SUVs de shopping? Você pode ficar a pé até no asfalto e ainda levar culpa

Originalmente concebidos como veículos robustos para passageiros, os SUVs ficaram mais urbanos na medida em que cresceram na preferência do consumidor. Atualmente, a maior parte dos modelos da categoria tem tração dianteira e suspensões relativamente baixas, na comparação com legítimos veículos fora de estrada.

Devido a essas características, o habitat natural da vasta maioria dos utilitários esportivos à venda é o asfalto. Mesmo em vias pavimentadas, esses veículos podem sofrer sérios danos mecânicos e elétricos em situações extremas, como alagamentos. Daí a expressão "SUV de shopping", cunhada por praticantes de off-road.

Muitos proprietários de SUVs ignoram essa realidade e exageram na confiança ao transpor áreas alagadas, comuns nas cidades nesta época do ano.

Esse desconhecimento, além de trazer risco à integridade física dos ocupantes, eleva a possibilidade de problemas como calço hidráulico - quando o motor aspira água em vez de ar, danificando componentes como bielas e pistões. Itens eletrônicos também podem ser afetados.

Leia o manual

Renegade consegue atravessar só alagamentos 'não muito profundos'; leia o que diz manual
Renegade consegue atravessar só alagamentos 'não muito profundos'; leia o que diz manual Imagem: Divulgação

Para evitar uso incompatível com as características do carro, o que não costuma ser coberto pela garantia, a saída é conhecer suas capacidades e limitações. Isso pode ser consultado no manual do proprietário.

Especificamente no que se refere à travessia de trechos alagados, o manual dos três SUVs mais vendidos, considerando modelos de marcas diferentes, faz alertas relacionados a essa situação - incluindo o nível máximo de água recomendado.

O livreto que acompanha Volkswagen T-Cross e Chevrolet Tracker, por exemplo, orienta a evitar a transposição de alagamentos. Caso isso seja inevitável, a VW destaca que a água "pode alcançar, no máximo, a borda inferior da carroceria (abaixo das portas)", em relação ao T-Cross.

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Para o Tracker, a informação é a seguinte: "certifique-se de que o limite de água não exceda a altura do centro da roda".

Já o manual do Jeep Renegade traz orientações mais específicas, válidas inclusive para as configurações diesel 4x4.

O documento informa que o SUV é capaz de transpor alagamentos "não muito profundos" desde que o nível não exceda 48 cm com água parada. Se ela for corrente, a altura cai para 22 cm. Já a carga máxima não pode passar de 240 kg nessa circunstância e a velocidade máxima indicada é de 8 km/h.

"Via de regra, carros de passeio não são feitos para alagamentos. Além disso, não basta dirigir SUV para você entrar na água com tudo. É preciso conhecer o modelo e a respectiva localização da tomada de ar. O nível máximo mais seguro da água é na altura dos eixos, mas o movimento do veículo pode causar ondas, e isso deve ser considerado", destaca o consultor técnico Gerson Burin.

A orientação geral, caso seja necessário encarar uma enchente, é não passar do nível indicado no manual, se for possível. Outra dica é manter velocidade baixa e constante, com marcha reduzida, para não deixar o motor apagar.

Caso o veículo desligue durante a travessia, ainda parcialmente submerso, não tente acioná-lo novamente e peça socorro.

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Snorkel para rodar na cidade?

Snorkel idêntico ao instalado no Renegade da empresária Ana Hirchle, usado apenas na cidade
Snorkel idêntico ao instalado no Renegade da empresária Ana Hirchle, usado apenas na cidade Imagem: Arquivo pessoal

Fã da marca Jeep, a empresária Ana Hirschle, de 51 anos, é proprietária de um Renegade flex, cuja tração é dianteira, adquirido em maio de 2015.

Em 2016, ao tentar atravessar um alagamento em Recife (PE), onde morava na época, ela teve o motor danificado.

"Peguei um trecho alagado e o sistema elétrico parou o carro. A água entrou no motor e deu calço hidráulico. Até então, eu não sabia que o Renegade tinha a admissão de ar tão baixa, abaixo do farol do passageiro. Após reclamar com a seguradora e a Jeep, o propulsor foi trocado por um novo", conta.

Após a substituição do motor, Ana instalou um snorkel, acessório popular entre jipeiros que eleva a altura da admissão de ar para o nível do teto - embora o uso do veículo, segundo ela, seja 100% urbano.

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"Foi quando coloquei o snorkel da empresa OGZ, assim que saí da concessionária, já com o motor novo. Nunca pensei que fosse precisar de um snorkel, considerando que não coloco meu Renegade em trilhas", explica.

Apesar de tudo, a empresária não pensa em deixar a Jeep e diz que irá trocar seu Renegade por um zero da versão Trailhawk, com motor diesel, tração nas quatro rodas e suspensões elevadas.

"Este também receberá snorkel".

*Com informações de matéria publicada em 15/03/2021

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