'Água' do carro pode causar acidentes graves; veja cuidados para manutenção

O sistema de arrefecimento é uma parte vital do funcionamento de um veículo, responsável por manter o motor em temperaturas operacionais seguras. Uma manutenção inadequada pode levar a consequências graves, como o ocorrido em recente caso com a empresária Luiza Britto de Toledo, que sofreu queimaduras de segundo grau ao verificar o nível do líquido de arrefecimento em seu carro.

O incidente ocorreu quando ela estava verificando o nível da água do radiador do seu carro. No entanto, é importante destacar que as tampas dos reservatórios trazem alertas para não serem abertas quando o motor estiver quente.

Segundo ela, foi orientada por um mecânico a monitorar regularmente o nível da água do radiador. No dia 17 de junho, Luiza lembrou-se de fazer uma verificação. Ao abrir a tampa, a pressão acumulada fez com que a água fervente jorrasse sobre seu corpo.

"Parei o carro, abri a tampinha do radiador e toda a água lá dentro voou em cima de mim. Queimei cerca de 40% da parte da frente do meu tronco. Foram queimaduras de segundo grau", afirmou. As queimaduras atingiram a parte da frente do tronco de Luiza, incluindo ombro, pescoço, orelha e colo.

O caso de Luiza serve como um alerta para os riscos associados à manutenção imprópria do sistema de arrefecimento. Ao verificar o nível do líquido de arrefecimento com o motor quente, ela foi exposta a líquidos superaquecidos e gases sob pressão, resultando em lesões sérias.

Todo carro tem radiador?

Diferentemente dos veículos movidos à combustão, a maioria dos carros elétricos não possuem motor à combustão, radiador, carburador ou velas de ignição. Em alguns elétricos, há sim um sistema de arrefecimento, mas que não implica grande troca de calor como nos motores à combustão, e praticamente o líquido não será substituído na vida útil do veículo.

Existem muitos motores refrigerados a ar, que também não precisam de radiadores e o mais famoso deles é o Fusca. Mas boa parte tem sistema de arrefecimento à água. E não pode ser qualquer uma, precisa ser desmineralizada.

Mas para quem tem um carro com radiador, a manutenção correta do sistema de arrefecimento serve para garantir a longevidade e eficiência do veículo. Os proprietários de carros devem realizar verificações regulares do radiador para identificar sinais de corrosão ou danos externos, além de inspecionar visualmente mangueiras e conexões em busca de vazamentos ou danos.

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É recomendável seguir as instruções do fabricante para a manutenção, que geralmente incluem a troca periódica do líquido de arrefecimento e a limpeza do radiador.

Como funciona

Os componentes principais do sistema de arrefecimento incluem o radiador, a bomba d'água, o termostato e o líquido de arrefecimento. O radiador atua como o coração do sistema, dissipando o calor do líquido que flui através dele. A bomba d'água, impulsionada pelo motor, é responsável por circular o líquido pelo motor e de volta ao radiador. O termostato regula o fluxo do líquido de arrefecimento, mantendo a temperatura ideal de operação do motor.

Especialistas enfatizam a importância de utilizar os materiais corretos e de não remover peças do mecanismo sem o conhecimento adequado. A utilização de líquidos de arrefecimento de qualidade e a substituição de componentes desgastados são medidas preventivas que podem evitar problemas futuros. Além disso, é aconselhável que qualquer intervenção no sistema de arrefecimento seja realizada por profissionais qualificados.

A manutenção do sistema de arrefecimento é uma prática essencial que não só protege o motor, mas também garante a segurança dos usuários. A conscientização sobre os procedimentos corretos e a busca por assistência especializada podem prevenir incidentes como o ocorrido com Luiza Toledo.

Como verificar o nível do radiador?

Segundo Leandro Marco, especialista do Centro Especializado Delphi, a inspeção do nível do fluido de arrefecimento deve ser feita com o motor frio para evitar queimaduras ou outros acidentes causados pela liberação súbita de líquido sob alta pressão.

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"Abrir a tampa nessa situação fará com que o conteúdo jorre para fora, pondo em risco a segurança das pessoas. Para uma checagem segura, o veículo deve estar com o motor frio. Além disso, a medição com o motor quente não será precisa, porque o líquido tende a subir no reservatório quando está aquecido. Isso dará uma leitura incorreta e o motorista terá a falsa sensação de que o nível do componente está adequado, quando pode estar abaixo do recomendado", afirma.

A verificação com o motor frio proporciona uma leitura mais precisa, pois o fluido se contrai quando esfria e se expande quando aquecido. A maioria dos veículos modernos possui um reservatório de expansão transparente com marcas de nível mínimo e máximo, permitindo uma verificação rápida e fácil sem a necessidade de abrir a tampa do radiador.

Marco afirma que os motoristas também devem estar atentos a sinais de vazamentos ou outros problemas no sistema de arrefecimento, como mangueiras rachadas, vazamentos no radiador ou na bomba d'água, e a presença de fluido de arrefecimento no óleo do motor ou vice-versa.

Esses problemas podem levar a um superaquecimento do motor e a falhas graves se não forem tratados prontamente. Os motoristas devem seguir as recomendações do fabricante do veículo e consultar um mecânico qualificado para qualquer serviço ou reparo que esteja além de sua capacidade ou conhecimento técnico.

Este caso reforça a necessidade de educação e informação contínua para todos os motoristas, visando uma experiência de condução mais segura e responsável.

Alfredo Gomes, da Oficina Automotiva Bela Vista, diz que o "fluido de arrefecimento, ou anticongelante, é o meio pelo qual o calor é transferido do motor para o radiador, onde é dissipado para o ambiente. É essencial que os motoristas compreendam a importância de verificar regularmente o nível do fluido e garantir que ele seja mantido dentro dos níveis recomendados pelo fabricante".

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Segundo ele, é importante usar o tipo correto de fluido de arrefecimento, conforme especificado pelo fabricante do veículo. Os fluidos de arrefecimento modernos contêm aditivos que protegem o motor contra corrosão, congelamento e ebulição, além de ajudar na transferência de calor.

"A utilização de água pura não é recomendada, pois pode levar à corrosão e ao acúmulo de minerais no sistema, o que pode reduzir a eficiência do arrefecimento e potencialmente causar danos ao motor", avalia Gomes.

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