Quanto desvalorizam elétricos e híbridos chineses com pouco tempo de uso
Wandick Donett
Colaboração para o UOL
13/08/2024 13h08
Os carros eletrificados chineses têm invadido o mercado brasileiro, mas uma preocupação dos possíveis interessados é a desvalorização do modelo após cerca de um ano de uso.
UOL Carros fez uma pesquisa em sites como KBB e OLX durante uma semana e falou com revendedores em concessionárias dos Grupos Sinal, Vigorito, Carrera, Dahruj e Osten. O resultado mostra que modelos eletrificados seminovos apresentaram até 30% de depreciação, contra 20% dos carros a combustão.
A pesquisa mostrou ofertas para o GWM Haval H6 2024 1.5 AT 243 CV, com 9 mil quilômetros rodados, por R$ 189 mil. O modelo, que custa atualmente R$ 224 mil para um zero-km, é comprado por uma concessionária por R$ 163 mil. Já um GWM Ora Skin, que custa R$ 150 mil para um zero-km, é comprado o modelo 23/24 em uma revenda por R$ 121 mil e vendido por R$ 137 mil.
Um BYD Dolphin, modelo 23/24 com um ano de uso é comprado em média a R$ 111 mil e vendido a R$ 127 mil - o zero-km custa R$ 159 mil. Já um BYD Song Plus 23/23 é vendido como preço final a R$ 189 mil, mas nas revendas aceitam a compra por R$ 162 mil. Já o valor de um zero-km está em R$ 229.800
Estratégia de vendas
Marcelo Cruz é presidente do Sindicato dos Revendedores de Automóveis usados do Estado de São Paulo, e também da Associação dos Lojistas Revendores Autônomos de Veículos. As duas entidades representam juntas cerca de 15 mil lojas.
Ele afirma que "veículos chineses como BYD e GWM não sofrem do antigo preconceito contra carros chineses, porque mostram produtos de qualidade, e os híbridos têm encontrado menos resistência no mercado de seminovos, menor rejeição graças à sua depreciação mais branda e à percepção de serem uma 'ponte' entre os mundos combustível e elétrico".
Segundo ele, "híbridos representam fortemente uma opção menos arriscada do que elétricos. Para consumidores cautelosos, a estratégia é comprar barato do primeiro dono para conseguir vender barato ao segundo dono".
Oswaldo Feliciano Santos, proprietário da revenda multimarcas Feliciano, afirma que "o mercado precisa evoluir gradualmente para preparar melhor o 'segundo cliente' - aquele que busca preço associado à qualidade premium, mas que ainda não está totalmente preparado para a realidade dos carros elétricos, como a ausência de infraestrutura de carregamento em casa".
Marcas como BYD, JAC Motors e GWM têm trabalhado para superar o preconceito contra carros chineses e, diante dos números aquecidos de vendas, conseguiram oferecendo produtos premium que desafiam as expectativas. Segundo o Sindiauto, questão não é mais a qualidade dos produtos chineses, mas a revenda de seminovos persiste, com a infraestrutura de carregamento e a preparação do mercado ainda em desenvolvimento.
Cruz reconhece a necessidade de educar e preparar o mercado para a transição elétrica. "Isso inclui garantir que os compradores de segunda mão tenham acesso à infraestrutura de carregamento e compreendam os benefícios a longo prazo dos veículos elétricos".
Queridos entre seminovos
Um estudo produzido pela plataforma Instacarro no primeiro semestre de 2024 revela as marcas queridinhas seguem sendo: Chevrolet, Hyundai e Volkswagen, com 13,3%, 11,8% e 11,7% das vendas da plataforma.
Entre os eletrificados, o queridinho híbrido dos seminovos da plataforma é o Toyota Prius, que nem mais é vendido como zero-km, mas que teve aumento de 200% em vendas entre os seminovos.
A montadora brasileira Caoa Chery ganhou destaque conquistando o pódio de marca "chinesa" mais vendida na InstaCarro, com valor de desvalorização de 8% em relação à Tabela Fipe.
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