Golpe do falso motorista de aplicativo e outras armadilhas ao pedir carros
Pedir um carro por aplicativo é uma das maiores facilidades dos tempos atuais. Antes restrito aos táxis, o serviço de transporte individual se tornou mais barato e prático, além de gerar renda para inúmeros condutores.
No entanto, junto com a praticidade vem também a "esperteza" de alguns motoristas que adotam perfis falsos ou praticam outras formas de golpe. O UOL Carros conversou com algumas vítimas e com as gestoras dos aplicativos de transportes 99 e Uber para alertar os usuários.
A incidência do "golpe do falso motorista de aplicativo" é tamanha que locais com alta circulação de passageiros, como o Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo, alertam potenciais vítimas com cartazes na área de desembarque - no caso específico, o aviso traz a frase "cuidado com o golpe do transporte clandestino".
Se antes as dicas focavam mais na questão de identificar o motorista antes de entrar no carro ou conferir a placa, agora, a preocupação com a segurança foi ampliada.
Além do golpe mencionado acima, é preciso ficar atento a ações como falsa cobrança em dinheiro, desvio de caminhos, cancelamento forçado e não encerramento de corridas
São práticas mal-intencionadas e até criminosas nas quais as empresas estão de olho. É importante destacar que, em situações relatadas a seguir, as companhias envolvidas dizem ter resolvido os problemas que foram relatados nos respectivos canais de atendimento.
Confira golpes e situações de risco ao solicitar transporte:
Golpe do falso motorista de aplicativo
Um dos golpes que tem sido mais falados é o do falso motorista: são motoristas clandestinos que utilizam, nos aplicativos de transportes, o perfil de um condutor habilitado ou driblam o cadastro.
Para combater esse tipo de armadilha, as empresas do ramo dizem que fiscalizam os respectivos perfis. É o que afirma, por exemplo, a 99.
"Para coibir ações como essas, a 99 dispõe de ferramentas que checam a autenticidade das informações do condutor (...) por meio da checagem de documentos como CPF, CNH e licenciamento do veículo, além do reconhecimento facial periódico, que identifica automaticamente o rosto dos motoristas antes de eles se conectarem ao aplicativo. Adicionalmente, reforça a orientação para que os passageiros verifiquem se a imagem do condutor e as informações do veículo batem com o que consta no app. Caso usuários identifiquem qualquer indício de irregularidade, é importante que seja registrada a denúncia por meio do menu Ajuda, no app, para que medidas cabíveis sejam aplicadas", diz nota enviada ao UOL Carros.
A análise de vários fatores é uma ferramenta usada para coibir as armadilhas, acrescenta a Uber em contato com esta reportagem.
"Os esquemas de fraude estão em constante evolução e é por isso que a Uber está comprometida em atualizar e fortalecer os seus processos internos para proteger a plataforma e os seus usuários. Nossas equipes de detecção de fraudes usam análises manuais e sistemas automatizados de aprendizado que analisam mais de 600 tipos de sinais diferentes à procura de comportamentos fraudulentos", afirma a companhia em nota oficial.
Nesse tipo de caso, a cautela deve ser redobrada. É o famoso "cara/crachá": veja a foto do motorista e confira o carro e sua placa.
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Quero receberNão é incomum algum automóvel ser classificado de forma errada. Recentemente, eu mesmo pedi um Uber e peguei um Renault Logan descrito como Fluence, sedã médio da mesma marca. Após checar a identidade do motorista e ver o número e classificação de corridas, quase tive coragem de embarcar. O quase foi resolvido pedindo o código da corrida, a melhor forma de verificação.
Abordagem em locais de alto movimento
Ser abordado por algum motorista falso é algo comum em lugares de alto movimento, tais como aeroportos e rodoviárias, para citar dois exemplos.
Em muitos deles, há avisos para o passageiro não entrar em uma "furada", como é o caso do Aeroporto de Guarulhos.
Para evitar que carros e/ou motoristas descredenciados atuem no local, a administração do município diz que efetua fiscalização constante no aeroporto.
"A Secretaria para Assuntos de Segurança Pública da Prefeitura de Guarulhos realiza cotidianamente a fiscalização de veículos e pessoas no aeroporto internacional. A operação busca coibir a atuação do transporte irregular, fator de risco potencial à segurança da população e ao ordenamento urbano, que é prejudicado com a ocupação indevida das vias para o oferecimento desse serviço. As ações da Guarda Civil Metropolitana contra o transporte clandestino já somam 69 veículos autuados, apreendidos e removidos ao pátio de recolhimento somente neste ano", afirma a secretaria.
Golpe do valor do pedágio
Alguns golpes não são tão conhecidos, a exemplo do pedágio. O problema foi vivenciado por Ricardo Pinto, que pediu uma corrida da 99 entre Botafogo e Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
"Esse motorista me fez pagar por fora porque não havia calculado o pedágio. Eu estava levando um micro-ondas do trabalho para a assistência técnica e ele queria encerrar a corrida no posto do pedágio da Linha Amarela. Como estava no meio da via, paguei a diferença e deixei para lá", conta. A empresa afirma em seu site e app que até a modalidade táxi já traz o valor embutido na corrida.
Fechamento de corridas
Um problema comum é o cancelamento de corridas curtas, o que não é raro.
Foi o caso de Eder Santana, que pediu um carro para ir do Aeroporto do Galeão, também na capital fluminense, até um outro ponto da Ilha do Governador - um trajeto que levaria apenas alguns minutos.
"Pedi um Uber e o cara aceitou a corrida no aeroporto. Ele provavelmente viu que era uma corrida curtinha para a Ilha, aceitou e ficou parado no mesmo lugar. Aí ele falou para cancelar e eu disse que não iria. Como eu tinha outro telefone, pedi um 99 e deixei o cara esperando. Ele não cancelou a corrida e foi até Nova Iguaçu. Ele falou que eu havia alterado a corrida e fechou quando chegou lá. Em questão de menos de meia hora, o aplicativo devolveu a grana".
O passageiro reforça que, na época, sequer havia essa função de mudar o percurso.
As plataformas dispõem de dados sobre cancelamentos nos apps e sites oficiais, é importante ler sobre seus direitos e acessar a parte de perguntas mais comuns.
Viagens corporativas
É comum que motoristas desonestos não fechem as respectivas corridas ao chegarem ao destino.
"Estava pegando um carro pela conta corporativa, em São Paulo. No veículo, o motorista perguntou se era particular ou por empresa. Ele não foi direto, encaixou a pergunta durante o nosso papo. Chegando ao destino, ele disse que, por ser corporativo, não batia o valor para ele e pediu para eu pagar na maquininha, afirmando que a 99 iria mandar recibo de faturamento para a minha empresa e eu teria ressarcimento. Falei que não iria fazer, que no meu app havia batido e ele poderia fazer direto com a 99", relembra Aline Paim Rezende, que também passou pela situação do não encerramento de corridas após o lugar de destino, situação em que precisou encerrar no Uber. A plataforma resolveu o problema e a ressarciu,, segundo a usuária.
A 99 recomenda que corridas com o voucher corporativo sejam feitas na lista de opções de pagamento do app. Se você já utilizou o modo, suas informações estarão salvas.
Pagamento em dinheiro
Em muitos casos, usuários mais desconfiados evitam o uso de cartão de crédito ou de outra forma de pagamento que não seja em dinheiro.
Todavia, nem sempre isso é garantia de que tudo correrá bem. Em algumas situações, o motorista desonesto pode mentir sobre o valor pago.
"O motorista foi desonesto, não colocou que eu paguei o valor integral e fui cobrado pela Uber", lamenta Gilson Alvares. Após denunciar o condutor ao app, ele diz ter sido ressarcido.
Não é incomum uma viagem ser paga em cartão e mesmo assim, no momento do desembarque, o "piloto" insistir que o pagamento deve ser em dinheiro, pois o app não teria registrado o valor a ser recebido.
Percurso maior
Dar uma voltinha desnecessária é o receio de muitos passageiros, algo que vem da época dos táxis.
Mesmo com o auxílio de navegação por GPS, ainda há quem tente emplacar.
"Estava voltando da empresa no final do ano, lá por 2018. Estava sonolento e o motorista ficou dando voltas pela Barra da Tijuca [no Rio de Janeiro]. Mesmo quase dormindo, eu percebi e depois vi pela rota. No dia seguinte, eu vi o valor cobrado, cerca de R$ 250. Contestei no Cabify e não fizeram nada. Reclamei com a operadora do cartão e contestei com os prints dos valores e trajetos, eu tinha tirado print antes de pedir. Esperei seis meses, mas estornaram o valor total", diz Ricardo Pinto. O aplicativo não opera mais no Brasil, mas a dica de tirar um print de tudo é sempre válida.
Caminho errado?
Nem sempre dar uma esticada na viagem significa que o chofer está errado.
Foi o que aconteceu com Daniel Coutinho, em um percurso entre a Barra da Tijuca e a Ilha do Governador.
"Essa foi uma viagem compartilhada. O valor inicial oferecido pelo Uber foi de aproximadamente R$ 60, mas o motorista errou o caminho e precisou retornar em Duque de Caxias [município da Baixada Fluminense]". Após mostrar para a assistência do aplicativo que o mapa indicava o caminho que deveria ter sido percorrido e o que foi rodado, não houve problema de estorno.
É importante questionar o motorista sobre qualquer caminho que se desvie do percurso previsto no seu app.
Se estranhar qualquer mudança, vale se orientar até por outro aplicativo, exemplo do Waze, como forma de confirmação. Essa é uma maneira de conferir se aquele desvio faz algum sentido. Lembre-se, ainda, de compartilhar a sua viagem.
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