Peso morto: mau uso de carro híbrido pode transformá-lo em beberrão

Os carros híbridos plug-in representam uma ponte entre os veículos convencionais e o futuro elétrico, prometendo eficiência e versatilidade. Mas a gestão da bateria desses veículos pode ser um fator crítico no consumo de combustível. O peso das baterias descarregadas pode transformar um híbrido plug-in eficiente em um consumidor voraz de combustível.

Muitos motoristas até carregam uma vez, por exemplo no fim de semana, mas com o tanque cheio de combustível, deixam pra lá a carga elétrica quando acaba e continuam rodando a semana inteira apenas com combustível. Neste caso, o usuário que tem 'preguiça de carregar' o carro está perdendo o dinheiro que investiu.

Os híbridos plug-in (PHEV) são aclamados por sua capacidade de operar tanto com energia elétrica quanto com combustível tradicional. A expectativa é que a bateria, quando carregada, permita uma condução silenciosa e livre de emissões. A realidade é que, sem uma carga regular, a bateria se torna um peso morto.

As baterias PHEV, que variam em peso de 200 a 300 kg, com vida útil entre dez e 15 anos, dependendo da capacidade e do modelo do veículo, adicionam uma carga significativa ao veículo, ilustrando o desafio de carregar tal peso sem utilidade quando a bateria está descarregada.

E essa é a questão central. Quando a bateria está descarregada, o sistema de propulsão à combustão precisa trabalhar mais para mover o carro, devido ao peso extra. Isso resulta em um aumento no consumo de combustível, contradizendo o propósito de eficiência pelo qual os PHEVs são conhecidos. O peso adicional pode afetar negativamente o consumo de combustível, especialmente em velocidades mais altas, onde o motor a combustão é mais exigido.

A eficiência energética de um PHEV é maximizada quando a bateria é mantida carregada e utilizada para a propulsão elétrica. No entanto, a realidade do dia a dia pode não permitir recargas frequentes, seja por falta de infraestrutura ou por hábitos de condução. Assim, muitos motoristas acabam dependendo mais do motor a combustão, o que leva ao paradoxo de um veículo eco-friendly que pode acabar consumindo mais combustível do que um carro convencional.

Wanderley Marinho, engenheiro elétrico e membro da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil) afirma que o que se espera de quem compra um hibrido plug-in é que necessariamente utilize a característica principal do veículo de poder carregar, e não fique apenas utilizando o veículo no modo de combustão, para que seja mais eficiente.

"Não podemos esquecer que as baterias estão ficando cada vez mais leves e com maior autonomia, aumentando a eficiência energética para o uso desses carros".

Os fabricantes de veículos têm o desafio de desenvolver baterias mais leves e eficientes. A evolução tecnológica já está permitindo a produção de baterias com maior densidade energética e menor peso, o que pode reduzir significativamente o impacto do peso morto no consumo de combustível.

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Segundo Marinho, carros que hoje já fazem 1200 km de autonomia sem precisar reabastecer já estarão oferecendo algo como 2.200 km nos próximos anos, maximizando muito mais o uso do motor elétrico nos híbridos plug-in.

É necessário lembrar que a estratégia de condução e a topografia das rotas afetam significativamente o consumo de combustível. Em áreas urbanas, onde as paradas são frequentes e as velocidades são baixas, o motor elétrico pode ser mais vantajoso. Por outro lado, em estradas, onde se mantém velocidades constantes e mais altas, o motor a combustão é mais solicitado, aumentando o consumo.

Segundo Fabio Delatore, professor de engenharia elétrica da FEI, o maior mérito do HEV / PHEV é de permitir, principalmente em um trânsito intenso, nas partidas para tirar o carro da inércia, em retomadas, (onde é exigido um desempenho maior do motor a combustão), que a propulsão elétrica passe a minimizar o gasto de combustível e energia dispensada para realizar a mesma atividade / trabalho.

Ele discorda que o carro híbrido PHEV possa ser menos eficiente. Segundo ele, existem montadoras que realizam algumas pequenas modificações no modo de funcionamento do motor a combustão, visando maximizar a sua eficiência volumétrica em produzir energia mecânica a partir da queima de combustível.

"Entre as duas tecnologias, HEV e PHEV, a de minha preferência é a PHEV. Você sempre terá a oportunidade de fazer com que o carro opere no modo elétrico criando o hábito de usar uma tomada comum residencial, de 220V 20A para a recarga", afirma Delatore.

Então, a solução para esse dilema passa por uma combinação de fatores. Primeiramente, é essencial que os proprietários de PHEVs adotem o hábito de carregar regularmente suas baterias. Isso pode ser incentivado através de políticas públicas que promovam a instalação de mais pontos de recarga e ofereçam benefícios para os usuários de veículos elétricos.

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A GWM informou ao UOL Carros que o híbrido plug-in (PHEV) foi desenvolvido para reduzir as emissões de poluentes com a adoção de uma bateria e um motor elétrico combinados ao motor a combustão. Portanto, para ter a máxima eficiência na utilização de um PHEV, é fundamental que o veículo seja recarregado periodicamente, para usufruir plenamente das vantagens do modo de condução 100% elétrico dos PHEVs, que zera todas as emissões de poluentes.

Caso o motorista não deseje ou não tenha condições de fazer a recarga periódica, a GWM recomenda que ele adquira um híbrido convencional (HEV), que oferece a máxima eficiência energética nos casos em que a recarga não for efetuada constantemente.

Outra estratégia é a otimização dos sistemas de regeneração de energia. Os PHEVs são capazes de recarregar suas baterias durante a frenagem e em desacelerações, convertendo a energia cinética em energia elétrica. A eficiência deste sistema pode ser aprimorada para maximizar a recarga da bateria durante a condução, reduzindo a dependência do motor a combustão.

A conscientização dos consumidores também é fundamental. Muitos motoristas de PHEVs podem não estar plenamente cientes do impacto que a gestão da bateria tem sobre o consumo de combustível. Educar os proprietários sobre como otimizar o uso da bateria e a importância da recarga regular pode levar a uma redução significativa no consumo de combustível.

Além disso, a adoção de sistemas de monitoramento em tempo real que informem o motorista sobre o status da bateria e o consumo de combustível pode ajudar na tomada de decisões mais conscientes durante a condução. Esses sistemas podem sugerir o momento ideal para recarregar a bateria e indicar quando o veículo está operando de forma ineficiente.

Os híbridos plug-in são uma tecnologia promissora que oferece muitos benefícios ambientais e econômicos. Para aproveitar plenamente essas vantagens, é necessário um compromisso tanto dos fabricantes quanto dos consumidores. Com a evolução da tecnologia de baterias e uma maior conscientização sobre a importância da recarga regular, os PHEVs podem cumprir seu papel como líderes na transição para uma mobilidade mais sustentável.

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