Por que boa parte dos carros 0 km não terá rodízio em SP a partir de 2025

Criado em 1997 durante a gestão do ex-prefeito Celso Pitta, o rodízio municipal de veículos de São Paulo deixará de ser aplicado em boa parte dos automóveis novos a partir do ano que vem.

A começar em 2025 ,uma parcela expressiva dos carros zero-quilômetro comercializados no Brasil terá algum tipo de tecnologia híbrida para se enquadrar nos limites consideravelmente mais rígidos de emissões de poluentes previstos na oitava fase do Proconve (Programa de Controle de Emissões Veiculares), mais conhecida como Proconve L8 - que começa a valer em janeiro.

Desde 2015, na gestão de Fernando Haddad, carros e utilitários híbridos e elétricos estão isentos do rodízio, justamente por emitirem menos poluição - razão primordial da restrição à circulação de veículos no chamado Centro Expandido, de segunda a sexta, das 7h às 10h, e das 17h às 20h, conforme o final da placa.

Dessa forma, a cada dia útil, uma parcela dos veículos com motor a combustão fica proibida de circular em boa parte da cidade nos horários mencionados - os motoristas que desrespeitarem a regra podem ser autuados por infração grave, com multa de R$ 130,16, mais quatro pontos no prontuário da CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

Nova era dos carros híbridos flex

Lançado em 2019 no Brasil, Toyota Corolla Hybrid foi o primeiro carro híbrido flex do mundo
Lançado em 2019 no Brasil, Toyota Corolla Hybrid foi o primeiro carro híbrido flex do mundo Imagem: Jorge Moraes/UOL

O Proconve L8, que começa a vigorar em 2025, será mais exigente de maneira escalonada nos anos seguintes, com endurecimentos previstos para as etapas de 2027, 2029 e 2031.

Cada fabricante terá que responder às metas de menores emissões divididas pela linha inteira da marca, não modelo a modelo. Portanto, os híbridos terão que ter grande volume e a maior parte deles será flex - pois o etanol é um combustível sustentável, que compensa as respectivas emissões durante sua produção. A fotossíntese da cana-de-açúcar da qual o combustível é extraído retira dióxido de carbono da atmosfera e o converte em oxigênio.

Recém-aprovado no Congresso, o Mover (Programa Mobilidade Verde e Inovação, do governo federal) é outra explicação para esse movimento dos híbridos flex.

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A iniciativa, que aguarda sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, incentiva a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias, principalmente as ligadas ao processo de descarbonização, prometendo descontos no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e também incentivos financeiros para as montadoras que aderirem ao programa.

O Mover também prevê a isenção de impostos de importação de peças não disponíveis no mercado nacional, como são os casos de muitos componentes de modelos eletrificados. Assim, boa parte das fabricantes anunciou investimentos bilionários para a produção dessa nova leva de veículos "verdes"- que, ao menos na cidade de São Paulo, estarão livres do rodízio.

Para ficarem mais acessíveis, esses novos carros terão, em sua maioria, tecnologia híbrida leve, que atualmente tem sido chamada de micro-híbrida. Para reduzir as emissões de poluentes, utiliza um pequeno gerador, que substitui o alternador e o motor de arranque, cuja energia é armazenada em bateria de 12 volts ou 48 volts, para abastecer equipamentos elétricos periféricos, dar a partida no propulsor e manter a velocidade constante.

Esse sistema reduz a demanda por energia do motor a combustão, resultando em ligeiro ganho de performance e, sobretudo, reduzindo o consumo de combustível e as emissões.

CET não pretende mudar isenção

Questionada pelo UOL Carros, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), responsável pela gestão e pela fiscalização do rodízio, disse que por ora a isenção de carros híbridos e elétricos da restrição será mantida.

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A alegação para tal é de que esse tipo de veículo ainda representa uma pequena parcela da frota do município, sem contar o fato de que é, de fato, menos poluente (ou nada poluente, no caso dos totalmente elétricos.

"A Companhia de Engenharia de Tráfego informa que o rodízio municipal de veículos ajuda a reduzir a poluição do ar, pois visa tirar 20% dos veículos das ruas nos horários de maior movimento", diz a empresa controlada pela Prefeitura de São Paulo.

Realmente, embora os números de vendas aumentem mês a mês, a fatia dos elétricos na frota de automóveis da cidade ainda é pequena.

Vantagens do carro híbrido

Segundo Ricardo Bastos, presidente da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), os carros híbridos, com suas diferentes variações, proporcionam uma redução entre 30% e 70% das emissões de poluentes.

A maior eficiência acontece nos híbridos do tipo plug-in, que trazem baterias maiores, recarregáveis na tomada, por serem capazes de rodar uma determinada distância, que pode ser de algumas dezenas de quilômetros, no modo totalmente elétrico, sem gastar nada de combustível.

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Bastos destaca que os micro-híbridos, justamente pelo menor custo, vão predominar nos próximos anos.

"Se levarmos em consideração um futuro próximo, o maior aumento de presença deve ser no segmento dos micro-híbridos ou híbridos leves, capazes de reduzir em até cerca de 7% as respectivas emissões e atender os novos limites do Proconve L8".
o especialista lembra que um dos impulsos para o aumento de vendas dos modelos elétricos e eletrificados é justamente a isenção do rodízio.

"A isenção tem um forte apelo de vendas, tudo que mexe com o bolso do motorista tem", completa.

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