Cheias no RS: sem seguro, proprietários gastam fortuna para recuperar carro

As enchentes no Rio Grande do Sul continuam a causar estragos gigantescos e a vitimar pessoas.

Dentre os bens materiais destruídos pelas águas estão dezenas de milhares de automóveis, dos quais a maioria não é coberta por seguro.

Para proprietários de veículos nessa situação, em muitos casos é possível recuperá-los e fazê-los voltar a rodar normalmente - contudo, não é um processo simples, tampouco barato, a depender da extensão do estrago.

Segundo o presidente do Sindirepa-SP (associação que reúne as empresas de reparação automotiva no Estado de São Paulo), Antonio Viola, "geralmente, vale a pena recuperar quando a água não atingiu o painel. Se ela chegou nessa altura, provavelmente atingiu os módulos eletrônicos, que ficam oxidados em pouco tempo, deixando o custo de reparo praticamente inviável, a ponto de haver perda total nos casos em que há cobertura por seguro. Quando a água não chega até o painel, dá para trocar todos os feltros, fazer um tratamento e higienização interna", informa o especialista.

Viola também destaca que o dano pode ser bastante elevado na hipótese de a água entrar no escapamento com o motor ligado, o que traz alto risco do chamado "calço hidráulico" - quando o líquido trava a movimentação de componentes internos do propulsor, causando a respectiva quebra.

Escala de danos

Carros parcialmente cobertos pela água às margens da BR-116, em São Leopoldo (RS)
Carros parcialmente cobertos pela água às margens da BR-116, em São Leopoldo (RS) Imagem: Nelson-Almeida/AFP

Procuramos uma empresa especializada para explicar como funciona o processo de recuperação de um automóvel atingido por enchente.

De acordo com Tiago Ferreira Rodrigues, gerente da 3600 Estética Automotiva, há quatro graus de danos. Confira a explicação de cada um, segundo o especialista.

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O primeiro é quando a água atinge o piso do carro, o que demandará um serviço que inclui desmontar o carpete e o feltro ou espuma debaixo dele. Os elementos serão recuperados e as mantas trocadas. O custo pode ficar em torno de R$ 1,8 mil, lembrando que todos os serviços são por preço médio, podendo variar de um carro para outro.

O nível dois ocorre quando a água chega ao assento do banco. A partir daí, já é necessário tirar os bancos e suas forrações, processo complementado pela troca de espumas dos assentos. Somado a isso, o módulo do airbag fica próximo ao console. Se for rápido, dá para recuperar, secando-o com álcool isopropílico. Se não for o caso, o item terá de ser substituído. O reparo pode ficar entre R$ 2 mil e R$ 3 mil. Apesar disso, o custo pode ser maior, uma vez que os módulos não costumam ser baratos.

A situação se complica a partir do nível 3, grau em que a água atinge a metade do volante. Nesse caso, tem que desmontar o painel, além de ter mais módulos e incluir componentes eletrônicos, tais como som e central multimídia. O custo médio pode ficar entre R$ 15 mil e R$ 20 mil.

Fechando a lista vem o mais temido, o nível quatro, serviço que pode ultrapassar até o valor do próprio carro. Quando a água cobre acima da altura do volante, os reparos envolvem motor, módulos (quase todos são interligados entre si) e, se a pessoa ligar o carro, pode dar o temido calço hidráulico. De acordo com Tiago, o serviço pode variar muito de preço, indo de R$ 30 mil até mais do que R$ 50 mil. Tudo vai depender de cada caso e também de cada carro, uma vez que modelos premium podem ser bem mais caros.

"Tudo depende muito do modelo de carro, se ele é simples ou premium. E também tem a complexidade de achar peças", explica o especialista.

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