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Ford Bronco: testamos o utilitário 'topa tudo' que deve vir para o Brasil

Imagem: Divulgação

Julio Cabral

Colaboração para o UOL

28/06/2024 08h00

A Ford apresentou o novo Bronco na Argentina - mas não o confunda com o Bronco Sport, SUV que já é vendido no Brasil e funciona como uma versão menor do utilitário grande. O modelo ainda não tem data para chegar ao nosso mercado, mas há grande chance que ele seja importado ao país. Caso se confirme, será a primeira geração do utilitário a ser vendida oficialmente por aqui.

Da mesma maneira que o original, criado em 1965, o novo Bronco também está de olho em outro modelo da Jeep, o Wrangler. Para rivalizar com o utilitário mais raiz da marca adversária, o modelo da Ford é equipado com uma série de aparatos fora de estrada.

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Fizemos apenas um primeiro contato, um trecho de fora de estrada, mas foi possível ver que o Ford Bronco faz justiça ao nome na valentia. Na verdade, a denominação foi adotada em homenagem a um tipo de cavalo, da mesma maneira que o Mustang.

Embora a moda retrô já tenha passado por vários graus, saindo da moda e voltando à cena recentemente, o fato é que o estilo do Bronco é bem acertado. Os faróis redondos de LEDs são semelhantes ao utilitário dos anos 60, deixando de lado as gerações seguintes, a maioria baseada no estilo da linha de picapes do fabricante.

Imagem: Divulgação

As linhas laterais se destacam pelos enormes para-lamas. Já a traseira tem o estepe pendurado e lanternas verticais de LEDs. Para concorrer em pé de igualdade com o Wrangler, há opção de carroceria duas portas. Na Argentina, tivemos contato apenas com o quatro portas.

Como bons jipeiros gostam de curtir o off-road a céu aberto, é possível retirar as portas - daí os controles no console - e teto, deixando apenas o santoantônio exposto. Não é tão fácil quanto parece, mas até aí o Jeep também não.

Se você gosta de brincar na lama, é essa configuração que pode lhe agradar. O Wrangler também tem essas características, mas com a vantagem de poder escamotear o para-brisa.

A tradição impera no estilo, só que a mecânica está longe de ser à moda antiga. No lugar dos V8 de antigamente, há um V6 2.7 biturbo. O seis cilindros entrega 334 cv e 57,4 kgfm de torque. O câmbio é automático de dez marchas. No final, é o conjunto dos Mustangs básicos.

Não foi possível acelerar muito, no entanto, deu para notar que o seis cilindros responde de maneira pronta. A arrancada de zero a 100 km/h fica próxima dos 6,7 segundos, nada mal para um veículo de 2.348 kg. Por outro lado, o consumo misto entre cidade e estrada é de 9,3 km/l de gasolina, levando-se em consideração o combustível argentino. Com a nossa mistura de etanol, o número deve cair.

Os estribos ajudam na hora de embarcar no SUV. Os ajustes elétricos do banco do motorista (há também para o carona) e os amplos ajustes do volante ajudaram a encontrar uma posição ideal para o fora de estrada, mantendo as marcações do capô à vista.

Basta manter a aceleração constante para ele se livrar de um trecho de lama mais fundo. Os amplos ângulos de entrada (42,2 graus) e saída (37º) o deixam à vontade na hora de superar os obstáculos. A parte ventral também fica longe de raspar, mérito dos 26,3º. A suspensão é independente à frente e por eixo rígido atrás, apresentando um amplo grau de articulação, o que ajuda a manter sempre as rodas no solo.

Os amplos pneus Goodyear 315/70 calçam rodas aro 17, se destacando pelos gomos ressaltados e pelo fato deles serem presos diretamente nas rodas. Com eles, a chance de perder a aderência quando envoltos com muita lama é bem menor. A questão que fica é como os pneus vão se sair no asfalto, uma vez que esse tipo de conjunto costuma ser mais barulhento.

Saber os limites da carroceria de um carro nas trilhas é algo essencial, só que o Bronco ajuda nisso com a câmera frontal, um dos primeiros recursos a serem testados. Pode subir uma ladeira que o Ford vai indicar o que está à frente, não precisa ser um ato de fé.

Imagem: Divulgação

Com um botão, é possível acionar a reduzida. Outros comandos permitem ativar os bloqueios dianteiro e traseiro, trazendo força extra. O acionamento deve ser feito com o carro parado. Foi perfeito para atravessar um trecho muito enlameado, como também uma passagem sobre terreno alagado - o Bronco consegue encarar até 85 cm de profundidade.

Da mesma maneira que os elétricos, também é possível dirigir o Bronco com apenas um pedal. O recurso permite utilizar apenas o pedal do acelerador nas trilhas. Ao tirar o pé do pedal, o freio é acionado automaticamente, permitindo regular a velocidade. Se você estiver nos modos 2WD ou 4WD high (sem reduzida), o funcionamento vai até 32 km/h. No 4WD reduzido, pode ser usado até 15 km/h. Também é possível usá-lo em ré, mas o ritmo será limitado a 5 km/h.

Até aí, nada muito fora do normal de um SUV off-road raiz. A coisa começa a tomar um lado tecnológico de ponta com o recurso de assistente de manobras de trilha. Tal com os comandos de redução, o botão de acionamento fica na parte superior do painel.

Com o recurso ativado, basta esterçar completamente as rodas para o lado desejado, deixando a cargo do sistema a função de frear a roda interna, diminuindo o raio de giro e encaixando o SUV em uma trajetória que seria apertada para um modelo de 4,81 metros. O acionamento acaba sendo seguido por uns soquinhos e barulhos da roda cujo ABS foi acionado, mas nada que assuste. É uma boa maneira de lidar com o diâmetro de giro de 12,1 m.

Para lidar com variados tipos de terreno, a tecnologia é auxiliada pelo modo "G.O.A.T"., um sistema de gerenciamento que poderia ser traduzido como 'passa por cima de qualquer tipo de terreno'. Nada melhor que pegar o bichinho como exemplo, pois ele é famoso por encarar terrenos difíceis.

Os modos são normal, eco, esportivo, lama, escorregadio, areia/neve, rochas e o curioso Baja, nome que faz menção à corrida tradicional do sul da Califórnia, um recurso que ajuda em terrenos de baixa aderência, tal como terra solta. É uma funcionalidade restrita à versão Wildtrak, a testada.

Embora alguns SUVs off-road sejam feitos com base em monobloco, se aproximando dos crossovers, o Ford é raiz e utiliza chassi, curiosamente, o mesmo da Ranger de geração passada.

Saindo da lama para voltar ao mundo terreno, o nível de itens do Bronco é elevadíssimo. Por dentro, os materiais macios aparecem nos enxertos das portas. O painel é agradável ao toque, mas sem ser emborrachado por inteiro. O quadro de instrumentos digital tem oito polegadas. A central multimídia tem 12" e opera em conjunto com sistema de som de dez alto falantes da Bang & Olufsen. Carregador de celular sem fio também é de série. O ar-condicionado tem duas zonas.

Para permitir que as portas sejam retiradas, comandos como dos vidros elétricos um-toque estão no console central, perto do comando giratório dos modos off-road.

Quanto aos itens de segurança, o Ford conta com controle de cruzeiro adaptativo; frenagem automática de emergência com detector de pedestres; câmeras 360 graus; alerta de ponto cego; assistente de evasão (ajuda a tirar o carro de um acidente certo); luzes dianteiras automáticas e seis airbags.

Os 2,95 m de entre-eixos ajudam a levar cinco passageiros com amplo espaço, somente o ocupante central do banco traseiro pode se ressentir do formato do assento. A fileira de trás é bem elevada, mas sem atrapalhar muito. O porta-malas comporta 471 litros. O acesso ao compartimento é dividido em duas partes. A porção inferior da tampa abre lateralmente, mas também é possível abrir o vidro separadamente.

Se levarmos em consideração os preços nos Estados Unidos, o Wrangler Rubicon parte de US$ 53.785, cerca de US$ 7 mil a menos que o Bronco Wildtrak, que parte de US$ 60.855. No Brasil, o Jeep custa R$ 481.834. Se for trazido para o nosso mercado, o Ford pode chegar por volta de R$ 550 mil.

Ficha técnica - Ford Bronco Wildtrak

Motor: 6 cilindros, biturbo, injeção direta, gasolina, 334 cv de potência a 5.500 rpm e 57,4 kgfm de torque a 3.100 rpm

Câmbio: automática, 10 marchas

Tração: 4x4 com reduzida e bloqueio dos diferenciais dianteiro e traseiro

Dimensões: 4,81 m de comprimento, 2,20 m de largura, 1,91 m de altura e 2,95 m de distância entre-eixos

Peso: 2.348 kg em ordem de marcha

Volume do porta-malas: 471 litros .314 litros

Capacidade de carga: 457 kg

Freios: discos ventilados na dianteira e discos rígidos na traseira

Suspensão: independente na dianteira e eixo rígido na traseira

Direção: elétrica

Pneus: 315/70 aro 17

Capacidade do tanque: 79 litros

Aceleração de 0 a 100 km/h: 6,7 s

Velocidade máxima: 161 km/h (limitada eletronicamente)

Consumo médio: 6,9 km/l na cidade e 11,5 km/l na estrada

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