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Fuja do 'empurrômetro': 5 ofertas do frentista que você deve recusar

Hoje, postos não vendem só combustível e ampliam faturamento com outros produtos e serviços; muitos deles você não precisa Imagem: Alf Ribeiro/Folhapress

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

14/07/2024 04h00

A cena é comum. Você estaciona no posto de combustível para reabastecer e o frentista faz aquela pergunta: "Quer ver o nível do óleo e do radiador?" Oferecer esse e outros serviços e produtos pode até causar boa impressão, porém a prática representa risco real de desperdício de dinheiro e até de danos ao automóvel do consumidor.

"Hoje o posto deixou de ser um local só para abastecer. O faturamento também passa pela venda de uma série de itens além do combustível, até para aumentar a base de clientes. O grande problema é o despreparo do motorista a respeito da manutenção do carro, que o deixa suscetível a pagar por serviços dos quais não precisa", alerta Francisco Satkunas, engenheiro integrante da SAE Brasil.

Além disso, ressalta o especialista, nem sempre os frentistas e as instalações dos postos oferecem capacitação técnica e equipamentos adequados para a execução de determinadas manutenções.

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Veja as principais "armadilhas" que você pode encontrar no posto e deve recusar.

1 - Completar o óleo

Uma das práticas mais comuns é o frentista se oferecer para verificar o nível do óleo do motor. Ao conferir a vareta, ele vai dizer que falta lubrificante. Porém, pouca gente se dá conta que o nível está baixo por um motivo simples: o motor está quente e o óleo ainda não desceu para o cárter. O resultado disso é que muitos clientes aceitam completar o nível, quando na verdade estão colocando lubrificante em excesso.

"Óleo demais força componentes do motor como virabrequim, causando desgaste prematuro. Além disso, o excesso provoca formação de espuma, que prejudica o bombeamento do lubrificante, elevando o atrito e a temperatura de partes internas, o que também pode danificá-las."

De acordo com Satkunas, o nível do óleo deve ser checado sempre com o motor frio e com o veículo posicionado em um piso plano. "É necessário aguardar cerca de dez minutos até o óleo descer para o cárter", ensina. Além disso, tem a questão da especificação do óleo: misturar lubrificante sintético com mineral, por exemplo, afeta a eficiência e a viscosidade, elevando o risco de danos ao motor.

"Se for necessário completar o nível, verifique o manual do veículo para utilizar o produto recomendado pelo fabricante".

2 - Colocar aditivo de combustível

Essa é outra oferta que representa desperdício de dinheiro, segundo o engenheiro da SAE Brasil. "Tanto o combustível quanto o óleo lubrificante já são certificados e vendidos com a formulação necessária para proporcionar o funcionamento ideal do motor", afirma Satkunas.

O especialista lembra que, se o cliente fizer questão de um produto para prevenir o acúmulo de sujeira e de resíduos nos componentes internos, as distribuidoras oferecem variantes aditivadas de gasolina e etanol.

"Não recomendo colocar aditivo", orienta o engenheiro.

3 - Checar o fluido de freio

Essa é outra "pegadinha" bastante comum nos postos de combustível. Nesse caso, um dos riscos é a contaminação do fluido por água. "O fluido de freio tem a característica de absorver a umidade, por menor que seja. Basta espirrar um pouco de água para contaminar o produto e acelerar seu ponto de ebulição, comprometendo a capacidade de frenagem", explica Francisco Satkunas.

Outro risco é a entrada de ar na tubulação de freio, ocasionando a formação de bolhas que também podem reduzir a eficiência dos freios. Caso o nível esteja muito baixo, orienta o engenheiro, dá até para completar no posto. No entanto, o ideal, em uma situação como essa, é substituir todo o fluido e fazer a sangria em uma oficina especializada.

Satkunas também destaca que não é recomendável colocar qualquer fluido no veículo. "Da mesma forma que o óleo do motor, o fluido de freio tem especificações diferentes para cada veículo, que são informadas no manual do proprietário. Produto fora dessas especificações pode prejudicar a frenagem."

4 - Aditivo no radiador

Se nível do radiador estiver baixo, complete com água desmineralizada; aditivo, só o recomendado pela montadora Imagem: Almeida Rocha/Folhapress

Outra oferta comum de frentistas é checar o nível de líquido no vaso de expansão do sistema de arrefecimento do motor. Até aí, tudo bem. O problema começa quando tentam "empurrar" a venda de aditivo para o radiador. "Se precisar completar no posto, o recomendável é repor apenas com água desmineralizada para prevenir a formação de corrosão nos dutos internos", esclarece o engenheiro da SAE Brasil.

Quanto à colocação de aditivo, ele recomenda usar estritamente o produto de especificação informada no manual do automóvel. "Varia de acordo com o veículo. Alguns requerem colocar mais ou menos aditivo no reservatório. Siga sempre o que diz o manual."

5 - Trocar as palhetas do limpador de para-brisa

Limpeza das palhetas do limpador de para-brisa pode ser suficiente; troca, só por produto nas especificações de fábrica Imagem: Karime Xavier / Folhapress

Muitos frentistas oferecem palhetas novas para o limpador. É fato que, por conta da exposição ao sol e à sujeira, com o tempo a eficiência do equipamento, que funciona como uma espécie de rodo, é comprometida - isso pode ser verificado ao surgirem ruídos ao acionar o limpador e, principalmente, quando a remoção da água acontece de forma irregular.

No entanto, diz Satkunas, nem sempre é preciso substituir a peça. "Em alguns casos, basta limpar as palhetas com água para remover a sujeira acumulada. Além disso, usar palhetas que não sejam originais traz risco de mau funcionamento e até de danos ao para-brisa."

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*Com informações de matéria publicada em 16/10/2019

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