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Rodízio em SP libera novos carrões de luxo para rodar, mas pune veículo 1.0

Wandick Donett

Colaboração para o UOL

01/08/2024 13h21Atualizada em 02/08/2024 13h11

A chegada de novos carros híbridos ao mercado brasileiro tem gerado situação inusitada à cidade de São Paulo. Modelos de luxo que apresentam maior nível de emissões de poluentes são isentos do rodízio veicular municipal pelo fato de serem eletrificados, enquanto automóveis populares, com motor 1.0, têm circulação restrita apesar de emitirem menos gases nocivos ao meio ambiente.

Desde 2015, carros eletrificados estão isentos de participação do rodízio veicular. A legislação atual não diferencia entre essas categorias de híbridos ou considera a potência do motor a combustão acoplado. Isso resulta em uma lacuna em que veículos de luxo, com motores grandes e consumo elevado, beneficiam-se da isenção do rodízio, enquanto veículos mais acessíveis e eficientes, mas não classificados como híbridos ou elétricos, não recebem o mesmo benefício.

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Há no mercado brasileiro uma variedade de modelos, de valores superiores a R$ 600 mil, que estão isentos do rodízio. Estes carros, porém, apresentam notas baixas sobre emissões de poluentes em análise realizada pelo Inmetro, que utiliza seu Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) para trazer informações sobre a eficiência energética e emissão de gases poluentes dos veículos.

A tabela do PBEV classifica os veículos de "A" (mais eficiente) a "E" (menos eficiente) e atribui estrelas para as emissões de poluentes, com três estrelas para os modelos que emitem menos e uma estrela para os que emitem mais.

Entre alguns dos modelos híbridos plug-in disponíveis listados com baixa classificação no PBEV e risco de potencial poluidor, mas que são liberados do rodízio municipal de São Paulo, destacam-se:

Mercedes-Benz AMG SL63S, EP Plug-in: R$ 1.689.900, classificação D

Land Rover Defender 130: R$ 899.950, classificação E

Maserati Levante MHEV plug-in hybrid: R$ 900.204 classificação E

Mercedes-Benz AMG GLC43: R$ 624.900, classificação E

Audi RS 6 Avant: R$ 1.193.990, classificação E

Em teoria, os híbridos deveriam operar frequentemente no modo elétrico, especialmente em velocidades mais baixas ou em tráfego parado, o que reduziria as emissões. No entanto, alguns carros híbridos são equipados com motores a combustão maiores e mais potentes, que por si só podem ser menos eficientes e emitir mais CO2 do que um motor menor, como um 1.0 L.

Vale ressaltar que modelos populares e com motorização 1.0, como Renault Kwid, Chevolet Onix, Volkswagen Polo, possuem nota máxima na análise de realizada pelo Inmetro. Ainda assim, estão incluídos na restrição veicular do rodízio mesmo poluindo menos que os híbridos leves de luxo.

"Veículos elétricos e híbridos emitem muito menos poluentes do que com combustíveis fosseis, mas devemos levar em consideração que em veículos híbridos leves, apenas com regeneração de energia, a redução de poluentes é muito baixa e na legislação não fala isso", opina o especialista Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho, da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do IPEA.

"O que tem que ocorrer é um ajuste nas regras deixando apenas as tecnologias que efetivamente reduzem bastante as emissões de poluentes veiculares, lembrando que pessoas de poder aquisitivo mais alto podem comprar justamente um carro híbrido mais potente para ganhar a isenção do rodízio", completou.

Já Carlos Augusto Roma, diretor-técnico da Associação Brasileira dos Veículos Elétricos (ABVE) defende a isenção de todos os híbridos no rodízio municipal de São Paulo.

"Acho justo. Nenhum carro popular a combustão polui menos do que um PHEV no modo elétrico. O que se reclama é que alguns consumidores do PHEV não abastecem o veículo de eletricidade, e isso pode ocasionar uma maior consumo no modo híbrido, mas isso não é um problema dos incentivos e sim de instrução e comportamento da população", afirmou.

Novas regras e invasão dos híbridos

A regulamentação do Proconve L8, que entrará em vigor em janeiro de 2025, estabelece regras mais duras sobre emissão de poluentes, com reduções progressivas até 2031. Com essas normas, muitas montadoras devem lançar carros híbridos nos próximos anos para se enquadrar nos limites - o que deve impactar ainda mais no rodízio veicular em São Paulo, já que estes carros estariam isentos pela legislação atual.

UOL Carros questionou a Prefeitura de São Paulo e a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-SP) sobre o tema, mas informaram que não há estudos ou previsões que indiquem uma mudança nas regras do rodízio.

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