
Existem carros automáticos que, em tese, também podem "pegar no tranco" - segundo Erwin Franieck, da SAE Brasil. No entanto, a prática deve ser evitada.
Ele orienta a posicionar o seletor em "N" e colocar em "D" ou "2" quando o veículo atingir uma velocidade de aproximadamente 20 km/h. Com isso, o motor deve ligar.
Ao mesmo tempo, o "tranco" força componentes e, se for realizado de forma recorrente, as chances de dor de cabeça aumentam - e muito.
"Se a bateria ficar descarregada, o recomendado é fazer a 'chupeta' ou recarregá-la usando aparelho específico para este fim. Se a bateria já não retiver a carga, aí será necessário trocá-la por uma nova", recomenda o engenheiro Edson Orikassa.
5 - Dirigir automático como se não houvesse amanhã
Muitos acreditam que o câmbio automático não requer manutenção preventiva e essa crença pode gerar prejuízos pesados lá adiante.
Transmissão automática tem engrenagens e outras peças que precisam estar bem lubrificadas, da mesma forma como acontece em veículos manuais.
As especificações e os prazos para a troca do fluido são indicados no manual do veículo e devem ser respeitados. O serviço, inclusive, pode ser antecipado, dependendo das condições de uso do automóvel.
Vale destacar que alguns modelos não trazem a recomendação de troca de óleo, que supostamente dura por toda a vida útil do veículo.
No entanto, isso não significa que a transmissão automática está livre de problemas de lubrificação.
"Pode acontecer algum vazamento, o que reduz o nível do lubrificante, elevando o atrito entre partes internas e elevando a temperatura, que é uma grande vilã quando se trata de carros automáticos", alerta Edson Orikassa.
O especialista destaca que, além da redução no nível, o óleo pode receber algum tipo de contaminação por agentes externos, o que reduz a sua eficiência.
"Vale verificar o óleo durante as revisões. Se apresentar uma aparência escurecida, isso pode sinalizar que já não apresenta as características necessárias de lubrificação.
Problemas com o óleo apresentam sintomas comuns, como trancos na troca de marchas. A transmissão também pode "patinar", ou seja, ao acelerar o carro demora alguns instantes para tracionar as rodas.
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