Relíquia, Mercedes-Benz que foi de Ayrton Senna está debaixo d'água no RS

Um Mercedes SL 600, ano 1993, que pertenceu ao piloto brasileiro Ayrton Senna é um dos milhares de carros que ficaram embaixo d'água devido as cheias no Rio Grande do Sul que atingiram mais de 400 municípios, deixando um rasto de destruição e milhares de desabrigados.

O carro integrava o acervo o antigo Museu da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil), localizado em Canoas (RS), e há alguns anos foi vendido em um leilão para pagamento de dívidas da universidade. A venda de parte do acervo foi imposta por determinação da Justiça Federal.

Um dos detalhes do carro, é a placa CSE-8888, que para Senna tinha um significado todo especial - Campeão Senna e 88 para o ano em que ganhou pela primeira vez um título na Fórmula 1.

A relíquia foi adquirida por um colecionador e está na FuelTech, empresa localizada na capital gaúcha especializada em injeções programáveis de combustível para carros de alta performance. O estabelecimento fica próximo ao Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), e está há mais de vinte dias embaixo d'água.

Em seu interior, a água chegou a mais de um metro e meio de altura, atingindo o carro que foi do piloto brasileiro. O veículo chegou ao local poucos dias antes de o estado começar a registrar as chuvas intensas.

"O carro não funcionava havia 15 anos porque, quando foi vendido, estava sem módulos de injeção eletrônica. Conversei com o dono para tentarmos restaurar essa parte, por isso o veículo estava na nossa empresa para fazermos uma avaliação do que poderíamos arrumar para que ele voltasse a funcionar", conta Anderson Dick, fundador e CEO da empresa - que hoje mora em Atlanta, no estado norte-americano da Geórgia, onde supervisiona as operações da Fueltech nos Estados Unidos.

Devido à enchente, Anderson acabou de retornar para Porto Alegre para dar prosseguimento aos trabalhos de recuperação da empresa.

Força-tarefa conseguiu salvar outros carros

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No dia 3, o empresário recorda que chegou o aviso de que o local poderia ser inundado, e uma força-tarefa foi montada com a ajuda dos funcionários para levantar os veículos para que não fossem atingidos pela água.

"Começamos a tirar os carros e os que não poderiam sair dali tentamos levantar em elevadores e até em pneus. Imaginávamos que seria uma enchente, que levantando cerca de 40 centímetros seria o suficiente. Ninguém imaginava que a água subiria tanto", acrescenta.

A Mercedes que pertenceu a Senna foi um dos automóveis que permaneceram no local. Mesmo em cima de um elevador a mais de um metro de altura, ela foi atingida pela água que encobriu boa parte do carro, deixando apenas o teto de fora. Os possíveis estragos causados no veículo ainda não foram avaliados.

"Vamos precisar examinar o carro com calma e ver o que foi afetado. Diversas empresas do país já entraram em contato com a gente se disponibilizando a ajudar nessa restauração. Mas só vamos conseguir fazer algo quando a empresa não estiver mais com água e conseguirmos tirar o carro de lá", acrescenta Dick.

Desde o começo do mês, o acesso à Fiueltech está restrito. Atualmente a água já baixou, mas ainda está com altura de 80 centímetros no interior da empresa.

Reconstrução da empresa

Empresa foi totalmente atingida pela enchente
Empresa foi totalmente atingida pela enchente Imagem: Arquivo Pessoal
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Com 250 funcionários diretos, a FuelTech teve diversos deles que foram atingidos diretamente pela enchente e ainda não avaliou os prejuízos sofridos.

"Em um primeiro momento nos preocupamos em ajudar nossos colaboradores. Catorze deles perderam tudo, outros 20 tiveram algum familiar direto que perderam tudo também. Nos primeiros dias fizemos uma ação para arrecadar fundos para essas famílias, para ajudá-los a reestruturar suas vidas", conta Dick.

A empresa havia inaugurado sua nova sede em novembro do ano passado, com investimento de R$ 20 milhões. Toda a linha de produção, estimada em R$ 6 milhões e o estoque foram afetados. A empresa tinha seguro, mas ele não cobre danos causados por enchente.

"Estamos tentando ver o que vamos fazer. Se vamos montar a empresa no mesmo local, se vamos mudar, ainda não sabemos como seguir", diz o fundador.

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