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Novo VW T-Cross: veja o que evoluiu no SUV e qual versão vale mais a pena

Imagem: Divulgação

Julio Cabral

Colaboração para o UOL

17/05/2024 04h00

O Volkswagen T-Cross é o líder de mercado da categoria de SUVs compactos e, curiosamente, suas vendas não diminuíram nem com a proximidade da chegada da reestilização, testada agora pelo UOL Carros. Andamos nas versões intermediária Comfortline 1.0 TSI (R$ 160.990) e na top de linha Highline (R$ 175.990) para sabermos o que evoluiu no modelo compacto como, também, saber qual delas vale mais a pena.

O T-Cross Comfortline vem equipado com motor 1.0 TSI de 128/116 cv a 5.500 rpm e 25,5 kgfm entre 2.000 e 3.500 rpm. O câmbio é o conhecido automático de seis marchas sequenciais (permite trocas manuais na alavanca e também nas borboletas no volante). O que mudou é o sistema de recirculação de gases, recurso que foi adotado nos dois motores para regularizar o nível de emissões exigidos pelas novas regras que serão aplicadas a partir de 2025.

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Ao ler 1.0, boa parte das pessoas podem ainda pensar que se trata pouco motor para um SUV, entretanto, a cavalaria e torque são mais do que suficientes para garantir um nível de desempenho adequado pela categoria. Melhor dizendo, até superior do que a média. A aceleração de zero a 100 km/h é feita em 10/10,4 segundos, enquanto a velocidade máxima toca nos 192/188 km/h, sempre na ordem etanol/gasolina.

Suas respostas a baixas rotações ajudam a levar o conjunto com agilidade no dia a dia. Embora o teste drive tenha sido curto, coisa de 15 minutos, deu para relembrar um pouco o carro e ver que seu bom ajuste permanece o mesmo.

Não houve mudanças mecânicas nem mesmo em carga de amortecedores, uma vez que o peso mudou pouco. "Nesse caso a gente não precisou fazer, apesar do peso ter sido alterado. Ele ficou quatro quilos mais leve, em média. Quatro quilos é muito pouca diferença, então a gente não precisou fazer ajustes na suspensão", diz André Drigo, Gerente Executivo de desenvolvimento de produto completo da Volkswagen. O executivo afirma que a mudança na construção de novas peças, exemplos do painel, capas dos bancos e para-choques, permitiu cortar uns quilinhos.

Nas raras curvinhas que pegamos - no Highline, não tivemos nenhuma -, o carro mostrou-se equilibrado, bom de chão. Claro que há um grau inclinação da carroceria, uma proposta pensada para o conforto, propósito também presente na calibração macia da direção.

As frenagens também são bem balanceadas, mérito que cabe aos freios a disco ventilados na frente e sólidos atrás. Para fechar a parte dinâmica, a plataforma MQB é uma das mais rígidas do segmento, garantindo solidez.

Imagem: Divulgação

Se por fora mudou em faróis, lanternas e para-choques, por dentro, o que chama mais atenção é o acabamento do painel. Embora não tenha adotado peças muito macias ao toque, a faixa central de PVC agrada mais ao tato e visão. No Comfortline, os apliques de tecido nas portas dianteiras também ajudam a quebrar aquela antiga sensação de simplicidade. Na mesma direção, o painel bicolor dá um toque um pouco mais requintado, ainda que sem firulas.

Foram mudanças mais do que requisitadas pelos consumidores. "Essa dor do cliente de que o carro tem muito plástico é muito recorrente. Foi aí que a gente falou vamos ver se agora temos essa oportunidade, claro que dentro das proporções de um carro que está sofrendo leves alterações, alterações sutis, mas a gente quis trazer representatividade nessa questão de ampliar a sensação tátil com elementos soft em algumas regiões de contato do cliente", esclarece Telma Blasquez, Gerente de Cores e Acabamentos para América Latina.

Um ponto alto é a ergonomia, um quesito que costuma ser bem trabalhado pelos fabricantes alemães. Não é difícil encontrar uma boa posição de dirigir, uma vez que há coluna de direção ajustável em altura e profundidade. Os bancos também têm amplas regulagens de altura e também alavanca para ressaltar o apoio lombar do motorista. A visão é quase que desimpedida, dado que as colunas traseiras são largas e atrapalham em manobras e conversões.

O comprimento ficou ligeiramente maior. Se antes tinha 4,19 metros, o T-Cross renovado cresceu dois centímetros e chegou aos 4,21 m, uma ampliação creditada aos novos para-choques. Falando neles, o redesenho do traseiro permitiu um aumento de um grau no ângulo de saída. A largura é de 1,76 m (sem retrovisores, com eles passa a 1,97 m) e a altura marca 1,57 m.

Com entre-eixos de 2,65 metros, o T-Cross acomoda bem passageiros de até 1,84 metro (meu caso) no banco traseiro. Como os assentos e encostos de trás também são definidos, um quinto ocupante central talvez não se sinta tão privilegiado, mas é uma lógica que vale para a maioria dos carros.

Sempre importante, o porta-malas comporta 373 litros com o encosto traseiro na posição normal, só que ele pode ser ajustado para carga, negando conforto aos passageiros de trás, mas ampliando a capacidade para 420 l.

Ainda há pontos que poderiam ter sido mudados. Um deles é a central multimídia em si. Com 10 polegadas, o VW Play encanta pela rapidez e visual, contudo, deve botões. Muitas funções são mais complicadas de acessar por causa da falta de comandos físicos. Da mesma maneira, não há freio de estacionamento eletrônico. Para fechar, os vidros elétricos dianteiros são um-toque, algo que deveria ser para os quatro.

O carro avaliado estava equipado com o pacote Design View (R$ 2.990), que se destaca por trazer bancos com revestimento que imita couro e com detalhes em alto relevo, além de teto e colunas internas pretos. Somado a isso, também contava com o teto solar panorâmico do pack Sky View (R$ 7.360). Portanto, se você quiser um T-Cross Comfortline completo, terá que pagar R$ 171.340. Sem falar em pintura metálica.

Em itens de série, se destacam: ar-condicionado digital automático; rodas de liga leve aro 17 e pneus 205/55; entrada e partida sem chave; painel digital de 10,25"; carregador de smartphone por indução; retrovisores rebatíveis eletricamente; seletor de modos de condução; sensores de estacionamento dianteiros e traseiros; seis airbags; seis alto-falantes; conectividade sem fio com Android Auto e Apple CarPlay; frenagem automática com detector para pedestres; controle de cruzeiro adaptativo (não tem o stop and go, que freia o carro automaticamente no trânsito e o coloca novamente em marcha); acesso e partida sem chave; frenagem automática pós-colisão e quatro saídas USB-C, duas no console frontal e outras duas no de trás).

O porém é a falta de oferta de itens de segurança oferecidos como opcionais para o Highline, nomeadamente o assistente ativo de permanência em faixa, detector de ponto cego, auxílio de estacionamento e aviso de tráfego traseiro cruzado (com alcance de 40 metros). Poderia ser oferecido também não apenas no Comfortline, como também para o T-Cross mais simples.

Já o Highline 1.4 TSI de 150 cv entre 5.000 e 5.250 rpm e 25,5 kgfm de 1.500 a 4.000 rpm esbanja desempenho, entregando respostas mais autoritárias. Com o motor maior, o T-Cross vai de zero a 100 km/h em 8,6/8,7 s (etanol/gasolina), algo curioso, uma vez que não mudam os números de rendimento do propulsor quatro cilindros com os dois combustíveis. Não muda muito o ajuste mecânico, o vigor é o ponto que ele mais se impõe.

Imagem: Divulgação

Olhando a lista de itens de série, o Highline se diferencia pelo painel escurecido; rodas de liga leve aro 17 com acabamento diamantado; sensor de chuva; rack de teto na cor prata; revestimento dos bancos em material que imita couro e retrovisor interno eletrocrômico (antiofuscante).

Além dos itens citados, há também a opção de um novo tom de cinza, o Grey Ascot, que é sólido, mas sem aquele impacto do cinza saturado do Nivus, mais esportivo. O perfil do consumidor do T-Cross é mais família, portanto, esse tipo de apelo era desnecessário, de acordo com a VW.

São dois pacotes de opcionais exclusivos que se somam ao teto-solar. O pack bicolor (R$ 2.600) inclui rodas aro 17 escurecidas; teto, retrovisores e rack pretos; pneus Pirelli auto selantes (vedam com um mousse furos causados por pregos de até 4 mm - um teste foi realizado com sete e deu tudo certo) e nomes, emblemas e logotipos escuros.

O pacote ADAS (R$ 3.490) inclui os já citados itens de segurança ativa, tais como assistente de permanência em faixa (avisa e centraliza o carro), assistente de estacionamento, detector de ponto cego e câmera multifuncional).

Quanto ao fato dos equipamentos de segurança semi autônomos não virem de série nem no Highline, Drigo tem uma explicação. "Também é segmentação. Se a gente oferece todos, tudo que já tem no pacote Highline, a gente, logicamente, não pode ficar tão distante dos nossos concorrentes e isso também não é interessante para nós da própria marca. A gente segmenta os pacotes de acordo com que cada faixa financeira vai adotar, ouvindo os clientes e a concorrência". O profissional afirma que depende o que cada cliente vai querer, seja o teto solar ou o pacote de itens de segurança.

Presentes no Polo GTS, entre outros carros da VW, tais como o ID.4 e ID.Buzz, os faróis do tipo Matrix (adaptam o faixo para não atingir apenas determinado ponto da estrada, acompanham curvas, entre outras funções) poderiam fazer parte do T-Cross Highline.

"A gente usa exatamente no nicho necessário. Lógico que, se a gente colocar tudo de melhor em um carro mais, vou colocar, de posição mais baixa no portfólio, não casa com o que a gente tem no mercado. A tecnologia existe, tem o desenvolvimento, só que a gente aplica de acordo com a categoria do mercado", explica Drigo.

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